Medo
Para você que iniciará essa leitura, quero esclarecer que essa é uma obra de ficção, completamente criada por minha mente. Os lugares citados são na maioria, reais, com algumas modificações a guisa de complemento.
As patentes militares, citadas durante a estória, não correspondem a alguém real, é só uma forma de identificar autoridades sobre as pesquisas.
Caso haja alguma semelhança com fatos reais, é mera coincidência.
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Todos os dias pela manhã, eu saio para caminhar pela orla da lagoa. Mas hoje resolvi apenas sentar e contemplar a beleza deste lugar.
Meu nome é Melissa, mas me chamam de Lissa. Tenho 28 anos e moro de frente para a lagoa. Meus pais já faleceram. Minha mãe faleceu a apenas um ano. Ela me deixou o apartamento em que moramos a maior parte da minha vida, e também me deixou um seguro de vida. Com esse seguro eu montei um negócio.
Arrendei um quiosque na orla, em frente ao posto de combustível e ao pequeno comércio local. Montei em casa uma estrutura para fazer pastéis. Comecei a vender e tem dado certo. Compro sucos naturais de uma pequena fábrica local e alguns doces de uma vizinha. Assim todos tem uma renda, mesmo pequena.
Na alta temporada, é muito lucrativo, trabalhamos quase a exaustão, mas fora desse período, precisamos contar uns com os outros.
A lagoa sempre foi tranquila, porém a alguns dias, houve uma tempestade e um raio atingiu uma área da lagoa. Achamos estranho, pois não tinha nada lá para atrair um raio.
A maré subiu e ondas atingiram a rua e os pássaros que sempre estão por aqui, sumiram.
É, as coisas ficaram estranhas.
Costumo caminhar todos os dias às sete horas da manhã. Foi numa dessas manhãs, depois da tempestade em que caiu o raio na lagoa, que senti que alguma coisa estava errada.
Já tinha percorrido a orla, por todo lado direito, de frente pra minha casa, estava voltando e já passei pelas casas do lado esquerdo.
Dobrei bem lá no final e continuei, não dá pra ver da estrada, mas tem mais casas daquele lado. Inclusive, em frente a uma delas, tem um deque, que adentra a lagoa, com uma escada no final e lugar para ancorar pequenos barcos ou botes.
Neste dia específico, fui além, sempre pela beirada. Cheguei ao final dessa pequena praia, quase particular, mas continuei andando. Do meu lado esquerdo, tinha uma vegetação cerrada de beira de mar e do lado direito, já era a lagoa. O caminho estreitou mais e começou a molhar meu tênis, foi aí que aconteceu...
Olhei pra trás e não dava mais pra ver as casas, nem ninguém e para frente, só água e arbustos. Senti um arrepio por todo meu corpo e me dei conta do quanto estava sózinha ali. Senti como se estivesse sendo observada, comecei a voltar, de costa, bem devagar, pra não cair na água. Olhei em volta, mas não vi nada nem ninguém. Senti medo.
MEDO!!!!
Não sou pessoa de sentir medo, mas comecei a andar mais rápido, ansiosa, angustiada, querendo sufocar, com "medo".
Saí rápido dali, terminei meu trajeto, direto pra casa. Tomei um banho morno, pra tentar desfazer o mal estar nos nervos. Me sequei, coloquei uma roupa confortável, que desse pra eu ficar em casa, mas também sair sem me sentir envergonhada. Mas não resisti e deitei encolhida na cama.
Ainda bem que o dia estava mais fresco e eu já tinha deixado pronto um bom estoque de pastéis. A geladeira do quiosque já estava abastecida e Célia entregaria os doces mais tarde.
Então pude relaxar um pouco, talvez desse até pra fazer um bolo mais tarde.
Nem percebi que dormi.
Acordei já eram três horas da tarde. Costumo abrir o quiosque as seis.
Levantei rápido, dei uma ajeitada na cara e fui comer alguma coisa. Fiz rápido um bolo de chocolate com cobertura, num tabuleiro e deixei esfriando.
Comecei a arrumar as coisas que levaria pro quiosque no carrinho, deixando por último o bolo.
Não posso esquecer nada, pois depois não posso sair de lá pra vir buscar. Pelo menos tem um banheiro atrás do quiosque. Na alta temporada, contrato o filho da Célia pra me ajudar e as vezes, a própria Célia também vem e aproveita pra vender mais doces.
Depois de ajeitar tudo no quiosque e vestir meu avental, levantei as janelas e coloquei o expositor de doces no balcão. Lá vinha ela com a cesta de doces. Eram doces finos e também os mais queridos: os brigadeiros.
Ela me ajudou a arrumar no lugar, enquanto eu cortava o bolo, ainda estava um pouco morno, precisei esperar mais um pouco.
Já havia ligado a fritadeira e espalhado os pastéis nas bandejas, de acordo com os sabores.
Foi quando chegaram os primeiros fregueses.
Célia já tinha ido.
- Boa noite, sejam bem vindos ao quiosque do pastel, em que posso servi-los?
- Boa noite, acabamos de chegar na cidade e estamos com fome.
Não sei como eles me interpretaram, pois eu estava quase paralisada. O homem é liiiinnndoooo!!!
Sabe aquela música: " Moreno alto, bonito e sensual..." Pois é, esse mesmo. Ainda bronzeado, cabelos curtos e barba rente bem aparada, tipo modelo de revista. Uau!!!