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Capítulo 4

Lissa

Estou mais um dia abrindo meu quiosque. Hoje enfeitei do lado de fora com algumas flores artificiais.

O bolo é de laranja com calda de laranja e cobertura açucarada. Fiz os pastéis de carne seca. Espero que tenham boa saída, pra valer a pena o preço que paguei na carne.

Vou perguntar se eles gostariam de uma refeição simples, um bobó de camarão, panquecas, massas, bife com fritas... Quem sabe? Se eu conseguir vender, umas dez refeições por dia, me ajuda nesse inverno.

- Oi Lissa!

- Oi Célia, tudo bem, entra logo - mais cedo, ela disse que tinha novidades.

Ela entrou e assim que chegou pertinho de mim, perguntei logo,

- Qual a novidade - olhei o rosto dela sorridente e senti que era coisa boa.

- Tem dois biólogos na cidade, vieram pesquisar o progresso da lagoa. Um deles almoçou lá na minha irmã hoje e conversou com o Jonas. Imagina que ele foi contar pro moço, sobre as estórias que tão dizendo por aí, sobre a criatura da lagoa.- finalmente ela parou pra respirar.

- Respira Célia, toma um copo d'água,- peguei um copo de água mineral na geladeira e dei pra ela. 

- Olha só, eu já conheci os biólogos, eles estiveram aqui ontem e devem estar pra chegar. Disseram que voltariam hoje.- Olhei em volta pra ver se já não estavam por ali e continuei.

- Mas que estória é essa de criatura?- cruzei os braços e encostei a lateral do quadril no balcão, ficando de frente pra ela.

- Os pescadores é que tão falando. Dizem que parece um homem peixe e que apareceu depois da tempestade.

Lembra do raio que caiu, disseram que mexeu alguma coisa lá embaixo e que a maré ficou muito forte e fez entrar muita água pelo canal. Por um lado foi bom, trouxe muitos peixes e pelo jeito, homens também.

Ela caiu na risada e voltou a arrumar os doces no expositor.

Escutei barulho de passos e me virei pra fora, lá estava o Matheus parado, nos olhando e Nilton chegando. Matheus olhou sério pra Célia.

- Você acredita nessas sandices, isso é fantasia desses matutos que não tem o que fazer.- olhou pra mim e já fez seu pedido.

- Quero pastel de palmito e bolo de... é laranja né? O cheiro tá ótimo.

Enquanto ele falava, já tinha posto o pastel pra fritar.

- O bolo é pra viagem? E pra beber - perguntei logo, me despedindo em silêncio da Célia, que foi saindo de fininho.

- Hoje vou comer aqui mesmo e o suco é de limão. Obrigada. Vou esperar sentado.

- Ok. E você Nilton, vai querer o pastel de carne seca?

- Hunmmm! Que bom que você fez!

Quero dois e um de calabresa. Suco de  goiaba e uma latinha de água tônica.

Enquanto ele falava, coloquei o pastel do Matheus na cestinha e o bolo no pratinho, peguei o suco na geladeira, pus tudo numa bandeja e coloquei os pastéis de Nilton pra fritar, fui rápido levar o pedido na mesa. Voltei a tempo de virar os pastéis e ficar dançando com eles na fritadeira, mexendo com a cesta. Tirei e coloquei pra escorrer, preparei a cestinha, coloquei os pastéis nela, peguei o suco e a latinha e pus no balcão, tudo sobre uma bandeja e entreguei a ele.

- Uau, você é bem ágil! Obrigada, vou sentar. Embrulhe quatro pedaços de bolo pra viagem, por favor.

Embrulhei os bolos e fui até a mesa conversar com eles.

- Boa noite! Gostaria de falar com vocês. Posso?- olhei para os dois, esperando resposta.

Matheus olhou pra mim com fúria.

- Se for sobre criaturas na lagoa nem precisa falar.- homenzinho arrogante.

Olhei pra ele com a maior calma do mundo.

- Não é sobre isso não, mas aproveitando o assunto, quero lhe dar um esclarecimento: esse quiosque é meu, não tem dívidas e os impostos estão em dia. Tudo que forneço aqui, na verdade é uma troca, eu tenho o produto e quem quer, paga por ele. O que eu converso ou quem entra no meu estabelecimento, é assunto meu e não lhe dou liberdade para se meter nele. Nunca mais se meta em assunto meu ou de minha amiga e pra nós, matutos, são pessoas mal educadas que não sabem se comunicar.

Falei tudo isso sem me alterar e como se nada tivesse acontecido, deixei de olhar a boca aberta do arrogante e olhei pro Nilton.

- O que eu vim falar com vocês, na verdade, é uma oferta. Pensei em fazer um jantar simples pra vocês, pra não ficar só no pastel. O que acham - pergunntei. Só então olhei de novo pro outro.

Matheus estava incomodado, não esperava uma descompostura, logo da vendedora de pastel. Estúpido.

- Por mim tudo bem, desde que eu aprove o cardápio, tenho o estômago sensível. - disse com toda empáfia do mundo.

Affff  nem sei se vou aguentar esse mané. Pensei.

- E você Nilton?- falei me virando pra ele.

- Eu quero sim, confesso que já estava pensando em procurar uma churrascaria - falou e caiu na risada.

- Então amanhã farei panquecas, que tal?

O senhor sensível, deu um sorriso e falou baixinho- adoro panquecas.

- Vou adorar Lissa, obrigada. Mas não se preocupe, o que vier, eu traço - falou Nilton e sorriu, limpando a boca com o guardanapo.

- Já terminei, vê minha conta - como ele devorou os três pastéis e eu nem vi?

Terminei o atendimento deles e dei tchau.

Amanhã começaria uma novidade no meu negócio, precisava fazer propaganda. Mais um dia maravilhoso!

OBRIGADA DEUS!!

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