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Capítulo 6 — Vivendo um sonho

Mikhail

Aí chegar em casa, me deparei com os quadros quebrados, algumas peças de roupas rasgadas e jogadas no chão e minha noiva bêbada no sofá.

— Pode me dizer que merda está acontecendo, Cristina? — Gritei descontrolado, já não estava mais suportando seus ataques de raiva sem motivos.

— Acontece que eu estou cansada, Mikhail. Você sempre me trata como segunda opção, estou farta de servir a você somente como um brinquedo. Estou farta de tudo isso. Será que quando a gente casar, vai continuar sendo assim?

— Não quero ter essa conversa agora. Estou cansado e preciso descansar, tive um dia longo e não estou afim de conversar com você sobre isso agora. — Ela arremessou uma garrafa de uísque em minha direção que só não me acertou porque eu me abaixei rápido. — Controle-se mulher. Estou de saco cheio de você. Além de ser uma pessoa fútil, você também desequilibrada e um grande pé no saco. Pode até ser bonitinha, mas eu preciso de algo que vá além disso, preciso de uma mulher responsável ao meu lado e se você não controlar esses deus ataques de ciúmes sem noção, não vai ter casamento e pedirei que a levem para a casa dos seus pais o mais rápido possível.

Segurei seus pulsos firme, fazendo ela se contorcer e cair de joelhos no chão.

— Não me subestime ou queria brincar comigo, sou homem e não um moleque mimado. Não sou igual aos homens que você estava costumada a se envolver, está me entendendo? Posso ser bem pior do que você imagina. — Soltei seus pulsos e a joguei no sofá, vendo seu olhar de apavoro se cruzar com o meu de poucos amigos.

Agradeci a Ella por tudo que tem feito nesse últimos dias e segui direito para o banheiro. Enfiei a cabeça debaixo da água fria do chuveiro, na tentativa de esfriar a cabeça um pouco. Cristina continuou com seu ataque de ridicularidade, espero de coração que amanhã ela esteja controlada porque eu não estarei.

Donna

Não consegui dormir, a ansiedade estava tomando conta de mim e eu não vejo a hora de começar a trabalhar. O relógio marcava 04:37 quando Dominic acordou.

— Bom dia, filho. — Beijei sua testa e o peguei no colo, ele esfregava os olhos e o berrava o lugar. — A gente tá vivendo um sonho, meu amor. Mamãe finalmente vai poder te dar uma vida melhor. Mamãe vai poder te proporcionar coisas boas, que toda criança merece ter.

Dominic é minha fonte de energia. Quando descobrir a gravidez fiquei sem chão, mas quando vi seus olhos pelos primeira vez, senti o amor mais puro em mim e desde então não consigo me imaginar sem ele. Não fui atrás do homem em que me envolvi naquele noite, desde então, não tive mais encontro com ninguém. Jess acha que eu preciso de um namorado, mas digo que ela está errada, mesmo sentindo falta de um companheiro nas noites frias. Agasalhei Dom e liguei para recepção, pedi que mandassem o café da manhã. A batida na porta me fez levantar, fui atender na esperança de que fosse o café da manhã, mas era a moça de ontem a noite.

— Bom dia, senhorita Donna. Está pronta para conhecer sua casa? Desculpe-me o horário, mas são ordens do chefe. — Ella estava vestida elegantemente, parece uma gueixa com suas vestes tão perfeitas e cheia de cores vibrantes.

— Bom dia, senhorita… — Ela me olhou e disse que poderia lhe chamar de Ella. — Ella, se importaria em me esperar tomar um banho e comer algo? É que meu filho ainda não comeu e eu também estou com…

— Sem problemas, mas podemos tomar café em uma cafeteria maravilhosa que tem há duas quadras daqui. Assim você conhece a cidade e eu posso me apresentar melhor, desculpe por ontem, tive um dia péssimo e me apresentei mal.

Ela sentou-se e Dominic foi direito para o seu colo, ela o pegou e começou a brincar com ele.

— Eu adoro crianças, se eu pudesse teria uma casa com umas cinco. — Ela levou ele e o beijou no alto, o fazendo rir com suas brincadeiras e beijos. — Acho que vamos ser melhores amigos, Dom.

Aproveitei que ele estava distraído brincando com Ella e tomei um banho rápido, vesti uma roupa adequada e estava pronta. Estávamos quase saindo, quando alguém bateu na porta e deixou o café da manhã ali.

— Eles nunca esperam a gente abrir a porta, e se não tiver ninguém? — Ella puxou o carrinho e colocou dentro do quarto. Estou faminta, mas nada que eu não possa esperar.

Descemos pelas escadas, eu preferia assim, a não ser que fosse algo muito urgente que não pudesse esperara. Dom estava inquieto, e eu já estava cansada.

— Sabe, senhorita Donna, fiquei surpresa quando aceitou mudar-se para cá. Geralmente as pessoas amam Nova York, embora eu nunca tive o prazer de sequer ir visitar. — Não é possível! A mulher parece que dorme no dinheiro e nunca foi lá? Eu é quem nunca pensei um dia morar na Rússia ou melhor, trabalhar na Cyndi.

— É sério? — Ela me olhou empolgada e afirmou que sim. — Mas lá também não é essas coisas, acho que não sentirei falta. Quem sabe quando eu voltar algum dia, vamos juntas! — Supus e ela sorriu feliz.

— Então, Dominic. O que você gosta de comer? — Ela abaixou e o pegou no colo, bagunçando seu cabelo e tocando na pontinha do seu nariz.

— Nachos! — Dom levantou a mão e disse alto. Ele é falante, tenho dó dela se pegar intimidade com meu filho e ter que responder suas incansáveis perguntas repetidas.

— Ótimo, vamos ao restaurante mexicano na hora do almoço, agora vamos comer que eu também estou faminta. Acredita que nem dormir ontem à noite? Nosso chefe tem uma noiva que é um demônio. — Olhei confusa e ela não entendeu se eu estava ignorando o que ela estava dizendo ou não estava entendo nada. — Perdão pelas minhas palavras, mas você vai entender o que estou falando quando presenciar com seus próprios olhos.

— Se você está dizendo, pode ter certeza que eu acredito..— Afinal, o que não falta por aí são pessoas infelizes, tanto homem como mulher.

Conversamos bastante enquanto ela me apresentava alguns chás, geleias e torradas (que tem nomes chiques demais). Ella é tagarela, mas nunca fala mais do que deve dizer. Além de ser gentil comigo, ela já ganhou um lugarzinho no meu coração pela feição que teve com Dom. Dessa vez, não estávamos indo de táxi, mas em seu próprio carro que era nada mais, nada menos que uma ferrari.

— Olha, a gente não saiba que você iria trazer seu filho, por isso a babá que contratamos vai começar somente amanhã. Esperávamos que você começasse a trabalha amanhã, mas vocês duas ainda tem que se conhecerem. — Como eu posso reclamar? Já sou grata o suficiente pelo que estão fazendo por mim, nunca encontrei uma empresa desse tipo, que ajuda uma mãe solteira, sempre vi o contrário.

Seu celular bipou e ela olhou a notificação na tela e voltou a me olhar.

— Mudança de planos, a queria já está na sua casa, apenas nos esperando. Amanhã mesmo você começa. Está ansiosa? — Respirei fundo e não contive o sorriso que não estava mais cabendo dentro da minha boca.

— Eu estou muito feliz. Nunca pensei que um dia estaria trabalhando na Cyndi.

Finalmente chegamos… o grande portão parecia que guardava um condomínio ali dentro, mas a verdade é que só tem uma casa enorme no centro de tudo aquilo, com o mar logo abaixo das escadas que eu vou ter acesso. Eu estou vendo o paraíso em minha frente — alguém me belisca! — e foi isso que Ella fez, me beliscou no braço e arregalou os olhos quando eu a olhei.

— Vamos? Temos que cadastrar suas digitais nos portões e portas. — Nada saiu da minha boca, estava completamente admirada com tudo que estava vendo.

Dominic correu quando o coloquei no chão. Iria correr atrás dele e o segurar, mas Ella disse que era seguro e que não havia mais ninguém além de nós e da babá ali dentro. Dafne, uma jovem alegre e entusiasmada, ela seria a babá de Dominic e agora acho que terei com quem conversar aqui dentro.

— Neste caderno estão todas as anotações que precisa saber. Os horários da escola do seu filho, os dias de aulas de Russo, aulas de músicas e afins… se quiser incluir alguma programação basta apenas dizer e adicionar nas planilhas que encaixamos tudo, sem burocracia.

Estava sem dúvidas sonhando… queria saber o que Jess fez para que eu conseguisse essa vaga, tenho certeza que ela tem alguma coisa haver com isso. Agradeci a Ella por toda recepção que ela estava me dando e por toda atenção e depois nos despedimos. Ela disse que nos buscaria para almoçar no restaurante mexicano, como prometeu ao Dom.

— Senhorita, espero que tenhamos uma boa relação. Eu adoro crianças, saiba que faria o que puder para agradar o pequeno Dominic. — Mesmo tão jovem, Dafne é tão modéstia. Penso que eu não tenha tido mais oportunidades.

— Com certeza iremos ter. — Respondi abismada com a vista que eu tinha dali de cima. Era impressionante tudo aquilo e a casa então…

O piso é de mármore, a sala de jantar tem uma mesa para 12 pessoas, a sala de estar é do tamanho da minha antiga casa, não, é bem maior que a minha antiga casa. Meu quarto é algo que eu sempre sonhei, e agora meu filho também tem o seu. Me joguei feliz e contente no puff enorme que tinha ali, bem no meio da sala, enquanto Dafne me olhava sem entender nada.

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