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Dios! Não posso permitir que meu desejo me domine.

Eu assinto para ele e caminho até o banheiro sentindo os olhos dele sobre mim.

Depois de uns dez minutos, saio da lanchonete em direção ao estacionamento, prendo a respiração quando o avisto.

Ele está em pé, encostado ao carro. Uma perna cruzada sobre a outra. O chapéu de cowboy abaixado por causa do sol de um jeito muito sexy. O colarinho aberto revelava a pele morena e macia do pescoço e os pelos castanhos claros em seu peito forte. Os músculos das coxas aparecem debaixo da calça um pouco justa. O braço bronzeado peludo.

Deus! Esse homem é....lindo.

Sinto imediatamente uma fraqueza tomar conta de meu corpo e o desejo de despertar nele as mesmas sensações que ele desperta em mim torna-se quase irresistível. O que há nele que me atrai tanto? Penso quase desesperada.

Ele não está sendo nem um pouco simpático, embora passei a infância atrás dele. Suas feições fortes e atraentes, me olham sempre carrancudo. Por que então eu estou babando por esse brucutu?

Miguel ergue a cabeça e então reparo no cigarro em sua mão. Detesto esse vício. Ele o joga antes de tomar a direção. Eu dou a volta no carro e dessa vez ele abre a porta por dentro para mim e não precisei fazer força na maçaneta dura da caminhonete velha.

As nuvens começavam a se formar sobre as colinas. Com certeza choverá no fim de tarde. Já dá para ver os raios de vez em quando cortando as nuvens.

—Que bom, vai chover. Está muito calor.

—E será uma chuva daquelas. —Miguel diz pensativo.

O carro avança, o sol ainda cobre a paisagem que se torna cada vez mais selvagem e menos habitada. As fazendas começam a aparecer, com uma grande distância entre elas.

—Eu amo essa paisagem. Você foi algum dia para Londres? Conhece a selva de pedra?

Miguel relanceia seu olhar para mim.

—Conheço sim. Já visitei um parente. Não sou tão caipira assim como pensa.

Eu meneei a cabeça ainda perplexa com sua atitude.

—Não foi essa a minha intenção quando te perguntei. Só perguntei por perguntar. —Eu digo e aperto meus lábios.

Ele não diz nada e volta sua atenção para a estrada e graças a Deus estamos chegando.

Não vejo a hora de ver meu pai, meu irmão, Maria.

Quero então tomar um banho e tirar esse calor.

Miguel

Eu a observo em secreto. Há algo diferente nela, reparei nisso desde que eu coloquei os meus olhos na sua linda figura.

Ela cresceu...aquela menininha se foi. Não parece mais a garota que vivia atrás de mim na fazenda e que eu sabia tudo sobre sua vida e ela da minha. Meus olhos descem para seu colo branquinho e o formato de seus seios evidenciados pela camisa um pouco justa que ela usa. Firmes, no tamanho exato para caber na palma da minha mão.

Minha respiração se intensifica, meu coração se agita no peito e uma onda de culpa me aperta então o estômago. Com dificuldade desvio meus olhos dela.

Foi um baque quando a reconheci na rodoviária. Ela ainda tem em seu rosto aquela docilidade de tempos atrás e que tanto me atrai. Quando seus olhos azuis, os mais lindos que eu já vi na vida, marcados hoje com a leve maquiagem pousaram em mim, eu não pensei em mais além da grande vontade de beijar seus lábios cheios e delicados.

Na hora me repreendi.

Ver a jovem Laura surtiu o efeito de fogo me queimando.

Forte demais.

Devastador.

Quase incontrolável.

Se ela pudesse ler meus pensamentos, eu estaria ferrado.

Dios! Não posso permitir que meu desejo me domine. Tenho que conter esse reboliço, extinguir essa chama.

A imagem dela ainda está fresca na minha cabeça a forma como ela se mexeu desconfortavelmente no banco da rodoviária, a como colocou atrás de sua orelha a mecha loira que estava sobre seu rosto.

Eu não posso alimentar nada por ela. Digo a mim mesmo novamente.

Aperto com excessiva força o volante.

Minha geração passou anos e mais anos servindo a família Graham. Além de tudo, eu sempre ouvi direto a conversa de Mark Graham, o pai de Laura, com os pais de John Reynolds. A vontade deles é unir as famílias.

John é um playboy boa pinta, cinco anos mais novo que eu. O sonho dessa união é coisa antiga. Tudo porque o lago pedra Alta está secando e futuramente teremos que usar o rio que pertence à família de John para dar de beber ao gado. Com essa união se unificaria as duas propriedades e seria extremamente vantajoso para a família Graham. Além disso, John é considerado pelo senhor Graham, um homem cheio de virtudes. O cara estudou agronomia e o diabo a quatro.

Quem era Miguel Álvares, se não um simples capataz, que estudou até o primário em relação a esse cara?

Não, definitivamente, Laura não é para mim... por isso, quero me manter distante dela. Para que ela definitivamente se afaste. Que pense que sou um ignorante, um cara insensível, um bruto. Laura é humana demais, aliás, como a família dela. Eles nos tratam como se fôssemos da família, se eu não colocar limites, eu perderei a cabeça e sairei machucado nessa história.

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