Capítulo 5 — Negócios São Negócios
Roberto
A movimentação estava tensa. Muita gente falando ao mesmo tempo e as empregadas já estavam servindo, mas, onde está Louise?
— Ju, onde está a novata? — Segurei ela pelo braço e a mesma me olhou com um olhar repreensivo.
— Seu amigo não te disse? — Juliana tinha insatisfação em sua voz e um semblante de raiva.
— Me disse o quê? — Franzi o cenho e continuei a encarando.
— Ele não a quer nem mesmo servindo, segundo ele, ela não irá causar boa impressão aos convidados. Eu tentei conversar com ele, mas não tem acordo.
— Tem certeza que é só isso mesmo? — Soltei ela e fui em direção ao Maurício.
— Se quer mais informações pergunte ao próprio!
Por incrível que pareça, Norely estava conversando com alguns homens que mantinha toda atenção focada nele, enquanto Maurício conversava com Ana.
Olhei rápido para a porta onde estavam entrando mais alguns homens acompanhados com as garotas que Maurício lhe oferece como acompanhantes e vi Parkinson escondido atrás das cortinas, de certo para ver se sua filha está entre as garotas. Me aproximei de Maurício e roubei sua atenção discretamente, fazendo com que Ana saísse de perto dele, um pouco chateada com a situação.
— Espero que tudo saia conforme planejamos hoje, já houveram incidentes demais por aqui em tão pouco tempo! — Maurício diz sem nenhum pensamento antes. Acho que já tá rolando coisas demais nesse coração.
— Se não está afim de mais um é melhor ir ver o que o Parkinson quer, observando atrás das cortinas. Por que não deixou que Louise se juntasse às outras? Seria mais agilidade, não acha? — Sem nem fazer questão em me responder ele caminhou rápido indo de encontro ao Parkinson, que para um homem sem dinheiro estava vestido até bem demais.
Maurício
— O que faz aqui seu verme? Quer arruinar meus negócios assim como fez com a vida da sua filha, infeliz?
Minha vontade era de socar a cara do desgraçado até que ele estivesse desfigurado, mas eu tenho que manter meu autocontrole em dia ou vou fazer merda com muita gente aqui, inclusive Norely é uma delas.
— Eu vim a negócios Maurício. Sabe, eu não imaginei que você era um homem com tantos negócios assim, não se envergonha de vender essas garotas como mercadorias apenas para ter lucro em cima delas? – Um bom samaritano, será?
— Enfia sua ironia no meio do seu traseiro e fala logo o que veio fazer aqui, seja breve por favor, não tenho a noite inteira.
— Eu vim negociar minha filha, Maurício. Te trouxe a grana que estava faltando e a quero de volta, eu pago com juros! Ela não é uma mercadoria.
— Isto é uma piada? — Um meio riso escapou dos meus lábios porque foi realmente engraçado a forma que ele falou. — Fizemos negócios, Parkinson, eu não sou homem de voltar atrás. Jamais terá sua filha de volta e nem irá mais vê-la, então se veio aqui a negócios eu te receberei de braços abertos, caso contrário eu irei pedir que se retire por vontade própria.
— NÃO! O que vai fazer com a minha garota? Não foi esse o acordo que fizemos! — Seu tom de voz fez com que os outros nos olhassem.
— Sim, foi este o acordo que fizemos. Você me deu ela como pagamento de suas dívidas e eu fiz um favor em aceitar, porque não me trará lucro de absolutamente nada. E quer saber mesmo o que eu vou fazer com ela? — Sorri de canto e o vi engolir em seco. Como dizem: quem cala consente.
— Por favor, não a machuque. Louise é boa demais para viver nesse mundo. Espero que algum dia você repense seus atos… — Depois do seu discursinho de merda, Parkinson saiu…
O salão estava cheio e de fato eu senti que faltava algo ali entre nós, e era Juliana, ela já não estava mais ali. Parkinson se serviu com uma dose de tequila e sempre olhava para os arredores, sabendo que não iria encontrá-la por ali sossegou e por fim foi embora antes mesmo do leilão começar.
— Então, o que ele queria? — De onde Roberto saiu eu não faço a menor ideia, mas que ele é um pé no saco ah, isso ele é!
— Renegociar a filha! — Respondi virando a taça de champanhe que estava na mão.
— Você não vai fazer isso, vai?
— Sabe que eu não volto atrás quando dou minha palavra. Agora anda e vai procurar a Juliana, ela não pode sumir do meu campo de visão.
Voltei a minha atenção para os demais, há várias pessoas que eu sei que vão me dar bons lucros por hoje.
— Sr. Monroeli, sua mãe está no telefone e exige falar com você! — Suzan surge com o telefone na mão, usando apenas uma lingerie branca, ela é uma das mulheres que acomodam os convidados, lhes servindo e sempre dando atenção aos não acompanhados.
— Diga a ela que eu estou ocupado e assim que puder retornarei.
— Desculpe mas eu não posso fazer isso, já é a oitava vez que ela liga e não quer mais saber de desculpas…
Minha mãe quando insiste em uma ligação é porque a coisa deve tá feia mesmo.
Ligação Ativa
— Sua benção minha mãe. Sabe que eu estou ocupado!
— Deus te abençoe meu filho. Agora me conta que história é essa de manter uma garota trancafiada apenas por ela não ser igual às outras em sua aparência física?
— Juliana já te ligou pra falar bobagens? A senhora sabe que negócios são negócios, e outra eu agora estou ocupado, posso ligar outra hora?
— Óbvio que não, não foi essa a educação que eu te dei Maurício. Agora tenha a decência de descer e abrir a porta para sua mãe que já está ficando velha e não aguenta ficar esperando por muito tempo. – O que deu na cabeça dessa mulher de vir até aqui a esta hora da noite em um domingo?
Ligação Inativa
Desci a contragosto, sem avisar a ninguém sobre sua chegada porque ela sempre causa algum impacto querendo ou não. Afinal, qual é a mãe que vem de perto ver no que o filho é envolvido e como se isso não bastasse ainda dar palpite no que eu devo ou não fazer?
Lá estava ela, sentada na poltrona com assento de couro, tragando um charuto e sorrindo ao me ver descer.
— Você nunca mudou! Agora ande, me ajude a subir que eu tenho muitas coisas a serem ditas hoje. Inclusive diga ao Roberto que me traga um drink da bebida mais forte que vocês tiverem aqui.
— A senhora não vai beber e também não vai arruinar nada aqui. Se quiser conversar pode ir para casa que quando tudo aqui acabar eu vou embora também. — Tentei, mas nada a faz mudar de opinião e é assim desde que eu me entendo por gente.
— Olha aqui, eu sou sua mãe, não alguma vadia dessas que você pega pra vim me dizer o que eu devo fazer. Eu deveria ficar aqui só por causa disso, mas estou cansada e quando você chegar vai ouvir…