CAPÍTULO 03 - FIEL SECRETÁRIA
— Me atualize! — Patrik ordenou, voltando sua atenção para a janela do carro, enquanto eu me sentava à sua frente na limusine, observando-o com atenção.
— Certamente. A reunião que teremos hoje é com um potencial autor, Phil Sam. Suas primeiras obras foram lançadas digitalmente, e o cliente tem o desejo de expandir para o formato físico. Phil é um candidato excepcional, com uma escrita fascinante e uma mente criativa. Acredito que, com a orientação da sua editora, teremos uma descoberta significativa para o mercado literário! — Expliquei com entusiasmo. Phil era um amigo próximo que estava ganhando destaque no mundo digital, e não hesitei em ajudar nesse encontro.
— Não foi isso que eu quis dizer, Senhorita Lis. — Patrik voltou seu olhar para mim com um sorriso provocativo nos lábios — Atualize-me sobre o seu livro. Não consegui terminar de ler o último capítulo!
Meus olhos se arregalaram, senti o rubor imediatamente tomando conta do meu rosto, e minhas mãos ficaram frias. Engolindo o nó na garganta, encarei-o:
— Estamos a caminho de uma reunião importante, Senhor. Talvez devêssemos nos concentrar no trabalho. — Forcei um sorriso, mantendo a postura profissional.
O CEO inclinou o corpo para frente, ficando perigosamente próximo dos meus lábios, enquanto inspirava o meu perfume. Ao me encarar, seus olhos refletiam uma mistura de luxúria e diversão perigosa.
— É exatamente isso que estou fazendo, Senhorita Lis. — Ele pegou uma mecha do meu cabelo, enrolando-a em seus dedos — Você é o meu projeto mais importante no momento, então me diga...
Aproximando-se ainda mais, sorrindo, Patrik chegou ao meu ouvido e sussurrou:
— Como termina aquele banho dos seus personagens?
— Isto... Você... — Mordi os lábios nervosa controlando a vontade de socar o meu chefe — Podemos por favor, não falar nisto?
— E que tipo de professor eu seria se não perguntasse o final do seu dever de casa? — A ousadia estampada na cara do CEO me deixava ainda mais vermelha, podia sentir seu hálito fresco de tão próximo que estávamos.
O carro parou em frente a empresa, fiz menção de abrir a porta do carro para descer, mas ela seguia trancada e o motorista nos olhava pelo retrovisor.
— Por que ele não destranca a porta? — Falei ríspida
— Este carro só se abrirá quando eu der a ordem. — Recostando-se no banco, Patrik me encarava com os olhos semicerrados — E isso só acontecerá depois que me contar o desfecho!
— Você não pode fazer isso! — Exclamei, sentindo que a lógica estava perdendo seu sentido naquele momento — Estamos prestes a nos atrasar para a reunião.
— Isso não seria benéfico para a imagem da nossa editora, SoundStory Press — Assentindo, ele manteve a expressão firme — Sugiro que comece a ler para evitarmos o atraso!
Ficamos nos encarando em uma batalha silenciosa; eu o conhecia o suficiente para saber que ele não cederia até obter o que queria. O tempo dentro de seu carro poderia se tornar um problema profissional para mim. O que diriam sobre a secretária que passa horas trancada no carro com o chefe, com as portas fechadas e vidros escuros?
Fechando os olhos, lembrei-me do motivo pelo qual estava me submetendo a isso. Não podia perder esse emprego, ou não teria como pagar pela casa de repouso da minha avó, que me criou com tanto amor. Lá, pelo menos, ela recebia os cuidados necessários para o Alzheimer.
— Se eu ler, Senhor Patrik, promete que não falaremos sobre isso nas próximas horas? — Falei contrariada, cerrando os dentes.
— Palavra de CEO! — Ele fez um gesto fazendo o sinal da cruz e beijando a mão de forma cínica.
— Ok! — Revirei os olhos, abrindo o notebook — Pode pedir ao seu motorista que feche o vidro entre nós? É constrangedor demais ler para o meu chefe, e seria demais se o motorista ouvisse também.
— Que rude da sua parte, Sra. Elisabeth. — Patrik advertiu severo — Greg é mais do que um motorista, é meu segurança pessoal e grande amigo!
— Respeito isso, Senhor, e não tive a intenção de ser rude. — Liguei o notebook, abrindo-o no livro — Mas, isso já é bastante desconfortável para mim.
Vi o CEO acenar com a cabeça para o retrovisor, e logo o vidro começou a subir.
— Obrigada! — Dei de ombros ironicamente — Em qual parte o Senhor parou?
— Ah, sim — Ele sorriu animado, arrumando sua postura ao inclinar o corpo para frente e cruzar as mãos — Deixe-me ver, foi na parte em que seu personagem a virou no vidro do box, abrindo suas pernas enquanto percorria os dedos por suas coxas subindo.
Jurava que meu tom corado tinha assumido uma tonalidade mais roxa, tamanha era a vergonha que estava sentindo. Aquilo era íntimo demais para ser narrado em alto e bom som!
— Senhor, eu poderia lhe encaminhar o arquivo para que pudesse ler na privacidade de sua casa. — Sugeri, tentando escapar da situação.
— E perder a chance de vê-la tão tímida? Nem pensar. — Seu tom imparcial estava mais firme e sério; erguendo os olhos com determinação, Patrik prosseguiu — Melhoramos quando escutamos o que escrevemos, damos vida às palavras, suas reações devem ser as mesmas esperadas pelos seus leitores. Então, Senhorita Lis, leia!
Com a mão trêmula, percorri o capítulo até a parte em que ele havia parado, ergui os olhos para ver se ele ainda me encarava e iniciei a narração.
— Seus toques hábeis e impiedosos eram um misto de experiências e sensações que eu nunca havia sentido, nunca havia sido dominada por nenhum homem até aquele momento. — Suspirei, mordendo os lábios — Seus dedos brincavam em apertos suaves e ousados em minhas coxas, percorrendo um caminho até a minha intimidade, me fazendo estremecer. Em uma massagem suave em meu ponto sensível, gemi, jogando o quadril para trás em busca de mais contato.
— Prossiga! — Os olhos cintilantes do CEO me deixavam ainda mais constrangida.
— Compreendendo meus sinais, ele aprofundou um dedo estocando; sua outra mão puxava meus cabelos de forma provocativa, enquanto sua boca mordia minha pele exposta, deixando cada lugar marcado por ele.
— Esta parte, não gostei. — Patrik suspirou.
— Desculpe, qual parte não é do seu agrado? — Arqueei as sobrancelhas, incomodada.
— O início deste capítulo tem tanta sedução, tanto fogo, mas na hora do contato... Não é assim que se faz com uma mulher! — Ele sorriu malicioso — Já esteve em uma situação assim com algum homem, Sra. Lis?
— O quê? — Arregalei os olhos, ainda mais tímida — Eu...
— É claro que não, se não teria mais intensidade neste momento ou talvez — Patrik se lançou para frente me surpreendendo enquanto mordiscava meus lábios de forma brusca, veio até a minha orelha — Os homens com que esteve não sabiam o que fazer com uma mulher como você!
— Como eu? — Sussurrei, espantada e curiosa.
Ouvi o som das portas destravando.
— Resolveremos isso depois; agora, vamos à nossa estimada reunião! — Ele saiu do carro como se nada tivesse acontecido, ajustando a gravata — Você não vem?
Patrik falou por cima dos ombros. Levei alguns minutos para me recompor e sair do carro sem encará-lo, seguimos em direção à empresa como o CEO e sua fiel secretária.