Cap. 7
— Você... E o Quinl, já tiveram alguma coisa?
— Hã! – Clara afastou seu corpo rapidamente e sem querer, seu braço bateu no vaso de Lady Sansa que foi ao chão, mais uma vez. Os dois abaixaram para pegar. — Eu posso fazer isso sozinha.
— E eu posso ajudar – Ela recolheu a planta e correu para a pia, pegou uma tigela qualquer enchendo de água e pôs a planta dentro.
— É a segunda vez que você cai hoje, e tudo culpa do vizinho – olhou para Max que voltou a colocar as mãos dentro do casaco. — Eu não tenho, e nunca tive nada com o Quinl, Max... – Passou por ele com uma vassoura e a pá, agachou-se para pegar a terra — Porque a pergunta?
— Ontem quando ele chegou vocês ficaram se olhando estranho, pensei que, por alguma razão, descabida, é claro, você pudesse gostar dele. – Clara limpou o lugar todo e jogou a terra dentro do lixo, guardou os acessórios e parou no meio da cozinha, onde Max estava. Olhou para os olhos dele novamente e deu um sorriso mínimo.
— Não gosto dele, não dessa forma. Quinl sempre foi gentil comigo, mesmo quando eu não respondia uma pergunta se quer. – Max assentiu, dando um passo à frente, a rosada não se afastou, porém, corou, corou muito. — Eu-e-eu, sinto vergonha de... Ele... no carro... Ta-tava... – Max estava tão próximo... — O que está fazendo?
— Eu estou com vontade de beijar você – Clara arregalou os olhos, e entreabriu os lábios porque por mais que algo na sua cabeça dissesse para não fazer, ela queria. Fechou os olhos esperando que acontecesse. Não moveu suas pernas, tão pouco fez movimentos ao ouvir a porta da frente se abrir.
— Max, você por aqui? – A voz de sua mãe não a trouxe de volta para a terra, continuava a olhar para Max.
Não era a primeira vez que ouvia isso de um garoto, porém, os olhos de Max mostravam uma sinceridade que nem em anos James podia ser capaz de mostrar. Seu corpo estava arrepiado, sua garganta seca, esses eram os efeitos que Max causava nela, mas agora, aquela sensação de borboletas no estomago, o rosto corado, as pernas tremulas e seu coração batendo acelerado...
— Clara, você está bem-querida? – Amélia se aproximou da sua filha, olhando de Max para ela que ainda se encontrava em estado de choque, encarava Max firmemente. — Clara.
— Oi – ela virou o rosto, subitamente para Amélia. Sorriu, sem graça, corada, nervosa, desconfiada. — Ainda não fiz a janta, desculpe.
— Não, querida! Tudo bem! Podemos comer fora, e se quiser, Max pode nos acompanhar – Saiu da frente da rosada que logo teve a visão de Max novamente, ele estava sorrindo, lhe olhando, não havia um traço de malicia, tão pouco, sarcasmo. Engoliu a seco.
— Você vai? – Clara perguntou, mas desviou o olhar abaixando sua cabeça. Será que ele percebeu que ficará animada com a ideia de ele ir junto?
— Eu queria ir, mas... Eu tenho que ajudar o Quinl com uma coisa muito importante – Os olhos de Clara se ergueram para ele. Max levantou sua mão para tocar no queixo da garota e piscou, virando as costas e foi embora, depois de pegar o livro no sofá.
Clara observou seu andar, suas costas, as calças acentuadas na cintura, os cabelos balançando... Ele queria lhe beijar?
Mas e ela, também queria beijá-lo? Talvez sim. Max era bonito, era quente, e confortável, agora sabia que podia confiar nele. O mesmo possuía o mesmo jeito de Amélia, de lhe acolher quando precisa. Aquele abraço lá fora, o brilho no olhar dele, os efeitos que causa em seu corpo. Sim, talvez ela também quisesse beijá-lo.
— No que está pensando? – Amélia abraçou-a por trás, logo lhe soltando para receber seu abraço caloroso de frente. Adorava sua filha, a amava de mais.
— Me sinto estranha, de um jeito que nunca me senti antes – Amélia sorriu, não contendo sua felicidade. E se, por acaso, Clara estivesse começando a gostar do moreno? Seria uma coisa maravilhosa aos seus olhos, mas antes de tudo isso, ela teria uma conversa muito importante com Max.
— É bom experimentar coisas novas, sabia? – Puxou o rosto de sua filha para cima e abriu um terno sorriso. — Se você tem algo para fazer, faça.
— Como... É beijar uma pessoa? – Amélia sorriu, abertamente. — Não que eu queira beijar alguém. E também, já vi em filmes, livros, mas... Qual é a sensação?
— Quando se beija quem ama, o momento, é simplesmente, mágico. Você esquece tudo que tem ao redor, naquele momento, existe apenas você, e a outra pessoa, no contato mais romântico que se pode ter com um parceiro. Você sente as pernas tremerem, borboletas no estomago, uma vontade enorme de continuar, até não parar mais. Sente está pisando na lua, de tão leve que seu corpo está, mas logo a falta de ar exige de você mais atenção. E os lábios se afastam. – Deu a melhor definição que podia para Clara. — Se algum dia, você beijar uma pessoa e não sentir tudo isso, não volte a beijá-la.
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Max voltou para casa, pensativo, analisando detalhadamente o que havia acontecido lá dentro. Oh, sim. Ele estava mesmo com vontade de beijar aqueles lábios finos e charmosos. De olhar mais profundamente para aquelas bochechas coradas que passou a amar.
Clara era linda, os cabelos pintados de rosa, suas roupas fofas, e sua coloração anormal, sempre que chegava perto. Nunca conhecerá uma pessoa tão fofa, dessa forma, e ela, com certeza, o atraia. Não de um jeito malicioso, não, longe disso.
Ele conseguia se atrair pelo sorriso lindo que ela mostrava. Não pelo corpo debaixo das roupas claras. Até mesmo seu olhar era carinhoso, seu jeito simplesmente de sorrir e falar, isso o atraia perdidamente, o deixando meio perturbado. Não passou nada em sua mente, a não ser, a própria vontade de beijá-la quando a avisou sobre.
Ah, se ele tivesse a oportunidade de tocar naqueles lábios, faria com toda vontade, carinho. Assim como ela merecia, percebera que a mesma era tímida, claro, todos perceberam, mas, além disso, Clara tinha algo que o deixava intrigado, porque, quando ao mesmo tempo ela queria fugir, queria alguém ao seu lado.
Percebeu isso com o abraço que deram ao se dar conta de que estava próximo.
— Ei! Você irá bater de cara no porte, se continuar a andar assim – A voz de Quinl chamou sua atenção. Acordou para a vida quando notou que já se encontrava um pouco longe da entrada de sua casa. Voltou, meio sem jeito. — Está vindo da onde?
— Da casa ao lado – Quinl olhou para a casa de Amélia e voltou a fitar Max. — Algum problema?
— Ela te... Falou alguma coisa sobre mim? – Indagou. Max estreitou os olhos.
— Que coisa? – Max se aproximou. O que eles dois mantinham em segredo? — Tem alguma coisa que eu precise saber?
— Claro que não. – Virou as costas para o irmão que entrou para sua casa. Max estranhou de novo. Ali tinha coisa, e ele iria descobrir.