Cap. 6
Max sentou no mesmo lugar do dia anterior; observou a cadeira de Clara vazia, e sentiu uma dorzinha se instalar ali. As pessoas não faziam questão de sua presença, ou sentiam falta, como podem viver assim? Uma colega de classe, é sempre uma colega de classe, deviam, no mínimo, ser amigas da rosada.
No entanto, as palavras de Francis sempre lhe vinham ao pensar na rosada. Ela tinha medo de se aproximar das pessoas, e ele tinha percebido isso quando tentou se desculpar. Mas talvez, se as pessoas conhecem realmente quem ela é, a acharia fofa, meiga, gentil e simples.
— Max! – O Oliver ergueu os olhos negros para encontrar os de Nicole Ambrouse, um azul tão profundo que fez os pelos de Max se arrepiaram quando a mesma abriu um sorriso gentil.
Não foi como há quatro anos, após se declarar para a loira dizendo o que sentia, e depois de tudo, ficou sabendo que a mesma era completamente apaixonada por seu melhor amigo. Fez um esforço para nada, para quem não merecia, e depois de quatro anos, Nicole estava ali na sua frente, mas bonita, gentil, sorridente, o cabelo havia crescido, assim como seu corpo em lugares que deixariam qualquer homem maluco, mas Max manteve a calma, ele não podia se quer, cogitar, gostar dela novamente, um fora, já é o bastante para tomar vergonha na cara.
— Fiquei sabendo que tinha voltando. É uma surpresa vê-lo na mesma sala que a minha. Coincidência, ou destino?
Max revirou os olhos, não era nenhuma, e nem outra. Nem mesmo pensou que ela estaria na mesma escola, quem dirá na mesma classe. Fez pouco caso, assim como nos tempos que em levou um fora, e ficou difícil conviver na mesma sala que seu amor, e amigo se pegando logo atrás.
— É meu segundo dia, em Seant, não perdeu nada. – Respondeu. Ela assentiu, sentou ao seu lado e olhou para frente.
Seu cabelo tinha crescido, os olhos estavam pintados de azul, para combinar com a saia e a camisa branca, de mangas compridas. Há cerca de quatro anos, Max estava louco de amores por ela, hoje, via apenas como uma mulher qualquer. Ela era a mais popular, e estava sempre sorrindo para todos os amigos que divagavam no colégio. Realmente, isso não me importa agora.
— E sua viagem? Soube que fez muitas coisas. – Ela puxou assunto, enquanto buscava seu caderno, Max voltou a encará-la, e seu peito apertou. Uniu as sobrancelhas sem entender nada. — Na verdade, Francis não para um minuto de falar.
— Esse é o normal dele – defendeu o amigo voltando a sentar direito, virou o rosto para olhar o lado, avistando a cadeira que Clara estava sentada no dia anterior. Definitivamente, ele não conseguia esquecer a cena que viu pela manhã, e ainda mentira dizendo que não tinha visto nada. Ele, porém, não queria deixar a menina sem graça, queria vê-la sorrir e ali na escola, não se afastar por sua causa.
— Pensando na namorada? – E mais uma vez, Nicole puxou assunto, Max fechou seus olhos, voltando-se para a loira que, de ansiosa, ela não tinha nada, apenas grandes lábios pintados de rosa escuro, as unhas bem-feitas e decoradas com pedrinhas. Ela continuava linda.
— Não. Não tenho namorada, não trouxe amores de lugar algum. – Ela sorriu, satisfeita. O Oliver retornou o olhar para frente, avistando o professor que acabara de entrar, sorrindo e anunciando os testes que teriam em seguida.
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— E você, já comeu alguma coisa? – Amélia perguntou novamente, um pouco mal por ter deixando sua filha sozinha em casa quando a mesma pareceu perdida, chorosa, confusa.
— Sim, eu comi. Não se preocupe comigo – respondeu ela, jogada na cama de seu quarto, logo se sentou, ajeitando a manga da blusa comprida e olhou para frente, observando suas plantinhas balançarem com o vento.
— Tudo bem então. Não irei fazer plantão hoje. Pensei de saímos para ir a algum lugar. Pode ser divertido.
— Sim, para onde você quiser – Clara levantou da cama indo até a janela, olhou para o quarto da frente, que mesmo com as cortinas cobrindo o vão que a janela aberta deixava, ela podia vê o que tinha ali dentro. Voltou para suas plantinhas e se despediu de Amélia, prometendo fazer uma lasanha. — O que vocês têm hoje? – Perguntou ao vê uma das pétalas começar a murchar.
Tocou na pétala com todo cuidado do mundo, e o surto, veio logo depois de uma batida forte de porta, Clara derrubou o jarrinho com sua planta preferida. Inclinou-se na janela e viu o vaso se quebrar lá embaixo.
— Lady Sansa! – Exclamou tristonha, havia perdido sua flor preferida.
— Ei – Seus olhos se ergueram, o rosto corou imediatamente ao vê Max parado na janela. — Porque não abriu a porta? – Ela somente o olhava. Tinha perdido sua plantinha. — Oh Clara, eu não vi nada, eu juro. Eu me virei antes de toda a toalha cair.
— Vo-Você não viu? – Corou, corou mais que segundos atrás. Max confirmou com a cabeça, e o alivio, passou diante dos olhos da rosada.
Já era ruim o bastante ficar perto do Oliver, quando o mesmo deixava seu coração acelerado, as bochechas coradas, sua garganta seca e ela nem mesmo conseguia respirar. Max tinha algo forte consigo, e toda vez quando perto de sua pessoa chegava, ela acabava sufocando, mas de um jeito bom. Deixou suas mãos abaixo do queixo, dando um sorriso de lado com a vista abaixada.
Saber que Max fora tão cavalheiro assim, lhe fazia sentir-se um pouco mais feliz. Podia confiar em pessoas gentil, sorridentes e que mesmo que fugisse, ela estaria lá para lhe contar alguma coisa. Ergueu os olhos para Max que a olhava sorrindo ainda, timidamente, claro, com as bochechas vermelhas e os lábios colados um no outro, ela sorriu, mesmo que pouco.
— Desculpe por não ter aberto a porta quando pediu – Disse, deslizando seus braços ao redor do corpo e se abraçou. — Eu fiquei com muita vergonha.
— Eu sei. Isso parece normal vindo de você, e acho até fofo – Ele sentou na janela, colocando as pernas para cima, ficando de lado para Clara, encarou a outra rua e sorriu. — Às vezes, fico pensando nas suas bochechas coradas, elas são bonitinhas.
— São? – Repetiu tocando em suas bochechas, já tinha até esquecido de Lady Sansa lá em baixo.
— Ah, elas são sim. Na verdade, você é toda fofinha mesmo – Sorriu e olhou para a janela, mas encontrou um vazio grande. Max estreitou os olhos e desceu de sua janela, olhando ao redor, ouviu a porta bater embaixo e olhou na direção. Clara saiu no quintal e abaixou-se no gramado. Ele revirou os olhos e saiu de seu quarto. Desceu correndo as escadas e saiu no seu quintal, rodeou a casa e parou no cercado pequeno. — É falta de educação deixar os outros falando sozinho.
— Eu tinha que salvar Lady Sansa, por sua culpa, ela caiu.
— Você dar nomes a suas plantas? – Perguntou, sem entender, queria rir daquela coisa anormal, mas ao mesmo tempo, queria apertar as bochechas coradas dela. — Tudo bem, quem sou eu para julgar?
— Você não acha estranho? – Indagou, colocando uma mecha sua atrás da orelha. - Eu, nunca consegui conhecer uma pessoa que fizesse o mesmo. Eu gosto de conversar com elas. – Referiu-se ás plantas — Elas me escutam sem pestanejar, ou sair correndo, gritando que eu sou chata, ou louca.
Max viu a tristeza no olhar de Clara. Dentro de seu corpo, várias emoções deram sinal de vida. Rapidamente segurou a cerca, assustando a rosada, que se virou bem a tempo, de vê Max pular em sua frente. O moreno era mais alto que ela, portanto, ergueu a cabeça para olhar em seus olhos. Max abriu um sorriso confortante, deixando a rosada ainda mais corada, nervosa, tão nervosa que ela tentou dizer muitas coisas, mas saia apenas sons e inicios de frases desconexas.
— Se você quiser falar a partir de agora, me tenha como ouvinte – Clara, era bem baixinha, batia no queixo do homem que cobria seu corpo apenas com sua sombra. Clara se sentiu acolhida quando os braços de Max passaram ao seu redor lhe puxando para um abraço apertado, caloroso, deixando-a nas nuvens.
Devagarzinho, fechou os olhos sentindo, pela primeira vez, o cheiro forte de Max, algo com cereais e suor, um sabonete qualquer e um perfume amadeirado. Ele era cheiroso. Deixou de agarrar o vaso da Lady Sansa abrindo os braços devagar, e passando ao redor da cintura dele. Deitou sua cabeça no peito do moreno que havia acabado de conhecer, mas que, aparentemente, valia a pena.
Ele nem mesmo tentara fugir depois de suas palavras estranhas, ruídos e bolos. Ela sentia, pelo calor do corpo dele, que realmente, Max queria ficar.
Não soube por quanto tempo ficou esperando uma chance de uma pessoa a mais que Amélia para lhe abraçar e passar conforto, mas sabia, que toda essa demora, valeria a pena.
— Não sei se você aguentaria me ouvir por muito tempo – ela murmurou ainda escondida nos braços de Max que sorriu beijando sua cabeça demoradamente, e quando se afastou, viu Clara força-lo ainda a ficar abraçados. — Estou bem assim.
— Eu não sei você, mas o sol está me matando. – Clara arregalou os olhos e se afastou dele, novamente, vermelha como um pimentão. Max sorriu passando os dedos em suas bochechas fofinhas e apertou carinhosamente — Alguém já disse á você o quanto é linda? – Clara perdeu o sorriso, até mesmo a coloração em seu rosto. Era a primeira vez que olhava no fundo dos olhos de um garoto após o mesmo, dizer que achava linda.
Lentamente, abaixou sua cabeça virando de costas, abraçou outra vez a Lady em suas mãos e sorriu sem jeito.
— Obrigada – Agradeceu.
O moreno mordeu os lábios. Clara precisava de um pouco de atenção, e ele, estava disposto a dar essa atenção.
Pela primeira vez em sua vida, ele entrou na casa de Amélia. Os móveis eram da cor creme, havia um jogo de sofá que se dividiam em três partes separadas, uma mesa de centro bem arrumada com algumas revistas da Hollywoodiana e uma planta no canto da estante, onde a mesma abrigava um incontável número de livros.
— Você gosta muito de ler, correto? – Max perguntou, chamando atenção de Clara que tentava de alguma forma salvar a vida de Lady Sansa.
— Bom, gosto de uns livros, eles me divertem. É um passa tempo muito bom. – Max tocou na prateleira onde havia alguns sobre astros.
— É fanática pelos astros e signos? – Clara girou o corpo para olhar o Oliver, do outro lado da sala, olhando os livros de sua coleção favorita.
— Sim. Você não?
— Costumo dizer que não é algo que me interessa, mas minha mãe confia nas previsões. – Bagunçou um pouco seu cabelo e virou para encontrar Clara se aproximando. Notou rapidamente o que vestia; a calça um pouquinho folgada caída em sua cintura, a camisa grande, porém, bonita, acentuada perfeitamente em seu corpo. Clara era uma garota linda, sem qualquer duvida.
— Posso chutar e dizer que você é do Signo de Leão, mas... Não é tão... Metido. – Corou e abaixou os olhos para a estante.
— Você é fofa, aposto que é de peixes, ou libra – Clara parou de procurar por algum livro e mirou seu olhar no de Max, que sorria, gentilmente. Ele era tão bonito, aqueles olhos negros pareciam lê sua alma, os cabelos caindo em seu rosto limpo.
— Sou de Aries – Max se assustou, muito. — Impossível me previr. – Max sorriu. — Eu não sou nada que meu signo explica.
— Ah não. Não é mesmo – Ele olhou para sala toda colocando as mãos no bolso — Sempre ouvi falar que os Satanares eram obras do cão. – Clara corou, o olhando, logo abriu um sorriso mínimo. — Você é obra de um anjo, não do cão. – Ela corou mais ainda, sem se quer ter forças para erguer os olhos para o Oliver.
— Pode me indicar um livro se quiser. Eu também gosto de lê... Um pouco. – Clara sorriu, mesmo com a cabeça abaixada, quando a levantou, olhou para cada livro de sua prateleira e ficou na pontinha do pé para pegar o que queria. Entregou ao Oliver e saiu caminhando até Lady Sansa. — tem muitos – O Oliver se virou novamente.
— É algo engraçado, divertido. Você vai gostar – Max atravessou a sala, indo a sua direção, deixou o livro em cima do sofá e parou ao lado dela. Clara parou de mexer em sua planta e virou o rosto, observando atentamente os lábios de Max que abriam e fechavam. — O que foi?
— Eu queria te fazer uma pergunta, e quero que me responda com sinceridade, mas se não quiser responder, tudo bem. – Ela assentiu, ficando de lado para mesa e de frente para o Oliver que molhou os lábios. — Você... E o Quinl, já tiveram alguma coisa?