Cap. 5
A manhã seguinte foi tranquila, Clara acordou com a disposição de sempre e fora direito para seu banheiro. Tomou um banho quente para relaxar seus músculos e ao sair, notou a luz do sol invadindo seu quarto. Mataria suas plantinhas se fosse muito forte, apertou a toalha em seu corpo e foi até a janela, olhou para as plantinhas e quando segurou as cortinas para fechar, seus olhos encontraram as costas de um garoto, talvez o mesmo garoto daquela noite.
Porém, dessa vez, ela sabia quem era. Max virou de lado, ainda sem camisa, arrumava o cabelo com as mãos encarando o possível espelho ao lado. Clara corou, corou muito, tanto que ofegou ao contemplar cada traço dos braços fortes do Oliver, o peito desnudo lhe dava uma bela impressão de um corpo potente.
Não conseguiu nem mesmo fechar as cortinas a tempo de não ser pega pelo negror dos olhos do moreno, ele se espantou rapidamente ao vê Clara, abriu um sorriso sem graça, corando em seguida. Ele virou de costas e levantou as mãos como se tivesse se rendendo, Clara não entendeu, até sentir um frio subir a espinha, olhou para seu corpo a fim de apertar a toalha, quando notara que a mesma estava aos seus pés.
— Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh – Clara gritou se abaixando rapidamente e sentou no chão, com os olhos arregalados, a boca aberta, quase chorando... Ele... Ele tinha visto alguma coisa.
— Clara – Amélia invadiu o quarto da moça, no piscar de olhos. A rosada se cobriu com a toalha de todo jeito que pôde e abraçou suas pernas. —Querida, o que aconteceu? – Abaixou em sua frente, e Clara somente balançou a cabeça. — Olha, irá se atrasar para a escola – Clara a fitou.
— Posso ficar em casa? – Pediu, Amélia estranhou rapidamente, mas sabia que se ela não queria ir à escola, algo de muito grave tinha acontecido.
— Tudo bem. Se tiver alguma coisa incomodando você, por favor, me conte, não quero que lide com problemas, sozinha, tendo eu ao seu lado para ajudar.
— Sim, obrigada! – Amélia a abraçou, mesmo no chão e se foi deixando a rosada encolhida, com vergonha, e chorosa.
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Max não comeu naquela manhã, a tigela de cereal a sua frente estava posta com o leite ao lado e mesmo assim, ele se quer tocou. A imagem de Clara, praticamente nua na sua frente não conseguia fugir da mente. Não pudera vê muita coisa, pois quando a olhou, viu rapidamente o laço da toalha se desfazer e antes de vê mais que os seios pequenos, se virou.
— Max – ele despertou, olhou para sua mãe, que já arrumada para ir ao hospital, o observava sem parar. — Tem algo acontecendo que eu não sei, porque você se quer tocou na comida.
— Estou sem fome – ele levantou, deixando a mesa em seguida. — Eu... já estou indo. – Deu um beijo na bochecha de sua mãe e saiu de casa. Desceu as escadas até seu jardim e notou o carro de Amélia já fora da garagem, à mesma saiu de casa com o celular nas mãos, trancou e também desceu as escadas chegando ao jardim, Max correu até a mulher. — Bom dia.
— Ah, bom dia Max – lá dentro de sua casa, uma pessoa ficou tensa, correu para a janela grande da sala, subindo no sofá e abriu uma fresta, apenas para espiar o acontecimento em sua rua. — Como vai?
— Estou bem. Já indo para o trabalho?
— Sim, e você para a escola. Você podia acompanhar Clara nos outros dias.
— Nos outros dias? – Max repetiu, e Amélia colocou sua bolsa e maleta no banco de trás.
— Sim, nos outros dias, ela não está muito disposta hoje, resolveu ficar em casa. – Max lembrou-se de minutos atrás. Encarou Amélia que sorriu para o menino. — Nos vemos mais tarde, tchau querido! – Se despediu do moreno que pegou o rumo da estrada, direito para seu trabalho.
Max ficou olhando para o nada, até se voltar para casa, olhou todo o jardim, as janelas lá em cima, notará que o primeiro quarto era o de Clara, o que dava direto para o seu, entre as duas casas. Ele podia pelo menos pedir desculpas, mas se Clara não ia à escola, como saberá que a mesma estava disposta a ouvi-lo? Olhou para o andar debaixo e seus olhos enxergaram os de Clara rapidamente.
— Ei – ele deu um passo à frente e Clara fechou a fretas rapidamente. Jogou-se no sofá e levantou em seguida se afastando da janela, esbarrou no outro sofá e depois no outro e quando pensou em correr, a campainha tocou. Ele estava na porta, Max Oliver, o homem que lhe viu nua estava na porta. O que ela iria fazer? - Clara, sou eu, abre, por favor.
Ela tampou a boca com suas mãos. Não, ela não podia abrir a porta para ele, seu rosto estava vermelho, ela andava de um lado para o outro, o desespero de encarar os olhos negros outra vez sabendo que os mesmos já lhe viram...
— Eu não vi nada, virei antes dá... Toalha cair – Disse do outro lado, Clara parou de andar. Encarou a porta. Seus olhos estavam vermelhos, ela definitivamente queria enfiar sua cabeça no chão e nunca mais poder olhar para Max. O que ele iria pensar? — Clara, por favor.
E mais uma vez, ela estava fugindo de Max ao subir as escadas e se trancar no quarto. Não iria abrir a porta. Não estava preparada para enfrentá-lo. Fechou sua janela rapidamente e ficou olhando para a porta, como se esperasse o moreno aparecer a qualquer momento.
Do lado de fora, Max ouviu suas passadas enquanto subia as escadas, tentou não sorri com aquele ato, mas foi inevitável. Ela estava com vergonha, e era normal. Mas junto à timidez que ela já carregava nas costas, ficara pior no caso da rosada de olhos lindos e seios pequenos. Sorriu, descendo a pequena escada.
— Max – Encontrou Francis no meio do caminho ao lado de Sand que o cumprimentou com um sorriso, mesmo que odiasse admitir, seu meio irmão era quase uma copia sua, só mais que branco, e um ano mais novo. — O que fazia na porta da dona Amélia?
— Queria falar com a Clara – Assim que ele terminou de dizer, os dois meninos a sua frente caíram na gargalhada, não uma gargalhada de ri e parar em seguida, foi mais ou menos dois minutos Max olhando para os rostos vermelhos. Fechou a cara, e deu as costas aos dois que o seguiram, ainda rindo. — Não sei qual é graça que vocês estão vendo.
— Max, escute – Sand correu até a sua frente, andando de costas — Entendemos, e não negamos que a Clara é bonita, mas ela tem medo de se aproximar das pessoas. Ninguém sabe por quê. Ela jamais abriria a porta para você, nem mesmo se passasse o dia todo batendo.
— É ela é assim. E quando alguém se aproxima, fica em cima, como James tentou fazer, a rosinha se afasta, fica dias sem ir à escola, com vergonha, com medo de encarar as pessoas, e quando volta, parece desconfiada.
Max parou de andar, será que ela iria mesmo se trancar dentro de casa e passar dias sem ao menos sair da rua? Não, ela não podia fazer isso, tinha que seguir sua vida e olhar para frente, erguer a cabeça. Cogitou voltar á sua casa e implorar para que abrisse, mas achou melhor ir para a escola.
Quando chegasse, tomaria uma atitude e falaria com Clara, de um jeito, ou de outro.