Cap. 4
Seus olhos rolaram pelo vestido de oncinha que escolheu, não era decotado, tão pouco curto; batiam em cima do seu joelho, feito sob medida para seu corpo pequeno, e magro. Os cabelos rosados foram amarrados em um coque frouxo, mas bem amarrado e acentuado ao meio de sua cabeça. Passou um brilho para dar uma cor aos lábios rosados naturalmente, e sorriu para o espelho.
A visita seria curta, Amélia prometeu, não precisaria se produzir toda para o filho de Dona Naomi, pois não queria nada além de uma amizade distante, se é que poderia ter uma.
Voltou-se para cama para pegar os sapatos marrons que escolheu, terminando de se arrumar para o jantar na casa vizinha. Passou um de seus perfumes e seguiu pelo corredor a espera de sua mãe. Amélia demorou um pouco para sair do quarto, e quando finalmente apareceu, vestia somente vestido creme, tubinho, não colado ao seu corpo, mas acentuava suas curvas perfeitamente. O cabelo com o penteado de sempre, e um batom Nude, combinando com os sapatos.
— Clara, como está bonita – Se encontrou com a filha na sala, onde a mesma se levantou para contemplar sua mãe bem vestida e com um sorriso no rosto. — Na verdade, você sempre foi linda – Abraçou a filha que retribuiu com carinho o aperto gostoso. — Vamos arrumar a macarronada?
— Sim – Clara andou atrás de sua mãe enquanto iam direto para a cozinha, arrumaram uma quantidade que daria perfeitamente para seis pessoas jantarem.
— Ah, com certeza irá gostar do filho de Naomi, ele é o rapaz mais carismático daqui dessa rua – Contava Amélia. — Era o único que não arrancava minhas flores quando criança, sempre respeitou meu jardim.
— Por isso, ele já merece um prêmio. – Quando Clara chegou, ela ficara conhecida pela vizinhança por vigiar as plantas de Amélia, tento assim, o amor e admiração pela natureza ao seu redor.
— Oh, sim! Além de educado, e sorrir sempre cordialmente, é um cavalheiro, muito gentil – Acabou passando um pano por cima da tigela de vidro transparente e estava tudo pronto para ir à casa da vizinha.
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— Max querido, como você está bem mesmo? – Naomi perguntou ao vê o filho agitado, um pouco vermelho do sol que pegou à tarde enquanto brincava com os amigos na escola.
— Claro, mamãe, foi apenas um espirro. – Resmungou terminando de colocar uma camisa aberta por cima da sua preta. Bagunçou um pouco mais seu cabelo e mirou na mulher parada em sua porta. — Estou bem.
— Eu... Desculpe! Sei que estou sendo exagerada. Penso que você ainda é uma criança – Max riu cordialmente, entendendo o lado materno de sua mãe. O som da campainha chegou ao ouvido dos dois e Naomi sorriu. — Termine e desça, Amélia e sua filha chegaram.
Max confirmou com a cabeça, bastava colocar o tênis estava pronto para descer e se juntar aos convidados.
Naomi desceu as escadas segurando-se no corrimão para não cair do salto, ou deslizar no tapete azul, ajeitou o vestido antes de abrir a porta e sorriu quando a imagem de Amélia foi revelada.
— Amélia – A morena abriu um sorriso enorme ao se encontrar com a amiga de trabalho, e da vida, quando ela e Calvin se separaram e, rapidamente, Naomi teve que abrir mão da presença de Max, Amélia foi à pessoa que mais lhe ajudou a superar, tanto que lhe apresentou Jerry, claro que não imaginaria que eles se dariam tão bem, e assumiriam um namoro depois de um ano. — Ah, que bom que chegaram – cumprimentaram-se com dois beijos no rosto e Naomi deu atenção a Clara, que, vermelhinha, olhava de longe a interação das mulheres adultas. — Ah, querida, como está linda.
—Obrigada – Clara sorriu, lutando para parecer normal. Naomi sempre foi uma pessoa gentil, e nunca lhe virara a cara, ou lhe tratou mal, certamente, não lhe recusaria um abraço, ou algumas horas de conversa quando Amélia fazia plantões e deixou-a sob seus cuidados.
— É um prazer ter vocês novamente em minha casa.
— O prazer é nosso, e, para que o nosso jantar seja ainda melhor, trouxe um pouco da macarronada de Clara, ela é uma das melhores que já comi – comentou Amélia enquanto ia para a cozinha ao lado de Naomi.
— Sim, sim. Já tive o prazer de experimentar, Max vai adorar. – Clara que olhava para os móveis, rapidamente mirou nas costas da mulher que trajava um vestido azul... Max?
— Clara?
— Sim, sim. Já tive o prazer de experimentar, Max vai adorar. – Clara que olhava para os móveis, rapidamente mirou nas costas da mulher que trajava um vestido azul... Max?
— Clara? – A voz do moreno de outrora lhe chamou atenção, e dando um passo para trás, ela vislumbrou o mesmo descer as escadas com a expressão espantada, surpresa, em vê-la em sua casa. — O que faz aqui?
— Vocês já se conhecem? – Naomi perguntou, e logo gargalhou, e virando para Amélia, lembrou: — Eles estudam no mesmo colégio, devem ter se trombado. Claro!
— Sim. – Amélia chegou próximo a Clara que encarava o Oliver, perdida, e com vergonha, suas bochechas inflamaram, e Max não conseguiu esconder a risada carismática ao vê-la daquele jeito. — Clara, filha, esse é Max Oliver, o vizinho que preserva a natureza ao nosso redor.
Por mais que amasse a Natureza, e as pessoas que tinham o prazer de cuidar da mesma, olhar para Max mais de perto, era completamente difícil. Na escola, tudo bem, tinha corredores ela podia correr por qualquer um ficar longe, mas ali, era um cosia intimida demais, não estavam na rua, tão pouco sozinhos para ela fugir, para ela se esconder e fingir não ter sua presença.
Olhando, porém, A vergonha lhe consumia, e suas pernas tremiam, o coração disparava e sua garganta ficou seca, ela não aguentou aquela explosão de sentimentos em seu corpo, sua mente havia apagado, o ar estava lhe faltando, dando outro passo para trás, ela correu da sala, quase caindo quando escorreu no tapete azul perto da porta e se foi.
— Clara – Naomi murmurou espantosa. A menina nunca correra de sua casa daquele jeito.
Max conseguiu o olhar das duas mulheres que esperavam uma explicação sua, vendo que não teria saída, decidiu, então, ir atrás da rosada.
Parou no meio de suas escadas quando viu o mover do corpo de Clara na calçada, ela caminhava lentamente e estava no meio das duas casas, dando passos um atrás do outro para chegar a sua moradia. Ele se apressou a correr.
— Clara – chamou. A rosada parou de andar, mas se quer virou para encará-lo. — Não podia ter saído daquele jeito, eu juro que não vou te bater de novo – A menina cruzou os braços acima do peito, e olhou para frente. Ela não sabia o que Max tinha, mas sempre que falava, seu coração batia forte, como nunca antes. — Pode me olhar, não vou te machucar.
Confiando nas palavras do homem – o que prometeu a si mesma nunca fazer perante a um desconhecido – ela virou-se, devagar, para então, contemplar a imagem dele, parado, e com uma mão esticada em sua direção. Bom, ele estava sendo educado, gentil, e não parecia querer ir embora depois de conhecê-la. Fugira dele duas vezes naquele dia. E, muito persistente, ele foi atrás.
— Sei que você não é muda, nem surda, pode ouvir minha voz e me cumprimentar como uma pessoa normal, e gentil, como você aparenta ser. – Ele continuou com a mão estendida, Clara ergueu os olhos para os dele e desviou rapidamente, levando sua mão a encaixar na dele. A mão dela era macia, pequena, e como uma luva, coube perfeitamente na sua. — Sou Max Oliver – ele olhou para as duas casas ao lado. — Aparentemente, seu vizinho.
— Sou Clara Campbel West. – Declarou, e depois de alguns segundos encarando o rosto animado de Max, deu-se a oportunidade de estudar bem o rosto do moreno, admirando sua beleza, seu jeito simples de se vestir e seu sorriso impressionante.
— Bom, eu posso te perguntar uma coisa? – Ele soltou sua mão e Clara voltou a cruzá-la junto à outra. — Porque você correu de lá? – Clara riu, sem graça, abaixando sua cabeça — As mulheres lá dentro ficaram me olhando, acharam até que você tinha passado mal.
— Me desculpe, meu fiquei apenas... Com vergonha de encarar você. – Foi sincera, e Max riu, se aproximou um pouco de Clara e passou seus braços ao redor de seus ombros. — O que você está fazendo?
— Te levando de volta, ouvi falar sobre uma macarronada que era boa e quero comer. – Clara corou dando os passos à frente seguindo Max, — E minha mãe disse que você era legal, então, vamos nos conhecer direito, tudo bem. Desculpe-me de novo pelo soco, eu realmente estou me culpando por isso.
— Sua mãe disse que eu sou legal? – Clara parou de andar, e Max soltou os braços dos ombros dela. — Digo, ela disse mesmo? – A felicidade que Clara sentiu no momento foi confortante para seu coração, os anos que passou naquele lugar horrível, lhe trouxeram a insegurança de viver de amores e amizades de outras pessoas a não ser a de Amélia.
— Claro que disse, e eu acho também, embora você sempre corra de mim, e, core quando estou perto – Clara não moveu um dedo quando o moreno parou centímetros do seu rosto, seu olhar estava direcionado a mancha vermelha, no canto do seu queixo, a qual ele deixara depois do soco. — Me desculpe por isso.
— F-foi um acidente. – Max ergueu os olhos para os de Clara, notando então, a proximidade entre os dois, se afastou lentamente, sorrindo de novo.
— Posso te pedir um favor? – Perguntou, e Clara o fitou. Interessada no que ele tinha para dizer, confirmou com a cabeça. — Não conte sobre o soco, minha mãe me mataria.
— Tudo bem – Ela tirou uma mecha do cabelo, colocando-a atrás da orelha — Eu também não disse para minha mãe, então, guardaremos o segredo!
— Clara – os dois olharam para a entrada da casa, Amélia, Jerry e Naomi os olhavam — Querida, você está bem?
— Sim, e me desculpe por.... Fugir – envergonhou-se novamente, mas manteve-se firme ao encarar o rosto de Naomi com um sorriso terno, Jerry e seu carisma e Max ao lado, que tocou em seu braço, a ajudando a caminhar.
Entrou de volta a casa e para seu desgosto, encontrou Quinl jogando as chaves de sua moto em cima da mesa de centro da sala retirando o capacete de seu cotovelo. Os olhares dos dois se cruzaram e Quinl desviou rapidamente.
— Quinl, você disse que não viria para casa hoje – Naomi foi ao filho, lhe deu um beijo na bochecha enquanto ele ainda encarava Clara, que corava cada vez mais. Max notou os olhares, e algo dentro do seu peito ferveu.
— Eu, não sabia que teria visitas para o jantar. A Fannie está estudando para a prova semana que vem, disse que não quer me vê nem pintado de oro em seu quarto.
— Isso já é alguma coisa bem melhor do que a ouvir aqui em casa – Naomi comentou, e olhou para Amélia, de um malicioso — Se é que me entendem.
Foram para a cozinha, acompanhados por Jerry que conversava com Amélia sobre o hospital, afinal, os três trabalhavam juntos. Clara sentou ao lado de sua mãe, a sua frente, Max puxou a cadeira e Quinl ao lado dele.
O jantar não foi uma dificuldade, foi prático, e muito animado. Max contava sobre as coisas que fazia com seus amigos na reserva que seu pai residia em Beathan, encantou Clara, por eles estarem sempre na natureza, cultivando as árvores que os homens estavam destruindo em boa parte do mundo.
Quando o jantar terminou, Amélia, Naomi e Clara foram para a cozinha, a West se dispôs a ajudar à amiga, pois sabia que depois da visita, iria fazer tudo sozinha, e se iria fazer sozinha, porque não na frente das amigas? Clara acompanhou tudo com os olhos enquanto deleitava ainda da sobremesa, sentada em uma das cadeiras da cozinha.
Quando, de repente, viu a imagem de Max na porta de trás da casa, ele e Quinl estavam sorrindo e pareciam cochichar algo entre os mesmos... Clara olhou para as mulheres que também sussurravam alguma coisa e levantou da cadeira, bem devagar. Deixou ambas as mulheres conversando e abriu a porta entrando no quintal da casa, onde já podia vê uma piscina redonda, e bancos ao redor.
Clara andou um pouco e viu Max de longe, ele estava olhando fixamente para o celular, esperando por algo, ela supôs, andou até o mesmo e quando estava próxima, Max ergueu a cabeça, espantado, respirou normal quando viu que era Clara.
— O que faz aqui fora? - Perguntou quando ela abraçou seus braços ao sentir a brisa gelada.
— Não sei, eu vi você e o Quinl conversando – Sussurrou como sempre, Max olhou para o celular, e depois para Clara que tremia.
— Está com frio? - Perguntou já começando a tirar a blusa que vestia, e levantou do banco, parou diante da rosada e passou sua blusa pelos ombros da moça que sorriu, corando um pouco mais. — Não devia ter vindo.
— O que estão fazendo? - Mudou de assunto, Max desviou os olhos para o celular novamente, e viu a mensagem de Quinl. O Oliver pegou a mão de Clara rapidamente e saiu correndo com a mesma. Clara se assustou, claro, e só seguiu o moreno porque era puxada.
Saíram na rua, e então, Clara avistou Quinl, o mesmo estava na frente da casa dos Rylan.
— Sabe quando dois casais estão apaixonados... – Clara ajeitou a camisa em seus ombros, estava mesmo com frio. —... E querem fazer qualquer coisa para mostrar esse amor?
— Acho que sim... Li em alguns livros.
— Você não se apaixonou? Tipo, por alguém real?
— Não. Eu nunca me apaixonei por ninguém – Clara ainda olhava para a rua. Quinl se agachou e tirou um fosforo do bolso. — O que ele está fazendo?
— Fannie esta tentando de todas as formas, entrar na faculdade, e pediu a Quinl para não encher, o saco dela. E como um bom namorado, ele comprou velas e escreveu “boa sorte” na rua, irá ficar acesas até o amanhecer. Essa é a forma que ele encontrou de ajudar ela, sem atrapalhar.
Quando todas as velas estavam acesas, Quinl tirou do bolso de trás um fogo de artificio, acendeu e apontou para o céu. Max olhou para o lado, queria saber a reação de Clara ao vê o céu brilhar, e como imaginou, a imagem daqueles olhos brilhando conforme as luzes explodiam no céu, foi à coisa mais perfeita do mundo. Ele sorriu encantado, por tudo, mas seu sorriso morreu aos poucos, quando viu descer a primeira lágrima no rosto da moça.
— Você está bem? - Clara desceu os olhos para ele, adorou vê sua imagem de preocupado, mas aquela cena era linda demais para ficar e assistir. Sentia inveja daquele amor, dos sorrisos de Quinl para a moça que acenava da janela.
Clara nunca tivera uma pessoa, além de Amélia, para lhe apoiar em decisões, tão pouco para amá-la.
— Estou bem sim – ela respondeu e abaixou sua cabeça. — Pode dizer a minha mãe que, já fui para casa? - Max afirmou. — Obrigada pelo jantar.
— Tudo bem – Max se aproximou dela, e bem lentamente, despejou um beijo em sua bochecha vermelha, Clara arregalou os olhos com o ato, e se impressionou com a demora do beijo ali. O contato com a pele, até mesmo quando ele se afastou, sentia o formigamento... A sensação... — Tchau, Clara. Até amanhã – Despediu-se dela dando as costas á mesma, que sorriu, tocando no lugar.
— Clara – Amélia a chamou quando atravessou a porta de sua casa. Havia saído assim que Max entrou na cozinha avisando que sua filha, já tinha ido. Imaginou que sua rosada tivesse passado mal e se despediu na mesma hora.
Encontrou-a sentada no balcão da mesa, uma tigela de sorvete estava na sua frente e os fones de ouvidos sendo retirados. Amélia sorriu passando suas duas mãos ao redor do rosto de sua filha. O amor que sentia pela pequena era grande, maior que eu seu próprio coração. A dor de perder seu marido lhe tornou uma mulher amargurada, um pouco fria e tristonha, passava a maior parte do tempo no hospital, pegava todos os plantões até que Jerry, o diretor atual, lhe deu uma folga, mandando-a para o orfano, e lá, conheceu o segundo amor da sua vida.
Ganhou sua confiança quando notara o medo de Clara, tratou dele com cuidado e entrou em seu coração devagar, até estalar uma moradia concentrada, deixando o amor entre as duas, sólido o bastante para nenhuma viver sem a outra.
— Pensei que tivesse passado mal, vim correndo de volta – Sentou ao lado dela para tirar seus sapatos, os deixando no chão. — Aconteceu alguma coisa?
— Não, mãe. Eu apenas, decidi vir para casa – Ela respondeu pensativa, lembrando-se da cena das velas, do sorriso dos namorados, do beijo de Max. — A senhora acha que devo... Namorar um dia? – Amélia se espantou, sorriu em seguida e levantou da cadeira para pegar um pouco de sorvete também.
— Claro que sim, Clara. Jamais irei proibir um acontecimento desses... – Riu feliz, se Clara ao menos trouxesse uma amiga para casa, ficaria feliz. Tinha consciência do medo de Clara ainda existir, se quer cogitava gostar de alguém com medo dessa pessoa lhe machucar, lhe rejeitar, a tratar como mais uma alma no mundo. — Você, está gostando de alguém?
— Não. É que hoje, quando estava na casa da dona Naomi, Quinl fez uma surpresa para sua namorada. – Amélia voltou á mesa, com uma colher e sua tigela de sorvete. — Eu nunca parei para pensar em como os casais se olham, e naquele momento, fiquei emocionada. – Amélia sorriu mais um pouco e olhou para as vestes de Clara, rapidamente observou a blusa grande por cima do vestido de oncinha. Abriu um extenso sorriso ao lembrar que a blusa era de Max.
— Sei... – Comentou pegando um pouco do seu sorvete e levando a boca.