Cap. 3
— Max, está bem? - Janie perguntou quando levantou de sua carteira, e viu que, Max não se movia.
— Quem é a garota de cabelo rosa? – Perguntou, e olhou para a morena que sorriu terna.
— É A Clara. Mas não se preocupe, ela não fala com ninguém, acho que tem medo, não sei. Já puxei assunto, mas se quer tenta responder qualquer pergunta minha; ou meus assuntos variados.
— Ela é muda? – Indagou. A Janie riu.
— Ela é tímida, muito tímida, é diferente – Max acenou, afirmando que havia entendido, mas não queria se quer pensar na possibilidade de ficar marcado como o homem que bateu em uma mulher.
Ajeitou seus cadernos dentro da mochila rapidamente e seguiu para fora da classe, procuraria pelo rosto perfeito, que havia machucado; pediria desculpas e estaria tudo bem, novamente.
Saiu da sala logo avistando Francis e seus amigos que brincavam com alguma coisa, se aproximou cautelosamente se desviando de alguns alunos, alunas, professores e chegou a Francis.
— Max, qual sua aula agora?
— Quem é a menina de cabelo rosa? – Perguntou eufórico, Francis encarou o restante dos amigos e olhou para Max.
— Cara, é apenas a Clara – disse meio cabisbaixo. — Eu entendo que ela é bonita, mas vai por mim, a deixa em paz. Ela é tímida.
Max revirou os olhos e passou pelos amigos ouvindo seus murmúrios, todos descrentes de que ele iria mesmo procurar pela menina. Max não se importou com sua timidez, queria encontrá-la para perdi desculpas pelo soco que havia dando em seu nariz. Ah, como ele se culpou internamente.
Desceu as escadas falando com alguns conhecidos no caminho, procurou na diretoria, caso, ela fosse retratar o ocorrido, foi até a cantina, mas nada de achá-la.
O último sinal bateu avisando para todos que as aulas iriam iniciar novamente, e Max, mesmo com raiva, voltou ás escadas. Teria aula de português agora e odiava chegar atrasado aos lugares. Chegando ao corredor principal, encontrou Francis do lado de fora da sala, andou até o amigo que, assim que o viu, levantou a cabeça.
— Max, o que estava fazendo?
— Procurando a menina de cabelo rosa – explicou, e Francis fez careta— Eu preciso perdi desculpas dela.
— Por quê? Porque falou com a Clara? Ela não vai falar com você nunca, Max. Clara é tímida, e se você insistir, ela irá passar duas, três semanas sem vir à escola. Ela é assim.
Max revirou os olhos, ajeitou a bolsa olhando para todos os cantos, menos para Francis que já caminhava para sala. Olhou para o corredor extenso e se xingou por não a ter achado.
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Seu olhar estava morno diante da mulher que passava uma pequena quantidade de pomada do ponto vermelho que se formava no queixo da aluna mais tímida que já conhecera em sua vida. Melou seu dedo novamente, e levou ao queixo da rosada que grunhiu, mas não se moveu.
— Tem certeza que não sente dor nenhuma? - Perguntou ao terminar. Clara olhou para baixo, as bochechas coradas, as pernas balançando por causa da altura da cama.
— Sim. – Respondeu timidamente, logo desceu da cama indo até suas coisas, colocadas com delicadeza na cadeira perto da porta.
— Foi mesmo apenas um acidente? Porque caso não tenha sido, deve comunicar a diretora agora mesmo.
— Não, foi apenas um acidente. E está tudo bem. – Ela pegou sua mochila rosa que mais parecia uma pasta com uma longa alça. Colocou no ombro deixando-a cair ao lado do corpo, e os cadernos que não conseguiu colocar dentro. — Ele não me viu sentada ao lado.
— As pessoas acham que você é um mutante, por acaso? - Clara deu um sorriso mínimo, balançando sua franja no rosto. — Mas é tão bonitinha corada.
A rosada corou mais e, virou as costas, tomou fôlego e voltou a falar:
— Obrigada pela ajuda. – Abriu a porta da enfermaria e saiu lentamente, fechando-a sem bater quando se encontrou no corredor.
Suspirou antes de começar a andar em direção à sala de aula. Podia já está atrasada, mas sabia que o professor de português sempre se atrasava quando o assunto era chegar na hora. Caminhava lentamente, subiu as escadas contando os degraus com medo de tropeçar e cair.
A imagem do menino que havia lhe dado um soco ainda era fresca em sua memória, levemente levou a mão ao queixo, que mesmo não sentindo dor, pôde vê um pequeno relevo, e com ele, uma dolorosa mancha, fixaria na sua face por alguns dias.
Chegou a frente à porta da sua sala e quando tocou na maçaneta para abrir, seus olhos encontraram os negros do garoto que havia lhe dado um soco. Seu coração palpitou, e rapidamente recolheu a mão. O olhar de Max estava mesmo direcionado a porta quando avistou a cabeleira rosa, logo seus olhos lhe enxergaram, e logo, todo o barulho ao seu redor não pareceu importar.
Sentado em cima da mesa do professor, Max abriu um sorriso para a moça que corou mais do que o moreno imaginou que alguém pudesse; seus lábios pintados de rosa estavam entreabertos, as bochechas vermelhinhas, e seu jeito tímido, que era de longe, o mais estranho que já vira. Ele desceu da mesa e Clara deu um passo para trás. Olhou para todos os lados antes de tomar uma direção.
Max não ligou para Francis que o chamou, apenas abriu a porta vendo os fios de cabelo rosa voar para dentro de outra sala no corredor.
Clara estava nervosa, e quando escutou a voz dele lhe chamar, entrou na primeira sala que achou aberta. Por sorte, estava vazia. Seu coração batia forte, porque ele estava a seguindo? O que queria?
— Eu estou vendo você. – Clara tomou um susto e olhou para trás. Pelo pequeno espelho da porta, podia vê Max a encarando. Suas bochechas ficaram mais vermelhas, ela sentiu as pernas tremerem. — Você está bem? - Tentou abrir a porta, mas a mesma impediu. — Que foi?
— Vai embora – Ela só moveu os lábios. Max desceu as sobrancelhas — Por favor. – Ele ainda continuava parado do outro lado.
Clara se afastou um pouco, quando percebeu que ele não a deixaria. Andou pela sala parando de costas para o mesmo. Max esperou um momento antes de adentrar a sala. Clara era mesmo meio estranha, mas era bem bonitinha. Olhou para suas pernas de fora, cobertas pela meia cor de rosa, assim como suas madeixas médias; vestia uma saia até os joelhos e um colete de linho por cima da camisa branca, combinando com saia.
— Eu acho que te machuquei, só queria saber se está tudo bem com você? - Clara entrelaçou seus dedos olhando para baixo, ela sentia a presença de Max atrás de si, com uma onda eletrizante, pronta para explodir. — Se não quiser falar, apenas mexa a cabeça.
— A enfermeira disse que vai ficar bem – Respondeu baixinho e, se Max não estivesse próximo, não a ouviria.
— Você estava na enfermeira? - Ele revirou os olhos. Claro! Ela levou um soco, estaria na biblioteca por acaso?
— Não precisa se preocupar comigo, está tudo bem. – Disse e virou um pouco seu rosto para o olhar de canto — Se importa de ir embora?
— Você vai para a sala também, pode ir na frente. – Clara virou devagar, olhando para suas botas, apertou a alça na bolsa e o casaco também branco por cima. — Ah proposito, sou Max, Clara. – Ela o olhou.
— Como... Co-... como sabe meu nome? - Max riu de canto e virou as costas saindo da sala. Clara ficou calada e seguiu para fora também. Voltou para sala e notou que Max já estava na mesa com os amigos, ela passou direto indo para o canto da sala e se sentou.
Max, a olhava de canto de olho vez ou outra, Clara, a moça de cabelo cor de rosa, mantinha sempre sua cabeça baixa, escrevia algo em seu caderno e virava a página, e escrevendo novamente, e de novo, de novo. Ele mal prestava atenção no que os amigos berravam em seu ouvido. Quando em fim, o professor chegou, Max desceu da mesa pegando sua bolsa em uma cadeira qualquer e foi para trás.
Os olhos de Clara levantaram em sua direção quando o moreno jogou seu corpo na cadeira ao lado. Ela ofegou e olhou para baixo de novo, Max quis rir; ela não tinha ideia do quanto ficava linda toda corada, com aquele rostinho pequeno e lábios finos, o cabelo cor de rosa contornando o mesmo... Ela era realmente linda.
— Não vou bater em você, de novo – ele prometeu e Clara não quis o olhar.
Ele reprimiu um sorriso, ou ela estava com medo de levar outro soco, ou Francis tinha razão quando lhe confidenciou sua estranheza.
Com as mãos soadas e completamente concentradas nos lábios finos da garota ao lado, Max passou a aula toda, nervoso, olhava para o relógio a cada dois segundos com esperanças de tudo aquilo terminar.
Para seu azar, quando a aula terminou, Francis o impediu de seguir a rosada que saiu em disparata, alegando que queria conversar com o mesmo para saber se entraria para o time de basquete da escola, e com isso, sua tarde se ocupou em fazer a inscrição e conhecer o novo treinador, além de jogar uma partida com os amigos do peito.
*
Clara não ficou assustada, tão pouco desconfortável na presença de Max, mas ficará desconsertada quando o mesmo já havia lhe dado um soco e ainda assim, tentará pedir desculpas. Mesmo que, ela tenha fugido para longe.
Ninguém daquela escola parecia se importar com sua presença, ou em pedir desculpas depois de tê-la machucado, e aquele, moreno de olhos tão negros como a noite, praticamente correra para fazê-lo.
Dobrou a esquina dá sua casa, estava fugindo mais uma vez dá escola com medo do que os outros iriam pensar caso soubesse do soco que o Moreno lhe deu, se bem que, como ninguém se importava, era pouco provável terem visto o acidente.
Mas ali, na sua casa, longe de tudo, de todos, e do moreno que lhe bateu sem querer, ela pôde respirar melhor.
Amélia sempre chegava depois das três dá tarde quando não tinha plantão, e Clara, se empenhada em fazer uma deliciosa comida para agradar a mãe que lhe adotou. Devia toda sua vida a mulher que encarou seus olhos verdes e a aceitou do jeito que era, mesmo sendo uma órfã rejeitada pelas pessoas mais velhas.
Amélia disse que, assim que colocou seus olhos naquela moça de lindo rosto, olhos verdes e cabelos dourados, soube que queria ter uma filha. Queria ter Clara, como sua filha. O Campbel era sobrenome da família verdadeira de Clara, e no final, West, com grande orgulho, fez de Clara sua filha. Não estava mais com idade para criar uma criança pequena, tão pouco paciência para ter uma, uma filha mais velha, com companhia para trazer mais felicidade a duas vidas foi o que pensou quando trouxe Clara para sua residência, e Clara, era eternamente grata a esse amor.
Cozinhar era uma das coisas que mais gostava de fazer depois de trocar sua farda por uma calça de flanela branca, com um elástico no final. Uma blusa de algodão, manga comprida, para não passar por frio que a casa possuía.
Despejou o macarrão todo na panela, iria fazer uma deliciosa macarronada com direito a molho de tomate entre outras verduras.
Não demorou tanto a ficar pronto e logo que terminou, subiu as escadas para voltar ao seu quarto. Como quase todos os dias, Clara parou em frente à janela para molhar suas plantinhas que adorava, deu o nome de cada Lady de Game Of Thrones para cada flor em sua janela. Cada uma dela havia um significado, e se pedisse com carinho para a rosada explicar, ela perderia minutos, horas, até dias, apenas lhe deixando a par da natureza expendida que nos certa, claro, com as bochechas sempre vermelhinhas.
Lá em baixo, ouviu a porta se abrir e fechar rapidamente, soube que sua mãe tinha chegado. Desceu as escadas com um sorriso no rosto e ao encontrar Amélia, o sorriso cresceu.
— Clara, que cheiro é esse? Não me diga que fez macarronada outra vez? – Indagou indo direito para a cozinha onde encontrou a mesa posta e dois pratos, por cima da toalha branca. — Não sei o que faria sem você.
Clara sentou ao seu lado e juntas comeram lentamente, conversando sobre o dia que passaram longe uma dá outra. Clara ocultou o soco que levou no rosto, afinal, não era tão importante conversar sobre o ocorrido ainda mais quando o Max, o moreno de olhos negros, lhe pedirá desculpas.
— Ah, como sempre, seu macarrão estava muito bom – Clara assentiu, gostando do elogio ao se levantar para começar a lavar a louça. — Que tal levarmos um pouco dele para Naomi, hoje à noite? - Clara deixou um dos pratos cair dentro da pia.
Sempre que tocava no nome da mulher ao lado da sua casa, lembrava-se de Quinl, seu filho, ele nunca lhe disse uma palavra, nem mesmo tentou explicar a cena que viu naquela noite. Clara tentava de todas as formas, esquecer a imagem que se repetia vez ou outra, quando sozinha se encontrava, nunca pudera olhar nos olhos daquele homem outra vez.
— E o que iremos fazer na dona Naomi? - Perguntou, pegando o prato novamente.
— Oh, meu Deus, não lhe contei – Amélia pegou um dos panos de prato e começou a enxugar e guardar a louça que Clara lavava. — Naomi me disse hoje no hospital que seu filho voltou a morar consigo, pensei em lhes dar boas vindas, e Naomi aceitou. Seu filho está animado com a volta.
— Hm – o único som de emitiu. Jamais negaria algo a Amélia, e se ela queria ir à casa ao lado, mesmo que tivesse que enfrentar Quinl e sua vergonha por ter visto aquela imagem, ela o faria. — Irei está pronta quando chamar.
— Sim... – Amélia sorriu beijando o topo da cabeça dela quando terminaram os afazeres. - Obrigada.
Clara sorriu segurando as mãos de sua mãe, e abraçando em seguida.