Cap. 8
O sol daquele dia permaneceu escondido entre as nuvens do céu. A chuva estava pronta para descer, mas parecia esperar o momento certo.
Max colocou um casaco grande para espantar o frio dá manhã, sua toca preta de sempre e pescou a bolsa em cima da mesinha do computador para sair do quarto.
Em baixo, sua mãe preparava a mesa com um sorriso no rosto. Admirava muito aquela mulher. Quando toda a traição foi descoberta, Naomi foi uma mulher de valor inestimável, ela simplesmente pediu o divórcio e exigiu para nunca mais Calvin atravessar seu caminho, antes do mesmo dizer que queria um dos filhos para morar consigo em Sunna.
Naomi não chorou pela separação, por seu casamento ter terminado de uma forma drástica, mesmo quando ela ainda amava seu marido com todas as forças, - e até hoje, ama -, naquela tarde, chuvosa e triste, ela chorou pelo filho que ficaria longe. Foi o que mais lhe doeu.
Jerry parecia um bom homem. A tratava com respeito, todo dia trazia um buquê de flores coloridas para a morena que se derretia completamente. Lembrava-se do casamento dos pais, e se viu Calvin sorri duas vezes ao lado de sua mãe, foi muito.
— Querido, hoje você vai tomar café? – Quis saber, já que nos dias anteriores ele se quer tocou nos cereais que estavam ali a sua espera.
— Sim. Claro. – Sentou ao lado dela, sorrindo. Quinl chegou depois e todos comeram junto.
Na saída, Max pegou carona com Quinl, o que lhe deixou estressado porque Fannie também estava no carro e ambos brigavam sem parar por um pedaço de roupa ou uma olhada a mais pelo retrovisor. Como ainda estava junto, ninguém sabia.
Chegou quase atrasado na escola, naquele dia que estava ansioso. Atravessou os portões, apressadamente, entrou na escola no momento exato em que o sinal bateu. Sorriu.
— Macho, pensei que ainda estava dormindo – Francis passou um braço por seus ombros — Tenho uma novidade para te contar.
— Que novidade? – Ao longe, Max a viu. Seus cabelos cor de rosa estavam soltos, um lado atrás para dar um charme e o outro por cima de seus ombros caindo para frente, tão linda. Estava de vestido outra vez, com babados no pescoço e nas beiras. Uma boneca, com certeza.
Lembrou-se rapidamente do dia anterior. Nas suas bochechas coradas e no abraço que deram... Foi tão cheio de sentimentos, pelo menos para ele.
— A Nicoly, ela disse que quer ficar com você – Max desviou os olhos de Clara para encontrar os de Francis rapidamente. — Ontem ela me disse que falou com você, e você se quer a deu atenção.
— A Nicoly? Aquela que me deu um fora? Está doido? – Max o fuzilou com os olhos. — Não estou com vontade de ficar com ela, só porque agora ELA me quer. Está maluco?
— Não. Mas pense, naquela época ela não era tão bonita.
— Ela não mudou um fio de cabelo, Francis. – Resmungou e olhou em direção a Clara que agora conversava com... James? O que ela fazia conversando com James? Pensou até que ela era tímida o bastante para não deixar ninguém se aproximar. As palavras de Francis vieram a sua mente rapidamente, James tentou se aproximar dela. E ela, ficou dias sem ir à escola.
— É, mas... Mas... – Francis seguiu o olhar do Oliver e parou em cima de Clara. Outra vez Clara estava sendo motivo de conversa dos dois. — O que você tem com ela?
— Nada. Ainda...
— Ainda? – Francis riu, passou a mão ao redor do pescoço dele de novo e puxou o Oliver em outra direção — Você não vai conseguir nada. James tenta há quase dois anos e o máximo que ganhou foi um beijo na bochecha e um "eu te acho interessante".
Max parou no lugar, quer dizer que, para Clara, o James era interessante? Como pode? Tirou as mãos de Francis do seu ombro e deu meia volta. Ele iria saber por que James era interessante.
— É uma pequena ajuda, prometo te recompensar do jeito que você quiser – Implorou, novamente, o ruivo que precisava de ajuda em matemática. — Você sabe que essa matéria é uma m3rda.
— Matemática é uma matéria legal sim – riu, corada. — E sim, eu posso te ajudar. Depois dá aula, na biblioteca.
— O que vai ter na biblioteca? – Max perguntou, chamando a atenção dá rosada que corou mais, muito mais, no entanto, abriu um sorriso para o moreno que devolveu com outro. Todo animado.
— Irei ajudar James em matemática, ele é péssimo.
— Ah, mas tem explicadores para isso. Porque não pede ajuda deles? – Indagou ciumento, cruzando os braços.
— Gosto de como a Clara explica. – Respondeu no momento em que percebeu a atitude de Max mudar. — Se importa?
— Não. – Rebateu depois de minutos encarando o verde dos olhos de James. Ele estava declarando briga? Opa! Mas briga por quê?
James sorriu, deu um beijo na bochecha de Clara que não corou como antes. Ela sentiu isso, nem seu coração bateu mais forte, de quando Max fez o mesmo ato, duas noites atrás.
Max pigarreou, chamando atenção apenas de Clara, já que James saiu rindo.
— O que foi? – Indagou curiosa, ao virar em sua direção.
— Não sabia que explicava matérias para meus amigos.
— Eu gosto de ajudar as pessoas, mesmo quando elas não... Merecem.
— Se eu fosse você...
— Queria te convidar para ir a minha casa hoje – Max arregalou os olhos. E Clara riu, tímida. — Minha mãe vai fazer plantão. Não gosto de ficar sozinha.
— Eu? – Estava incrédulo, todo confuso, mas sorridente. O que aqueles olhos estavam aprontando? Céus, o coração dele estava animado.
— Sim. – As bochechas dela estavam mais coradas do que nunca, o cabelo arrumado para trás na parte dá frente, enquanto o resto caia ao redor do seu rosto, tão linda...
— Tudo bem. Eu vou. Claro. Prometo.
— Vamos para sala? – Sorriu, e saiu andando. Max ficou pensando ainda, digerindo aquele convite inesperado, completamente extasiado.
Seguiu a rosada que subia as escadas com uma delicadeza sem fim, contava, talvez, os passos a cada levantar de perna. Clara era uma pessoa tão fofa e deliciada, e não conseguia entender porque diabos, James, queria alguma coisa com ela? Ele era seu amigo, e desde que o conheceu, sempre soube seu jeito marrento, de não aceitar as coisas do jeito de outra pessoa.
James era o tipo de homem que não podia ficar perto de Clara, simplesmente isso.
A aula toda ele passou pensando em um jeito de “salvar” Clara daquele encontro, ridículo, aos seus olhos. Não, claro que não podia aceitar aquela ideia absurda de vê Clara estudando com James, logo ele, um homem que ela achava interessante. Como poderá achar um cara como ele interessante?
Olhou para Clara tantas vezes que notara toda vez ela ficar mais vermelha quando demorava. Passou a olhar somente para o quadro, mas nada conseguia deixar seu coração mais sossegado. Quando em fim, a aula terminou, Max foi o primeiro a ficar de pé, arrumando suas coisas rapidamente e virou para a rosada quando a mesma já estava dando seus primeiros passos.
— Eu queria falar com você – ele disse, e Clara olhou ao redor, algumas meninas lhe olharam, assim como os meninos, ela corou abaixando a cabeça e só então, Max notou sua falta de jeito ao receber os olhares — Pode ser em outro lugar. Você que sabe.
— A gente pode se encontrar depois. Você disse que iria – O lembrou. Na verdade, Clara estava com medo de conversar com ele, e o mesmo dizer que não queria ir a sua casa porque tinha outra coisa para fazer, assim como fez na noite passada, ele e nem Quinl saíram, ou fizeram algo junto, ela entendeu aquilo como uma desculpa qualquer para se sair. Pensou até que ele estava se afastando, a rejeitado como todos faziam, e, quando o moreno aceitou ir a sua casa, uma chama de esperança acendeu no peito, e agora, com toda essa pressa para falar com ela...
— Eu queria ficar com você agora – declarou, todo sem jeito, começando a ficar vermelho. Clara levantou sua cabeça, observou as expressões do Oliver e sorriu.
— Ficar como? – Perguntou, levemente, ou, totalmente corada.
— Podemos estudar juntos. Ora, eu sou horrível em historia.
— Ah, eu podia te ajudar, mas tenho que ajudar James agora – ela pegou seus cadernos e passou por Max que sentiu o peito arder, de ódio. — Podemos nos encontrar na minha casa, como já pedi. Ou você não quer mais? – Clara respirou fundo, prendendo a respiração.
— Não. Claro que eu quero – Ele foi até ela, parando em sua frente, o coração disparado, ele não queria que a mesma fosse. — Eu... Você... – Não conseguiu dizer nada. Clara acenou, levemente e saiu da sala, o deixando sozinho.
Ele expirou, se jogando em uma cadeira e se colocou a batucar em sua testa com a caneta em suas mãos. O que ele estava pensando? Não podia se quer pensar na possibilidade de impedir Clara de fazer alguma coisa. Não tinha esse direito e não iria.
Mas saber que agora, ela estaria indo em direção à biblioteca, conversar, explicar coisas, ficar perto de James, o cara que ela achava interessante, o deixava estressado e com pensamentos aleatórios.
Mas, a grande pergunta era... Porque ele estava assim?