04
ALESSA AMATTO
FRANÇA | HORAS ANTES
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Despertei com uma bofetada em meu rosto, daquelas bem dadas. — Essa mulher me odeia!
Desde o dia que cheguei aqui, a Madame, como gosta de ser chamada, tem me batido sempre que pode e não aguento mais isso. tenho hematomas feios em meu abdômen por causa dela.
— Acorda favorita! Anda, que hoje será vendida para algum sádico que vai te bater com tanta força que seu rostinho bonito ficará perfeito com alguns hematomas. — com sua voz sarcástica, comunicou em seguida cuspiu em minha face.
— Por que me trata assim? Não te fiz nada. — um soco golpeou minha barriga me fazendo encolher de dor — Desculpa. — sussurrei.
— O que está fazendo sua filha da puta, desgraçada? — um homem que curiosamente me recordo, apareceu do nada me salvando dessa maluca — Esse anjo é nosso pote de ouro, velha miserável.
Vejo que não é um salvador e sim, a mão que bate o martelo.
Deu dois tapas na cara dela e nem me preocupei em sentir pena, visto que mereceu e suponho que mais dois ou três seria o ideal somente nesse horário.
Fará um mês que estou aqui e essa mulher me bate diariamente! Esses tapas foram pouco!
— Senhor, ela é como qualquer outra e se acha a melhor por ser virgem! Essa desgraçada fica tirando a oportunidade das demais. — se justificou ficando ereta diante dele que revida suas palavras dando mais dois tapas e para finalizar segurou em seu pescoço.
— Não seja estúpida, sua burra! Sabe quanto você ganhará somente por cuidar dela? Meio milhão de euros! Por isso, muito cuidado com nossa joia rara. Vender mulheres sem pureza anda saturado no mercado. Acho bom começar a colocar nessa sua cabeça de porco que a ideia, é, arrumar inúmeras virgens para manter nossos negócios ativos, essas que você consegue não valem nada! Nem chegam a um milhão — declarou fazendo meu estômago revirar —, essa beldade aqui.
Ditou alisando meus cabelos.
— Nos renderá mais de 50 milhões, tenho certeza, porque foram evidentemente confirmadas duas realezas do mundo dos destilados, um é príncipe e outro é imperador, sem falar, em senadores e pessoas da mais alta escala de Páris, Grécia e Roma.
Se aproximou e tentou me beijar, só que me afastei.
— Sei que estão dispostos a pagar uma fortuna. O senhor Ivo foi o primeiro a garantir sua presença por causa dela, cuide muito bem desse passarinho, estamos entendidos? Se não te mato desgraçada. — para lavar minha alma, outra tapa colidiu forte o suficiente para jogá-la no chão me deixando até feliz.
Assim que saiu, outros dois vindo dela carimbaram a minha face e não consegui conter minhas lágrimas.
— Te odeio! Desde que chegou aqui não tem me rendido nenhum dinheiro. Franco ficou te divulgando há dias e de 28 meninas só vendemos 12 por você ter virado a sensação, desgraçada.
Foi tudo tão rápido que quando dei por mim, estava caída no chão sentindo o chute que levei em minha barriga.
— Fica triste não, só estou amaciando a carne para seu novo dono.
Levei mais dois chutes com a certeza que terei que usar uma força sobre-humana para ficar em pé. Após um tempo tentando levantar desisti e esperei a dor passar.
Dediquei meu tempo a pedir a Deus que meu noivo viesse me tirar daqui!
Com medo de levar outro chute, enxuguei as lágrimas e exigi mais do meu corpo para ficar de pé. Me tremendo de dor, estiquei-me ficando ereta e olhei a minha volta notando alguns olhares em minha direção.
Estou em uma casa com muitas mulheres e me mantive afastada com medo de fazerem alguma maldade comigo, já bastava a madame me batendo sem motivo algum e por conta disso me isolei de todas. Como minha mochila veio comigo, no dia do sequestro aproveitei para desenhar e só assim consegui fugir desse pesadelo.
Rabisquei eu mesma com um lindo vestido branco e um buquê pequeno com dálias negras, minhas favoritas. Mais adiante rabisquei meu noivo de costas para mim.
Sorri com a imaginação do meu casamento arranjado quando tinha apenas dez anos.
Julguem-me se quiser, mas o amo mesmo não me recordando do seu rosto e as únicas coisas que tenho em minha cabeça é que mantém uma paixão por vinhos que me confidenciou no nosso noivado e uma pequena cicatriz em seu queixo, que ganhou por invadir o vinhedo da família ainda na sua infância.
Também me recordo das poucas palavras que ficarão eternizadas na minha mente: Tem um sonho, Alessa?! Vá atrás, estude, aprenda como conquistá-lo, pois só assim viverá feliz!
Sua voz imponente vogou em minha cabeça todos esses anos e daí em diante me dediquei aos meus estudos, fiz vários cursos de arte que mesmo sem dinheiro, meu pai para se redimir por tudo que me fez, deu-me os melhores professores da arte da Itália e alguns da França também.
Se não fosse por meu noivo, jamais saberia que fui vendida, visto que fez questão de me dizer isso segundos antes de ir embora. Naquele momento vi que não aceitava essa situação de uma criança ser vendida para manter uma vida regalada, já que foi por esse motivo que fui negociada!
Sou a peça chave para a junção das dinastias do vinho de Piemonte e mais uma vez serei vendida. Decidi deixar de lado meus pensamentos. Foquei em terminar meu desenho e quando dei por mim já anoiteceu.
— Vai se banhar e use a roupa que está à sua espera. — disse a madame e logo me deixou sozinha.
Após eu e mais 12 mulheres ficarmos prontas seguimos para um palácio onde me senti violada pela forma como fui exposta, que preferi a morte.
Abriram sem pudor minhas pernas e registraram em uma foto, a minha intimidade para comprovar minha pureza.
Depois me enfiaram em um vestido tipo ou similar ao de uma noiva, só que transparente deixando meus seios parcialmente visíveis. Meus cabelos e maquiagens foram feitas para me deixar com cara de anjo ao contrário das outras. Todas com roupas, na verdade, lingerie com cores chamativas e maquiagens bem extravagantes.
— Domenico tire-me daqui. — sussurrei como se fosse o suficiente para me achar.
Fui tirada dos meus devaneios com as mulheres ficando de pé, assim que o homem que bateu na madame entrou em nossa suíte novamente.
— Está divina. — me alisou devassamento, me causando repulsa —, você me deixará rico essa noite. Vamos, é a próxima.