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Me mostre o seu mundo

Ele se aproximou de mim, tirando uma mexa de cabelo do meu rosto, quando começou a falar:

_ Infelizmente, agora faz.

_ Eu não...

_ Quando você me salvou, meu anjo. Você declinou para o meu mundo. Os homens que viram você, poderão atentar contra a sua vida.

Meus joelhos fraquejaram, minhas pernas estavam bambas, me apoiei no muro de pedra.

_ Mas eu não fiz nada.

_ Se você não tivesse me ajudado, talvez aquele teria sido o meu fim. Os meus homens estavam a minha procura, mas me perderam por alguns minutos que poderiam ter sido cruciais.

_ Raffaele disse que você tem mais de sete vidas.

Ele riu.

_ Algo que dizem por aí. Mas não acredite em tudo o que ouve, anjo. Pergunte, o que quer saber ao meu respeito, vou tentar sanar todas as suas dúvidas.

Respirei fundo. Eu queria saber mais, eu estava curiosa a respeito daquele belo e perigoso homem.

_ Você machuca pessoas?

Ele sorriu novamente.

_ Você sabe que sim. Naquela noite não fui o único a apanhar, eu me defendi. Geralmente, não perco muitas lutas. Mas naquela noite eu estava embriagado, fiquei em desvantagem quando meus homens me perderam. Foi por isto que corri risco. Pergunte....

Ele alisou meu rosto. E seu toque me causou arrepios.

_ Você tem namorada?

_ Eu não namoro. E você?

Eu fiquei vermelha, eu sabia que sim. Minhas bochechas estavam quentes demais.

_ Nunca namorei.

Ele tensionou o maxilar, como se engolisse o que queria dizer. Mas depois de um silêncio embaraçante ele quebrou o silêncio.

_ Você tem mais alguma pergunta? _ ele me estudava atentamente.

_ Não. _ a maneira como ele estava me olhando me deixava nervosa, pois ele olhava meus lábios.

_ Preciso te levar para a casa.

Ele não pegou a minha mão na volta para o carro. E o ato me decepcionou um pouco. Eu deveria ter perguntado mais sobre ele. Mas algo na maneira como ele se movia e me olhava me fazia ficar sem fôlego e sentir um calor anormal em meu corpo.

O percurso até minha casa foi silencioso até chegarmos na minha rua.

_ Eu vou pedir para que meus homens te deem mais espaço. Mas a proteção continua! Eles apenas manterão uma distância segura para te deixar confortável. Mas nada de fugas!

_ Obrigada. Eu prometo que estou tentando aceitar tudo isto.

_ Já é um início, Anna.

Eu sorri para ele. E Deus, ele sorrindo para mim, ficava ainda mais bonito. Ele se aproximou lentamente, se curvando sobre mim quando coloquei a mão para abrir o carro.

Eu podia ver os detalhes perfeitos de seu rosto, mesmo com as marcas leves da agressão, ele parecia perfeito demais.  Seu olhar era perigoso e o meu coração alterou as batidas quando os seus lábios preguiçosamente passaram pelo meu rosto, pousando um beijo demorado em minha bochecha.

Quando ele se afastou eu estava em transe, olhando para ele que sorria.

_ Nos vemos em breve, Anna.

Eu reuni as minhas forças junto com as minhas bolsas e desci do carro fazendo de tudo para não olhar para trás.

Quando entrei em casa, vovó limpou a garganta.

_ Boa noite, Anna. Quem era o homem bonito que te trouxe?

Quase pulei do susto, eu pensei que ela estaria dormindo.

_ Apenas um amigo da faculdade, vovó. _ tentei parecer convincente.

Eu nunca mentia, eu nunca tinha mentido em toda a minha vida. Mas de repente a minha vida já não era como antes.

Ela parecia ter acreditado no que eu disse, pois seguimos por um tempo em uma conversa amigável sobre a quermesse que em breve aconteceria.

Quando fui para a cama, antes de dormir, Salvatore veio a minha mente bagunçar com a minha sanidade.

***

No outro dia quando sai de casa pela manhã, não tinha carro me esperando e eu agradeci por isto. Comecei a caminhar pela rua. Era o meu dia livre da faculdade e eu queria passear um pouco, distrair a minha cabeça de tudo o que estava acontecendo.

Mas o destino reservava algo diferente, pois de uma das pequenas vielas um homem pulou na minha frente e me arrastou com ele para um beco.

Eu não podia gritar, ele estava tampando a minha boca, o pânico tomou conta de mim. Eu tentava escapar, mas ele era muito mais forte do que eu. Lembrei das palavras de Salvatore me advertindo sobre os riscos que eu estava correndo. Lágrimas desceram em meu rosto, minha bolsa estava jogada no chão e o homem se esfregava em meu corpo.

_ Fique quietinha, vai ser melhor...

Um disparo foi feito, o homem que me segurava caiu no chão gemendo e eu gritei. Na minha frente estava Salvatore com um olhar totalmente diferente do que eu já tinha visto. Ele me segurou e me puxou para ficar atrás dele.

_ Eu vou te matar bastardo! A próxima bala vai ser no coração! _ Salvatore gritou.

Ele apontou a arma para o homem que só gemia de dor. Sem pensar eu puxei a camisa de Salvatore.

_ Salvatore, por favor, não o mate... não quero isto.

Ele parecia travar uma luta interna. Mas me puxou para os seus braços e me tirou dali, me levando para o seu carro. Ele acelerou, e eu estava tremendo, limpando as lágrimas que desciam. Eu não conhecia Salvatore, o pouco que tivemos por mensagens, por conversas não eram o bastante.

_ Você está bem? Escute, sinto muito por isto. Eu posso te levar para algum lugar divertido...

Ainda com a adrenalina e a dor em meu peito, eu disse:

_ Eu quero te conhecer, quero ver o seu mundo.

Ele parou o carro bruscamente e me olhou por um momento, secando minhas lágrimas. Foram longos os minutos que antecederam a sua fala:

_ Tudo bem. Vou te levar para um acerto de contas. Mas será do meu jeito, você vai obedecer e ficará em segurança.

Eu apenas concordei e ele voltou o carro para a estrada. Até parar de frente a um galpão abandonado. Descemos e ele segurou a minha mão me levando para dentro. Os seus homens estavam lá, eu ja conhecia grande parte deles. Raffaele se aproximou, me olhou, mas suas palavras foram para Salvatore.

_Os homens vão desarmá-los assim que entrarem, assim será seguro para que você desça.

Rafaelle apontou para baixo, mostrando os homens entrando em ação. Tudo foi muito rápido alguns homens entraram no galpão sendo surpreendidos e rendidos por vários homens de Salvatore, a luta teve início.

Vi que eram os mesmos homens que agrediram Salvatore e rapidamente falei.

_ São os homens daquela noite, que te machucaram.

Raffaele, desceu correndo as escadas. Salvatore tirou algo de seu bolso e colocou em meus ouvidos, me entregando seu celular.

_ As coisas ficarão violentas, se sentir medo escute a música que preparei para você.

Ele beijou minha testa e desceu as escadas. Eu vi quando um homem avançou para cima dele. Mas ele rapidamente o acertou com um soco nocauteando-o. Ele seguiu, em ação. Todos combateram, realmente eles não estavam usando armas. Talvez porque queriam informações e matar não ajudaria, comecei a imaginar. Minhas mãos tremiam e eu aumentei o volume. Eu estava ouvindo Beethoven, como trilha sonora para a cena violenta que eu estava assistindo, como se fosse um filme do cinema. Estranhamente meus olhos não saíram de cima de Salvatore, ele era uma máquina potente, sagaz e violenta. Sua camisa estava cheia de sangue e não era o dele. Ele ergueu o seu olhar e sorriu para mim, isto fez o meu coração falhar por um segundo, eu estava atraída por ele.  A sua violência já não me parecia tão assustadora e eu queria ficar mais perto de Salvatore.

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