Capitulo 4
Ryder
No começo Noah não queria ir para a escola, eu sentia falta dele e quase chorei ao vê-lo saindo para a escola; meu menino está crescendo.
Eu sou louco pelo meu menino. Desde o momento em que nasceu ele se tornou o centro do meu universo. Pena que a mãe dele nunca pensou assim. A única coisa que ela sabia fazer era pedir dinheiro para ir a shoppings, salão de beleza, essas coisas.
Só pensava nela e nunca no nosso filho. Ah, se arrependimento matasse eu estaria morto e enterrado. Realmente eu não sei como me envolvi com ela, sem saber que era uma mulher fútil e mimada que queria todas as coisas do seu jeito. Vejo meu filho saindo da escola, descemos do carro e, quando ele vê a minha mãe corre para os braços dela. Sei que os dois eram muito unidos e essa certeza me fez perceber como Noah sente falta de uma companhia feminina.
— Nossa, eu não ganho nenhum abraço? — Faço uma expressão triste.
— Papai, papai — meu Noah me chama, abraçando e querendo ser abraçado com força; essa era nossa brincadeira de abraçar, como se tivesse um laço nos amarrando, e lá eu estava recebendo o abraço dele, que me fez ver que ele já estava um homenzinho.
— O papai estava com saudade. Como está, meu filho? — eu pergunto depois que a gente se afasta e ele se despede da professora. Entramos na caminhonete e seguimos direto para a fazenda, sempre brincando. Ele vai contando como tinha sido o dia de aula e eu fico atento, ouvindo tudo.
Chegamos à minha fazenda e posso te dizer que aqui é o meu lar; sempre digo que, quando morrer, quero ser enterrado aqui mesmo. Claro que todos ficam horrorizados com o que eu digo sobre a morte, mas depois que você a vê tantas vezes de perto, chega até o ser natural eu pensar desse jeito. Minha fazenda tem todos os tipos de criação de animais e plantações, é um lugar enorme. Desde que Noah nasceu eu mostrava a fazenda para a minha ex, que achava um absurdo eu querer viver no mato. Estaciono a caminhonete em frente ao casarão, minha casa é boa mesmo, em tudo. Meus irmãos e eu sempre cuidamos de tudo, desde arrumar a casa e até mesmo lavar a louça. Uma vez por semana vem uma faxineira para a limpeza mais pesada ou a esposa de alguns dos peões vinha para ajudar, em agradecimento, afinal eles tinham casas aqui mesmo na fazenda e seus filhos eram matriculados na mesma escola que o meu. Para mim todos éramos iguais e não fazíamos distinção de nada.
Noah sai correndo, quando a porta se abre e aparece um dos meus irmãos. As mulheres ficam loucas quando os veem, mas vou contar uma coisa: eles podiam ser galinhas, mas respeitavam meu filho e nunca traziam suas conquista para cá, em sinal de respeito a mim e ao Noah.
— Oi, mamãe, chegou seu filho preferido — meu irmão Dominic fala fazendo carinho na minha mãe.
— Não acredita nele, mãe. Lembre-se que eu sou seu preferido — brinco, olhando para ela e piscando o olho. Ela dá uma risada.
— Não acredito, mãe, que você prefere essa coisinha aí. — Nem reparo que meu irmão caçula, Jesse, chega, se fazendo de coitado.
— Parem com isso, meninos — minha mãe nos chama a atenção e balança a cabeça como se dissesse: esse aí não tem jeito.
— É, Ryderzinho. Pode parar. — Dominic é um idiota mesmo, mas fazer o quê? Eu amava aquele besta.
— Para de me chamar assim, coisinha fofa! — eu respondo, o fazendo ficar doido. Quando dou por mim, já estava correndo dos meus irmãos. Sei que a gente parece criança, e meu filho fica ali, querendo brincar com a gente e chamo-o:
— Vem, filho. Vamos mostrar para o Shrek do seu tio Dominic e para o burro do tio Jesse que nós somos os preferidos.
Não precisei falar duas vezes e ficamos ali brincando, como se não tivéssemos nada para fazer. Naquela hora esquecemos que éramos adultos e voltamos a ser crianças. As nossas brincadeiras nunca eram ofensivas, mas minha mãe gritava:
— Vocês são um bando de crianças levadas, parecem que tem a idade do Noah — ela nos fala e entra. A gente para de brincar, chego para eles e digo:
— Precisamos conversar. — Eu faço uma cara de suspense, deixando os dois doidos.
— Fala logo, Ryder — exige meu irmão Jesse.
— Vamos logo, Ryder, você demora demais — pede Dominic.
Todos que nos veem juntos acham que somos trigêmeos e não é verdade. A diferença entre nós é de dois ou três anos para cada. Ali, sem a nossa mãe ouvir, eu conto sobre a casa e também sobre a floricultura e não dá outra, os dois concordam logo. Resolvemos fazer uma surpresa, pois temos certeza de que meu pai vai adorar a ideia, ele também gosta de flores. Com isso em mente, entramos e fomos nos limpar, depois corremos para a cozinha por que tinha um almoço nos esperando. Penso que não existe nada melhor do que um almoço preparado por nossa mãe, e nessa hora eu sinto falta do meu pai. Fazemos a nossa oração e começamos a almoçar, a refeição é uma das que mais amo: frango no molho com polenta. Amo minha mãe, é a melhor cozinheira e, com certeza, melhor que a chef.