Capitulo 3
Ryder
Fico um bom tempo distraído. Só me dou conta que a menina está me chamando quando ela faz alguns gestos. Acordo do transe e olho em volta, querendo saber quem estava me chamando atenção.
— Senhor Dragonni? Senhor? — a menina Amy me chama a atenção e olho para ela sem entender nada.
— Aconteceu algo? — pergunto confuso.
— Senhor, ficou distraído — ela fala e me desculpo, afinal, eu voltei a pensar no meu passado; a única coisa boa que restou desse passado foi meu filho, Noah. — Então, senhor, eu queria te perguntar uma coisa.
Fico pensando no que poderia ser, e espero que não seja para sair com ela, que é uma adolescente e disso eu fujo como o diabo da cruz. Eu dou valor à minha saúde mental, já chega de me relacionar com meninas mimadas. E tem mais, meu irmão com certeza iria me matar se eu chegasse perto da Amy.
— Do que se trata? — indago, esperando não me arrepender.
— Eu tenho uma amiga que é chef de cozinha — a menina fala.
— Mas não estou procurando uma chef de cozinha, preciso de um cozinheiro. — conserto-a. E mais, ela usou o feminino, que significa mulher e isso eu não quero de jeito nenhum.
— Senhor Dragonni, ela é ótima e cozinha superbem — a menina fala toda empolgada e me faz ver que era mesmo uma adolescente.
— Eu imagino, só que eu procuro um cozinheiro — digo em tom mais ameno.
— Que pena! Ela seria uma ótima funcionária — comenta em tom de tristeza.
— Pois é uma pena, mas não daria certo, porque moro numa fazenda onde só têm homens — digo logo querendo dar um fim àquele assunto.
— Eu entendo. Vou pedir para fazerem um anúncio para você. Posso enviar no seu e-mail o modelo para sua aprovação? — ela me questiona.
— Sim, pode. A senhorita tem todos os meus dados. Qualquer coisa entra em contato comigo.
— Tudo bem então, senhor Dragonni.
Me despeço e saio de lá olhando o relógio, até que vejo que está quase na hora de eu pegar o Noah na escola. Andando de volta ao carro, me pego incomodado com as palavras daquela menina. É estranho, pois nunca fiquei preso às palavras dela e sei que é uma besteira me apegar àquelas simples palavras, mas era como se dissessem para eu voltar e pegar o número da tal amiga. Não posso fazer isso. Colocar uma mulher dentro de casa não é uma boa coisa.
— Tudo bem, filho? — minha mãe pergunta curiosa.
— Sim, mãe, tudo bem — eu respondo.
— Você está estranho! — ela supõe.
— Estranho como? — indago confuso.
— Como se estivesse em dúvida. Algo aconteceu? — ela me pergunta.
— Mais ou menos — respondo sem perceber.
— Me conta então, filho — ela pede, preocupada com algo que tenha acontecido.
— Deixa pra lá, mãe — eu respondo, não querendo comentar sobre o que aconteceu.
— Deixa pra lá nada, Ryder. Conta-me de uma vez o que aconteceu. — Nossa! Esqueci-me de falar que a minha mãe era um doce, mas quando queria saber de algo era como se fosse um detetive e não descansava enquanto a gente não contasse tudo.
— Ok, mãe, a senhora venceu. — Solto um suspiro ao ver que ela não iria desistir.
— Muito bem, estou ouvindo.
— É uma coisa besta. — Eu ainda tento ver se ela muda de ideia, mas está me olhando fixamente com aquele olhar que dizia “não vou desistir”. Droga. — Bom, é o seguinte: a senhora sabe que eu fui ao jornal colocar um anúncio. — Ela assente em concordância e eu continuo. — Pois então, a recepcionista, que é uma adolescente, me disse que tem uma amiga chef de cozinha. — Minha mãe fica surpresa e me fala:
— Nossa, meu filho! — diz ela.
— Estranho, não? — eu pergunto, mais para mim do que para ela.
— Pode ser, mas por que você não a contrata?
Espera aí! Acho que minha mãe se faz de surda às vezes, só que se eu pronunciasse isso em voz alta ela esqueceria que eu sou um adulto e me bateria, com certeza.
— Mãe, a senhora esqueceu que eu não quero contratar uma mulher? — eu pergunto em um tom mais ameno.
— Claro que não, meu filho!
— Então?
— Ryder, acho que você deveria contratar essa chef de cozinha.
— Não posso — nego, querendo pôr um ponto final nessa história.
— Filho, você já pensou que ela pode ser uma senhora de idade? — ela me pergunta e isso não me passou pela cabeça. Se fosse assim, até que seria uma boa ideia.
— É, vou pensar, mas algo me diz que eu deveria voltar lá e pegar o número dela — comento com a minha mãe, lembrando o que estava acontecendo comigo agora a pouco.
— Pois então, Ryder, volta lá e pede o número da senhora chef!
— Agora não dá, tenho que pegar o Noah. — Só de falar no nome do meu filho ela se desmonta toda, pois é louca pelo meu menino.
— Ok, vamos pegá-lo, estou morrendo de saudade. Você não tem o número de lá?
— Acho que sim. — Eu penso um pouco.
— Meu filho, é até bom que seja uma senhora!
— Por quê? — pergunto confuso.
— Assim ela vai poder fazer coisas para vocês! — fala.
— Fazer o quê, mãe? Seria só comida mesmo — eu respondo, sem saber se estava fazendo a coisa certa, mas a minha intuição dizia que sim.
— Ela pode até ser boa para o Noah, que tem que comer direito e comida de criança não é aquela bomba que vocês dão para ele comer.
— Bomba? Do que a senhora está falando, mãe? — pergunto sem entender.
— Besteiras, filho. Doces, salgadinhos etc.
— Ok, ok. Calma, ele vai comer — eu digo, chegando por fim à escola dele.