Capitulo 5
Mia
— Puta merda — eu grito ao ver o vídeo do verme. Era isso que ele era.
Pego o celular, o atiro na parede e começo a chorar de raiva, porque amor mesmo eu nem sentia. Era aquela velha história, nossas famílias se conheciam mesmo antes de a gente nascer, conforme fomos crescendo sempre ouvíamos que a gente ia namorar e casar. O engraçado era que acabamos mesmo namorando e noivando. Meus pais ficaram nas nuvens, afinal, eu como única filha deles e herdeira, tinha que assumir os negócios da família um dia; não deu outra. Acabei trabalhando como executiva. Apesar de gostar do meu trabalho, eu acalentava um sonho: ser chef de cozinha. Se meus pais soubessem ririam de mim, afinal, como herdeira eu tinha que trabalhar na empresa da família e não ser uma simples chef de cozinha.
— Algum problema, Mia? — me pergunta a minha amiga Isabelle, que eu nem tinha visto entrar em meu quarto.
— Você não vai acreditar! — eu falo, tentando recuperar a respiração, porque fiquei ofegante do nada.
— Acreditar em quê? Do que você está falando? — Isabelle me questiona, confusa.
— Aquele filho da puta do Nico — respondo, ofegante.
— Calma, Mia, você está alterada. Não fale palavrão que sua mãe tem um ataque. — Isabelle tenta me acalmar.
— Você está certa. Vou te mostrar uma coisa que me mandaram — falo, olhando para ela.
— Do que se trata? — Isabelle me pergunta, curiosa.
— Disso.— eu respondo indo até o chão e pegando meu celular, que nem sei como, não se espatifou quando o joguei na parede.
— Só uma pergunta. O que seu celular está fazendo no chão?
— Pois é, vou te falar, ou melhor, você vai assistir — eu respondo, ligo o celular e vou até a pasta do arquivo que me mandaram no Whatsapp. Enquanto a belle assistia, eu estava ali, distraída e pensando em como estava sendo enganada pelo meu próprio namorado.
— Filho da puta. — A ouço falar e dou um sorriso, agora aliviada.
— Ele é mesmo — respondo, concordando.
— Mia, de quem você recebeu esse vídeo?
— Não sei, Belle. Só sei que aquele filho da puta está acabado — digo, sentindo-me mais tranquila.
Agora eu sabia o que havia de errado com ele esses dias. Começaram a vir, como se fossem flashes, lembranças da gente e do jeito que ele andava estranho. Era por isso, por que ele estava com uma vagabunda siliconada? Sempre que eu perguntava algo para aquele idiota, ele nunca me falava nada e sempre desconversava.
— O que você vai fazer, Mia?
— Vou terminar meu relacionamento com ele! — Essa era a resposta mais certa do que eu iria fazer. Meu relacionamento já tinha acabado.
— Viva! Viva! — ela dá um grito e eu realmente não deveria ficar surpresa. Belle nunca foi com a cara dele.
— Nossa, isso é que é animação — comento com ironia.
— Ah, vai Mia. Não sei porque você continuou com esse relacionamento.
— Nem eu mesma sei, só sei de uma coisa: ele que me aguarde.
— Seus pais não vão gostar nada de você se separar dele.
— Meus pais não têm o que querer — digo, recebendo um olhar de dúvida. — O que foi?
Olho para ela sem entender, porque parou de falar de repente.
— Mia, você deixa seus pais comandarem a sua vida até hoje, e olha que já se passaram anos desde que você saiu da adolescência.
Nisso eu tinha que concordar. Sempre deixei meus pais mandarem em mim e no final estava sendo mandada pelo Nico, que acabou ficando autoritário.
— É verdade, mas agora chega — eu falei. Vou dar um basta nisso, penso comigo mesma.
— Já passou do tempo, menina, e vê se eu deixo meus pais mandarem em mim? — Belle me faz a pergunta e olho para ela. Essa menina era a diabinha em forma de pessoa; seu pai era um amor, mas a sua mãe até hoje tentava mandar na vida dela.
— Sabe, eu sempre senti uma ponta de inveja sua! — comento e percebo que ela ficou surpresa, mas era verdade. Observo Belle se sentar na minha cama, olho ao redor e vejo que tudo no meu quarto era de luxo; penso comigo: será que preciso de tudo isso que está aqui?
— Do que você tem inveja, Mia? Olha esse belo quarto, a sua casa é linda!
— Mas do que adianta ter luxo e não ter carinho dos meus pais?
— Ah Mia, não fica assim não! — Ela vem até mim e me abraça.
— Não é para ficar, Belle? Meu pai queria que eu tivesse nascido homem, como ele sempre jogou na minha cara. — Acabo chorando.
— Por que você nunca foi embora dessa casa, Mia? — Belle me pergunta.
— Eu queria ser amada por meu pai, mas nunca fui; minha mãe é uma mulher frívola que só sabe fazer uma coisa: ir ao shopping gastar.
— Ah Mia, não se sinta assim — Belle pede.