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3 - Me dê um motivo para eu não fazer

O homem sentado no escuro, têm sua aparência refletida apenas quando os trovões e relâmpagos lá fora invadem o quarto atravessando a cortina da janela aberta, ele fica imóvel observando Kaira que parece estar em transe, ela não consegue manter os seus olhos por muito tempo abertos, mas cada vez que ela enxerga aquela silhueta a observando como um predador na imensidão escura daquele quarto o seu corpo se arrepia e o medo a domina, as lágrimas escorrem dos seus olhos, enquanto ela luta para tentar se mover, mas seu corpo não obedece. Sua respiração acelera quando ela enxerga o homem levantar-se e a cada passo que ele dá, os trovões e relâmpagos lá fora, deixam aquele momento mais assustador. Ele para na ponta da cama, a observando de cima, quando a claridade atinge o seu rosto, ela fica com medo do sorriso assustador que ele sustenta nos lábios.

– Enfim, achei você! – Ao ouvir aquelas palavras Kaira tenta manter o seu olhar na figura parada na sua frente aproveitando os pequenos flashes de luz, ela se encolhe quando sente a mão dele atingir a sua cintura.

– Por fa-vor. – Diz ela pausadamente.

– Por favor, o quê? – Questiona o homem devorando-a com o olhar. – Você agora pede por favor? – Ela gela ao sentir a pressão do corpo dele sobre o dela. – Implora para eu não tocar você, então me dê um motivo para eu não fazer. – Ele aproxima o seu rosto do dela, ela encara aqueles olhos negros como a noite e seu corpo treme com a tensão daquele momento, ela quer gritar, mas parece que está com um nó na garganta e nada que ela diz se faz audível. – Eu sabia que te encontraria. – Ele cheira o pescoço dela e dá um beijo próximo dos seus lábios, fazendo ela virar o rosto.

– Não faça isso, por favor. – A voz dela é fraca, ela soluçava sem parar, enquanto seu corpo continua tremendo com o medo presente.

– Você agora é minha, para sempre minha e quando terminarmos será o dia da sua morte. Lembre-se dessas palavras, pois é tudo que você ganhará. – Ele rasga o vestido dela de forma violenta, ele encara o olhar assustado daquela mulher e naquele momento por mais que ele queira traumatizá-la tocando seu corpo sem delicadeza, ele não tem certeza se quer fazer aquilo, ele repara que ela está lutando para manter-se acordada, então percebe que ela está drogada, ele por um momento fica com pena dela e quando se dá conta do seu sentimento, ele dá um tapa na cama ao lado dela, fazendo-a se contrair mais um pouco, ele levanta-se e resmunga para si. – Ela merece, ela merece, tudo que você fizer, ainda será pouco. – Mais uma vez ele se debruça sobre ela, mas aquele olhar perdido, cheio de lágrimas implorando por misericórdia o impedem de tocá-la. – Droga! – Resmunga ele. – Você me decepciona, você é um fraco, como não consegue fazer isso? – Diz ele para si enquanto a observa. – Você irá para casa do seu marido amanhã. – Diz ele se aproximando novamente. – Nunca mais na vida você terá felicidade, você sofrerá diariamente, sem ter como fugir. – Ele a observa novamente e sai do quarto batendo a porta, ele vai até à garagem do hotel o seu motorista abre a porta do carro. – Você ficará como o segurança dela, se algo acontecer você estará morto. Peça a alguém para comprar um vestido para ela e pela manhã leve-a para a mansão. – Ele estende a mão e o motorista entrega a chave do carro, sem soltar uma palavra, o homem entra no carro e sai do estacionamento acelerando tentando controlar a sua frustração.

Kaira tenta se movimentar, mas não consegue, ela chora até suas lágrimas secarem e lentamente sente o seu corpo parar de tremer, ela suspira aliviada por aqueles momentos tensos terem chegado ao fim. Ela adormece na posição que ele a deixou, com o vestido rasgado e ainda calçando o seu salto alto. Na manhã seguinte, ela acorda sentindo a sua boca seca e seus olhos pesados, ela faz um enorme esforço até conseguir os abrir, antes de se mexer ela observa todo o ambiente na sua volta e percebe que não está no seu quarto, ela senta-se rapidamente na cama sentindo sua cabeça rodar e doer como se estivesse com uma baita ressaca, ela continua com seu raciocínio lento e aos poucos ela vai assimilando as coisas, quando ela observa que está seminua com seu vestido rasgado, ela se assusta.

– Nãooooo, isso não. – Mesmo gritando, a sua voz é tão baixa que ninguém a escutaria se ela gritasse por socorro, ela passa a mão no seu corpo assustada, sem ter certeza se foi ou não abusada, pois seu corpo parece estar anestesiadonaquele momento, e ela não sente nada, seu choro agoniante invade o ambiente, enquanto ela se esforça para sair da cama, logo que consegue ficar de pé, ela cai no chão no primeiro passo que dá. – Por favor meu Deus, por favor. – Implora ela com seu rosto colado ao chão. – O que aconteceu? Onde eu estou? – Questiona-se chorando. – Ela tira os saltos e novamente se esforça para levantar, ela usa os móveis do quarto para se apoiar e caminha pelo quarto, ela abre uma porta que é o banheiro, ela vai usando a parede até chegar no chuveiro, ela deixa a água gelada escorrer pelo seu corpo, enquanto se esfrega, ela deseja que ninguém tenha a tocado, suas lágrimas se misturam com a água que cai do chuveiro e ela reza baixinho. Quando ela consegue sustentar seu corpo, sem precisar se apoiar, ela sai do banho e se enrola num roupão, seu coração acelera ao sair do quarto e avistar o homem de terno parado em frente a porta. – Ai meu Deus. – Diz ela levanta a mão ao peito, sentindo as batidas fortes do seu coração. – Quem é você?

– Sra. Keller, me desculpa por te assustar. – Ela encosta-se na parede tentando assimilar o que ouviu.

– Senhor, você errou de quarto, por favor, saia. – Ela pede com a voz trêmula.

– Seu marido pediu para entregar isso a você, te espero ali fora, para te levar até a sua nova casa. – Diz ele deixando o vestido sobre a cama, ela observa todo o quarto tentando achar um telefone, sem sucesso, pois foi retirado antes da sua chegada, ela desliza o seu corpo na parede e coloca a cabeça entre suas pernas tentando se acalmar.

– Por favor Deus, me ajuda a sair daqui, me mostra uma luz ao fim do túnel, não me abandone. – Ela Implora em lágrimas, sem ter lembranças da noite passada. – O que eu fiz? Mamãe, se a senhora está me ouvindo, me ajuda, não me deixa desamparada. – Ela escuta as batidas na porta.

– Por favor senhora, não demore, ele não gosta de esperar. – Diz o homem que está aguardando lá fora.

– Eu não vou fazer isso, eu não vou sair para nenhum lugar com você. – Grita ela desesperada.

– Senhora, não dificulte, eu tenho ordens para levá-la a força, seja boazinha e me ajude com isso.

– Pensa Kaira, pensa. – Ela suspira e se veste, saindo do quarto com seu salto na mão.

– Senhora, coloque os seus sapatos, por favor.

– Não, ele está me machucando. – Diz ela caminhando na frente dele, ele a segura pelo braço.

– Me desculpa, mas ande perto de mim. – Ele a guia até a garagem, que já tem um carro estacionado os esperando, quando ele abre a porta de trás para ela, Kaira aproveita e bate o salto na mão dele e sai correndo dali, tentando se salvar. – Que droga. – Resmunga ele removendo o salto que ficou preso em sua pele, ele fecha os olhos ao puxar e em seguida pressiona o sangue e vai atrás dela.

Kaira corre sem direção, quando ela alcança a rua, ela encontra um rosto familiar e sorri aliviada abraçando-o.

– Graças a Deus! Me ajuda papai. – Pede ela desesperada e, ao mesmo tempo, aliviada.

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