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2 - Aceite o inferno na sua vida

No início da noite Kaira está em seu quarto, alheia de todos os planos da sua família, ela está conversando com sua melhor amiga Lucy Moon pelo messenger.

" Lucy, não acredito que você está participando disso." – Kaira acha estranho todo alvoroço que as solteiras estão fazendo, para se casarem com um desconhecido e o que mais assustada ela são os motivos. – " Tipo, eu não me importo que ele tenha uma doença, sempre achei cruel a forma que se referem a ele." – Kaira planeja ser médica e uma das possíveis áreas de atuação que ela se interessa é a cirurgia plástica. – " Casar com alguém desconhecido já é bizarro o suficiente, mas imaginar que a escolhida planeja engravidar, esperando a morte do pai do seu filho, para ser herdeira de tudo, é nojento." – Ela não consegue se convencer que isso é aceitável.

" Eu sei, mas convenhamos um casamento por contrato, onde no final você será a dona de tudo, a mulher mais rica desta cidade, é realmente atraente." – Responde Lucy sonhando em ser a escolhida. – " Você realmente vai ficar fora disso?"

" Mesmo se eu quisesse, não poderia o Sr. Keller pediu pelas filhas mais bonitas e minha família escolheu a minha linda irmã Norabel." – Ela responde rindo. – " Não existe dinheiro no mundo que compraria minha paz de espírito, eu gosto da minha vida livre e, além disso em breve eu irei para Inglaterra conhecer o meu amado." – É possível ver o brilho no olhar dela, ela abre uma foto e observa o homem loiro de olhos verdes esmeraldas, sorriso com os dentes tão brancos que são capazes de iluminar um ambiente, seu físico é atlético, o homem da foto é Flinn Bennett, um famoso advogado em Londres, Kaira e ele estão num relacionamento a distância a 1 ano.

" De novo falando desse tal Flinn, se ele te ama como diz, por que não vem te ver?" – Responde Lucy com desdém, pois sua amiga suspira por esse desconhecido. – " Você está sendo uma mulher idiota, quase 19 anos, virgem, com um namorado que nunca viu pessoalmente, ele deve sempre dormir no meio das pernas de alguém." – Lucy não acredita em relacionamentos a distância.

" Para de ser maldosa, nosso amor é sincero, vai muito além do físico, você não entenderia." – Ela escuta as batidas na porta. – " Amiga, preciso ir, alguém bate na minha porta. Te amo." – Ela levanta-se e vai até à porta.

– Filha, como você está? – Ela olha o horário no seu relógio de pulso, levanta a sobrancelha perguntando-se o que seu pai faz ali. – Senti saudades de quando tomávamos chá juntos e falávamos sobre a mamãe, ela faz uma falta não é? – Ele observa a emoção no olhar dela e o quanto ela segura-se para aquelas lágrimas não caírem. – Trouxe para você! – Ele estende a xícara na direção dela, que continua paralisada segurando a porta, ela sorri e aceita.

– Obrigada papai. Ela realmente faz muita falta, eu gostaria tanto de vê-la novamente, nem sonhar com ela eu consigo. – Diz ela com lágrimas escorrendo, falar sobre sua mãe é sempre doloroso, ela dá leves assopradas no chá e começa a beber. – Entre, fique à vontade. Eu estou bem e o senhor como está? – Ela fecha a porta para eles terem privacidade, fazia tempo que seu pai não a procurava.

– Estou bem, hoje eu vou entregar a minha filha para o Sr. Keller, ele a escolheu. – Ele diz com uma leve tristeza na voz. – E agora, não sei se estou confortável com isso. – Ele observa ela beber o chá com gosto.

– Então ele a escolheu! Não me surpreendo, Norabel é linda, o senhor sabe que não concordo com isso. Se está com dúvidas papai, não faça isso, não entregue a sua menina para um desconhecido. – Logo que termina de falar, ela começa a se sentir tonta e deixa a xícara cair no chão se quebrando em vários pedaços, ela leva a mão a cômoda e antes de apagar ela sussurra. – Papai, me ajuda. – Caio a segura nos braços, antes que ela atinja o chão, ele a coloca na cama.

– Me desculpa filhinha. – Ele dá um beijo na testa dela segurando as lágrimas, quando ele sai do quarto Norabel e Magdalena estão do lado de fora. – Ela está pronta. – É tudo que ele diz indo para o seu escritório, ele acabou de drogar a sua filha para entregar a Fera de Lucerna.

As duas mulheres entram no quarto e vestem Kaira com uma lingerie vermelha, completando com uma cinta liga, elas vestem ela num vestido curto, decotado e muito justo em seu corpo, marcando as suas curvas, colocam um salto alto vermelho, soltam os cabelos dela e fazem uma maquiagem ousada. Durante todo o processo Kaira acorda várias vezes desorientada, tendo alguns flashes do que está acontecendo, sem poder fugir. Após deixarem ela pronta, Magdalena sorri satisfeita.

– Essa ordinária estragou meus planos, era para você assumir esse lugar, você deveria ser a Bela que iria domar aquela fera. – Magdalena está visivelmente irritada, enquanto Norabel agradece por não ser escolhida.

– Eu sou boa demais para um homem deformado como ele, um inválido, que vida eu teria mamãe? Vamos usufruir de toda a fortuna dele, por meio dessa idiota. – Diz ela sorrindo com desdém observando a irmã. – Vou ir chamar o papai, eu já assinei os documentos, está na hora de deixarmos essa vadiazinha no hotel.

Norabel sai do quarto cantarolando vitoriosa, entregar a sua irmã foi muito fácil, ela não pretende sofrer retaliação nas mãos daquele monstro, ele jamais terá sua vingança contra ela, ela gargalha ao lembrar-se de todo o dinheiro que arrancou dele e todos os presentes caríssimos que ele lhe deu.

– Aquele deformado me mimava como ninguém, agora minha adorável irmã arcará com a ira dele. – Gargalha ela entrando no escritório. – Papai, podemos ir, ela está pronta.

– Tudo bem, vamos cuidar disso. – Ele levanta-se e entrega o envelope com o contrato assinado para Norabel e vai até o quarto, observa a filha desacordada vestida como uma prostituta, antes que o seu remorso o domine, ele a pega no colo e vai para o carro.

Mãe e filha o seguem em silêncio, Kaira durante todo o caminho acordava e voltava a apagar.

– Papai, o que está fazendo? – Questiona ela com a voz falhando, tentando se manter acordada, ela sente que está delirando. – Por favor papai, me ajuda.

– Cala boca sua vadia, fique quieta. – Diz Magdalena a sacudindo para ela voltar a apagar.

Quando eles chegam no hotel, Kaira está acordada, mas ela está muito confusa e tonta com as altas doses de sedativos que ela recebeu. Caio não conseguiu descer do carro, então foram Norabel e Magdalena que a arrastaram até o quarto da cobertura e usaram a chave que estava com o contrato para abri-la.

– O que está acontecendo? – Questiona ela assustada. Magdalena abre a porta, enquanto Norabel debocha da irmã.

– Foi um prazer te conhecer maninha, aceite o inferno na sua vida, pois é tudo que você ganhará. Tenha uma boa noite de núpcias com a sua Fera, querida Bela. – Diz ela empurrando-a para dentro do quarto que está tomado pela escuridão, ela joga o contrato em Kaira e bate a porta trancando e saindo dali com seu sorriso maldoso, seguida pela sua mãe.

– Então você chegou. – Diz o homem com sua voz rouca e grossa, ele está no canto do quarto, apenas sua silhueta é visível, Kaira se assusta e sente todo o seu corpo arrepiar com aquela voz, ela dá vários passos para trás, até sentir seu corpo cair sobre a cama, a sua última visão antes de apagar é da sombra daquele desconhecido.

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