Capítulo 3
MAICON
Estou satisfeito com tudo. Tudo saiu perfeitamente como eu esperava. Eu já imaginava que Sara iria trabalhar comigo, mas ter um contrato, e de secretária, me pegou de surpresa... Meu pai me surpreendeu muito dessa vez, mas vamos lá, vamos ver no que vai dar.
(...)
Entro no elevador ciente dos olhares dos funcionários que estão aqui, ignoro-os como se não estivessem vendo-os.
- Senhor Maicon, tenho alguns assuntos a tratar com o senhor. - Um rapaz de óculos diz.
Hm, esse é um pouco ousado.
- Tenho assuntos a tratar com todos os funcionários, farei uma reunião com cada setor da empresa, seja qual for o seu, vai chegar a sua vez. - A porta se abre e eles descem meio constrangidos, com o tempo serão homens fortes e inabaláveis.
Chego ao andar de meu escritório e avisto Sara em pé falando no celular.
- Depois nos falamos Lukas, preciso trabalhar, beijos nos vemos no almoço. - Será que é algum amigo gay? Não me importo. - Bom dia senhor Maicon. - Sara sorri educadamente.
- Um ótimo dia para trabalhar, e me decepciona saber que minha secretária ao invés de estar fazendo seu trabalho esteja batendo papo no celular, já cedo. - Digo entrando em minha sala, sendo seguido por ela.
Reparo que no canto da sala existe outra mesa, olho para Sara, ela pensa que vai trabalhar na mesma sala que eu?
- O que significa isso? - Aponto para a mesa.
- Senhor Maicon... - Ela exagerou no senhor, mas eu gostei, significa que ela me respeita como seu chefe. - Não sei se reparou, mas estamos cinco minutos adiantados, então eu posso falar no celular por enquanto, segundo, meu trabalho vai exigir que eu utilize o telefone na maioria do tempo, quem te garante que eu não estava marcando uma reunião? - Eu vou responder, mas ela continua. - E em terceiro lugar meu escritório está em reformas, Paul começou na quinta-feira passada e não existe outro lugar mais perto do Senhor para eu trabalhar, o senhor concorda que a secretária precisa estar por perto não?
Que garota petulante!
- Em primeiro lugar nunca dita as coisas para mim! Em segundo, se eu quiser falar nunca me interrompa! - Começo a tirar a mesa para fora da sala. - E em terceiro, essa mesa fica muito bem aqui. - Acomodo a mesa num canto no corredor.
Sara me olha confusa.
- Vai mesmo me acomodar no corredor?
- Enquanto sua sala estiver em reformas, sim. - Entro em meu escritório e fecho a porta, tenho muito trabalho para fazer e, se Sara ocupar a mesma sala que eu, não poderei me concentrar.
SARA
Poderia ser pior? Poderia. Maicon poderia querer que eu ficasse no escritório dele, e se assim fosse? Não sei talvez eu pulasse no pescoço dele e o enchesse de... O enchesse de... De tapas e esmurraria também. Por que tanta violência? É que eu não sou mais tão civilizada com Maicon, antes quando eu era boba demais eu tentava me aproximar, ele me tratava mal e tal, mas eu sempre pensava que um dia eu conseguiria e quem sabe ele me aceitasse como sua amiga ou talvez como irmã. Mas isso nunca aconteceu, depois que eu o ouvi dizendo que odiou a minha mãe, me chamou de esquisita e puxa saco eu simplesmente comecei a odiar-lo também, ai eu me lembrei de todos os foras que levei dele, de todas as vezes que ele me humilhou e eu idiota demais nem ligava. Mas depois daquele dia eu acordei, nunca mais lhe dirigi a palavra e quando dirigi, foi por Paul estar presente, Maicon percebia e no início ele espreitava os olhos meio confuso, mas depois ele sacou que eu cansei e larguei o quador.
Ele que não me encha o saco, eu rodo a baiana.
Além do escritório presidencial e do escritório da secretária, existe a sala de espera e a sala de reuniões, não seria legal se eu ocupasse alguma delas, eu deveria era estar na minha própria sala, aliás, eu não me lembro se aquela sala precisava de reformas, se bem que eu não a freqüentava muito. Então è por isso que eu estou feliz de estar aqui sentada em uma mesa no corredor, acredite, poderia ser pior.
Meu telefone toca.
- Sara Branco, em que posso ajudar?
- Traga sua mesa aqui.
- Maicon? É você?
- Sim, quero você e sua mesa aqui na minha sala, e seja rápida.
Meu Deus me ajuda e me dê paciência, eu não nasci para isso, eu realmente não nasci para isso. Maicon quer me deixar louca, mas ele não vai conseguir.
Eu o deixo louco antes!
Desço chamar Rodrigo para me ajudar, quando eu entrei trabalhar aqui há uns seis anos, Rodrigo já estava.
- Claro Sara, neste momento.
Sorrio agradecida.
MAICON
Ouço um barulho na porta e presumo que alguém esteja carregando a mesa da Sara, pensei que ela viesse pedir minha ajuda, pelo visto estou enganado.
- Com licença senhor. - Quem é esse?
O rapaz empurra a mesa de Sara para dentro.
- Não gosto que entrem em minha sala sem minha permissão. - Brado me levantando, encarando-o sério.
O rapaz fica desconcertado.
- Ele teve a minha permissão. - Sara diz sorrindo ironicamente. - Rodrigo está sendo gentil e me ajudando com a minha mesa, eu não queria te atrapalhar, e carregar mesa não é coisa de chefe. - Quem ela pensa que é?
- Na minha sala só entram meus convidados e com permissões vindas diretamente de mim, fui claro? - Encaro o rapaz e ele acena com a cabeça e sai.
- O que foi isso?- Sara está incrivelmente vermelha, ela ainda fica vermelha?
- Sabe uma coisa engraçada que eu sempre achei em você? Quando você fica vermelha, seja por raiva ou vergonha ou sei lá o quê. - Sorrio e volto ao meu lugar.
- Eu não sei como você estava acostumado a tratar seus funcionários, mas Paul sempre foi muito educado, e olha só aonde ele chegou, todo mundo o respeita e o admira. - Nossa ela está mesmo muito vermelha, será que ela está passando mal?
- Você está realmente muito nervosa, não quer tomar um copo de água? - Me levanto novamente indo de encontro a ela.
- Não, eu não quero tomar um copo de água, mas me ajudaria bastante se você pelo menos tentasse ser normal! - Se desvia de mim quando eu estava prestes a conferir sua testa.
- Esta dizendo que eu sou anormal? - Arqueio a sobrancelha.
- Estou dizendo que este seu modo de tratar as pessoas não é normal. - Do quê ela está falando?
Ela nem me conhece.
-Você nem me conhece para saber como eu trato as pessoas. - Digo sem entender.
A menos que ela esteja se referindo ao modo em que eu trato ela.
- O pouco que eu tive o desprazer de te conhecer não me dá uma boa impressão. - Sim, era isso, mas ela ainda está vermelha e isso está me incomodando.
- Sente-se aqui. - A puxo na minha poltrona.
- Por que isso? - Pergunta muito surpresa.
- Não quero que tenha algum tipo de ataque ou algo assim. - Explico o óbvio.
Será que ela tem pressão alta?
- Não que você realmente se importe, mas eu estou bem, meu rosto é um traidor e entrega meus sentimentos, e nesse momento eu estou brava com a forma como você tratou seu funcionário. - Ela tenta se levantar eu a pressiono contra a poltrona segurando em seu ombro.
- É minha funcionária e está sob minha responsabilidade, só vai levantar daí quando parar de ficar vermelha. - Sara me encara por alguns segundos, eu a encaro também é claro, então ela desvia o olhar.
Eu ainda estou pressionando ela na poltrona porque ela ainda não está relaxada, está olhando para alguma coisa no chão e por isso meus olhos automaticamente começam examiná-la, está usando uma saia preta comum social e uma blusinha pêssego sem graça, o sapato até que está bom, causa uma sensualidade em suas pernas.
- Pretende me matar sufocada? - Sara segura minha mão e tenta tirar - lá, então eu mesmo tiro.
- Sara, desça tomar um chá ou algo assim, se acalme, e depois venha logo, temos coisas a fazer. - Peço caminhando em direção à minha mesa.
- Com licença... - Sara sai em passos rápidos e eu respiro fundo.
- Que droga foi essa? - Pergunto para mim mesmo em voz alta.
Na verdade quem precisa tomar um banho frio sou eu, não me entendo, de uma hora para a outra me veio cada pensamento na cabeça, como por exemplo, como seria se eu segurasse aqueles pés e retirasse os sapatos para em seguida começar a depositar beijos desde a ponta dos dedos?
Eu não gosto dela, certo? Nunca gostei, será que o motivo disso é que estou sem mulher no momento?
SARA
Estúpido! Quem ele pensa que é para me tocar daquela forma?
Arg. Eu sei, ele me tocou normal, mas eu tenho certeza que ele teve a intenção de me causar algo, não é normal este formigamento que estou sentindo até agora no lugar onde ele tocou.
E, além do mais...
Tenho Lukas, ele é perfeito, lindo e inteligente, estamos namorando há uns três anos, nossa relação é sadia, eu gosto dele e sinto que ele gosta de mim.
Mas então por quê?
Por que quando Maicon me pressionou contra a poltrona eu senti uma cachoeira quente jorrando em cima de mim?
Não! Deve ser minha mente me pregando peças, pois nada de bom pode vir daquele idiota, nem mesmo essas ondas agradáveis que eu senti... Isso, foi minha mente maléfica.
Ele iria rir tanto de mim se soubesse disso, iria zombar tanto que eu iria derreter de tanta vergonha.