Capítulo 2
SARA:
Correu tudo bem, Maicon parecia muito satisfeito com tudo, Paul estava animado, é claro, e eu estava calma até que Paul mencionou meu nome.
— Haverão apenas algumas mudanças, minha atual secretaria se aposenta amanhã e eu fechei contrato com uma nova secretária, Sara será sua secretária. — Paul aponta para mim.
Me levanto abruptamente.
— Paul, está certo disso? — Minha voz quase falha, não posso ter ouvido direito. — Sou uma ótima diretora de vendas e contribuí com o nosso sucesso e além dis..
— Eu gosto de escolher minhas próprias secretárias. — Maicon me interrompe com um olhar aterrorizante. — Mas você mencionou um absurdo contrato, nunca precisei de contrato com meus funcionários. — Maicon nem se dá ao trabalho de olhar pra mim. — Mas o que está feito já está feito.
O filho da mãe me olha com um sorriso zombeteiro, acho que ninguém percebeu, talvez ele nem tenha sorrido, mas eu sei que ele esta rindo de mim.
Não me aguento de tanta raiva, mas tento agir normalmente, dignidade Sara, dignidade.
— Por mim está tudo perfeito, Paul, tenho a garantia de um contrato, e a honra de trabalhar ao lado do presidente da empresa, tenho certeza que será uma ótima experiência, afinal de contas, ainda estou em situação de aprendizado. — Cerro os dentes e empino o nariz como se estivesse muito orgulhosa com essa palhaçada, jamais vou me mostrar triste ou para baixo em frente à este arrogante.
Paul vai ter que me explicar direitinho essa conversa absurda. Isso é como uma facada em minhas costas.
— Garanto que será a melhor experiência de sua vida. — Maicon promete com um olhar assustador.
Feioso.
(...)
Hoje é sábado, ainda não tive oportunidade de conversar com Paul, ele me deve algumas respostas. Me levantei sete horas da manhã, normalmente aos sábados eu me levanto às nove e Paul sai oito horas para se encontrar com os amigos no clube.
- Que ideia foi essa Paul? - Cerco Paul quando ele esta pronto para sair.
Quero muito endender ele.
- Princesa o que faz acordada à essa hora?- Eu lanço um olhar de questionamento. - Eu pensei que você fosse gostar, e não aceito de volta, presente é presente e não me venha com esse papo de que quer fazer e ter tudo conforme o seu suor, sou seu pai e um pai tem direito de presentear sua querida filha. - Me dá um beijo na testa e tenta se desviar de mim.
- Eu não considero o privilégio de ser a secretária de Maicon como um presente, você me rebaixou sem nenhuma explicação e motivo algum! - Será que ele não entende?
- Ah você esta falando disso! - Ele parece incrivelmente surpreso, ele exagera muito nas expressões. - Confie em mim! Eu sei o que estou fazendo... Você receberá até um aumento, seu contrato está com o dobro de seu antigo salário.
Eu sei. É só isso que você faz Paul...
- Ah pelo menos isso né! Pois saiba que ainda é muito pouco para mim ter que aturar aquele metido a chefão! - Digo entre dentes.
- Confie em mim. - Falou tão sereno que evaporou toda a minha raiva, afinal de contas ele não faz nada além de tentar nos aproximar... Inocente.
Vou deixar acontecer para que depois ele não possa me culpar por não ter dado chance.
- Espera ai, você pensou que eu estava falando do quê? - Mudo o assunto propositalmente, ele merece.
Paul sorri.
- Ainda não viu? Deixei no seu closet, em cima da penteadeira, ao lado do nosso quadrinho. - Sorri com um sorriso travesso e então sai em passos rápidos, passa pela porta e vai.
Ele esta com a intenção de me aproximar de Maicon, Paul sempre fizera isso, sempre conseguia um jeito de nos deixar a sós, nunca deu certo e nunca dará. Mas não sou eu quem vai dizer isso a ele, Paul è bom demais e merece ter esperanças. Tenho muita pena dele. Eu o amo tanto e não consigo ficar brava com ele, apenas consigo entender os motivos dele.
Dessa vez ele exagerou, mas já está feito.
Subo para o meu closet curiosa para saber do que Paul estava falando, sempre que ele me deixa um recadinho ou qualquer coisa ele coloca ao lado do nosso quadrinho no meu closet, que fica ao lado do meu quarto, este luxo eu fui obrigada a desfrutar, não que Paul teve que me torturar ou algo assim, é que por mim um guarda roupa no meu quarto ja estava muito bom, mas como não tem ninguém nessa casa para Paul mimar, sobra para eu ser a "princesa" dele, e eu gosto muito disso, me sinto amada e importante, mas eu só aceito presentes no meu aniversário, o presente mais caro que ganhei foi uma pulseira rodeada de pequeninos diamantes, depois eu fiz Paul prometer que não me daria nada mais caro que um perfume, pois eu queria conquistar tudo com meu próprio dinheiro, não é orgulho, é apenas uma meta pessoal, e Paul entende.
Em cima da penteadeira, encontro uma caixa do tamanho de uma caixa de sapato, será que ganhei mais uma sandália? Abro a caixa e encontro varias coisas dentro, mas a primeira coisa que me chamou a atenção foi um envelope, o qual eu abro em expectativa.
"Princesa, eu sei que você se sente envergonhada com demonstrações de afeto, você é igual a sua mãe, Laura também era tímida quando o assunto era se declarar e falar de sentimentos, por isso escrevi esta carta. Quero te lembrar do meu amor por você, não quero que pense que porque te rebaixei na empresa, não me importo com você, muito pelo contrário, è por me importar com você e com Maicon que eu fiz o que fiz. Tenho certeza que vocês ainda serão amigos, serão como irmãos, então poderei morrer em paz, relaxa, não estou doente nem cansado de viver, muito pelo contrário, me sinto muito bem e estou animado com minha aposentadoria. E com a certeza de que em algumas semanas ou meses as duas pessoas que eu mais amo nesse mundo me darão uma felicidade imensa.
Resumindo, Sara, nesta caixa tem três coisas que eu queria te dar, esta carta que está lendo (se estou certo foi a primeira coisa que avistou), tem também dois documentos ja em seu nome, sim, eu fiz o que me pediu para jamais fazer. Então è um crime eu realizar meu desejo de pai e comprar o melhor carro para minha filha? Então me prenda, porque também comprei a maior mansão da cidade, consegui comprar aquela casa em frente ao parque central, aquela que tem um chafariz, sempre que passamos em frente eu noto como você à admira. Eu não iria viajar em paz sem antes te entregar esta caixa.
E tenho um pedido a fazer, Sara faça a sua parte em relação ao Maicon. Nos despediremos à noite. Te amo demais minha filha.
Paul."
Sento-me no carpete e me desmancho em prantos. Como Paul pode ser tão bom? Como eu o amo. Acho que se meu pai de sangue não tivesse abandonado minha mãe grávida eu não seria tão feliz como sou ao lado de Paul. Soluços me sufocam, estou desesperada, mas de um jeito bom, pelo fato de Paul ser o Paul. Eu o amo demais!