3-Sr.carlos (elena)
A esse ponto meu estômago já estava à ronca. Eu me encontrava incomodada fitando pouco o palhaço à frente. Por que diabos ele age assim se temos tanto trabalho a fazer, e também não encontramos nem ao menos a nossa arma do crime, não sabemos nada de importante desse caso... O que Marcos tinha de tão importante que precisaram o matar?
"O anel. Ele havia de estar com um anel antes de morrer, a marca esverdeada sobre seu dedo indicava que ele mal o tirava. O que havia de tão importante nele, como ele era e por que o levaram..."
Sinto o aroma entra por minhas narinas o cheiro bom do limão, o arroz branco e seu cheiro de hortelã. Esse é um dos melhores horários do dia, mesmo que esse seja o único lugar disponível para nossas refeições. Mamãe, por que eu não posso comer com eles? Sua voz fina me invade os tímpanos quase a me deixar louca por tão melancolia.
— Está ótimo. — disse Beto deixando alguns grãos escapar de sua boca.
Quase toda a equipe estava sobre a lanchonete, às expressões de seus rostos mudavam assim que apreciavam a boa comida sobre sua frente. — Não vai comer? O carré está ótimo.
— Oi titia. — Ela segurava um grande prato com poucos grãos de arroz e pequenos pedaços de carne, todos eles muito bem arrumados e afastados de um pequeno montinho de legumes.
— Não sou sua tia. — Digo apertando meu garfo com a cabeça baixa... Sinto uma tensão forte sobre meu corpo, certamente eles estavam olhando para mim.
— Posso comer com vocês?
— Sim.
— Não! — exclamei o fitando.
— Por favorzinho.
— Já disse que não.
— Elena. — Ele parecia sério. — Quer se sentar comigo? — ele se vira para mesma que o mostra um grande sorriso.
— Eu posso? — perguntou arregalando seus olhos castanhos.
— É claro. — De repente o vejo se levantar pegando seu prato sobre as mãos. — "Ele vai se retirar? Vai sair da mesa por causa de uma garotinha idiota? Só pode ser brincadeira."
— Espera. — disse sentindo um nó sobre minha garganta. — Tudo bem, você pode... — eu engulo a seco tentando com dificuldade dizer as palavras enquanto eles me fitam com atenção. — Você pode comer com a gente. — Digo a vendo sorrir e apertar seu prato de porcelana. — Mas..., mas só dessa vez. — Dito isso eu a vejo vir em minha direção colocando seu prato ao lado do meu e o empurrando assim como acabará de fazer comigo para se sentar logo mais ao meu lado.
Antes que eu pudesse me afastar mais uma vez do meu presente sendo então submersa por meus devaneios, eu me encontro em um curto interrogatório e dois pares incríveis de olhos castanhos escuros, ambos de cada lado me fitando sobre o aguardo de minha resposta. "Por que uso uma pulseira de bolinhas de plástico sobre o pulso?" Eu ainda me lembro do dia, e me odeio por tal. Sinto como se ele houvesse acontecido há poucas horas atrás, olhar para essa pulseira me trás lembranças ruins, mas ao mesmo tempo é tudo que tenho para me fortalecer na minha árdua missão.
— Você não entenderia. — disse. Na verdade, ninguém entenderia.
— Posso ficar com ela? — eu afasto meu pulso assim que vejo sua aproximação.
"O que falta, o que estou esquecendo? Por que revirar uma casa se não vai levar nada dela? Talvez não tenha encontrado o que procurava, ou talvez... Bem havia um homem com ele, mas quem seria? Quem poderia saber de algo? Os vizinhos não estavam presentes... Quem, quem?!"
— Ah não eu não tive aula hoje. — Contava ela pra Beto.
— Ah é claro a reforma.
"É isso!"
Eu me levanto pedindo que Beto fizesse o mesmo, porém ele apenas me observa e me pede para provar minha comida.
— Viu, viu? Vocês são namorados!
— Tudo bem, eu vou sozinha.
— Mas você nem tocou no prato. — De repente Gabriele se arrasta sobre o banco largo e corre até sua mãe. Com meu caminho livre eu tiro uns trocados de meu bolso e coloco sobre a mesa, saindo assim da presença de Beto.
— Aonde vai? Não vai almoçar? — Perguntou Clara olhando para o alto em direção a meu rosto.
— Preciso ver algumas coisas.
— Tome cuidado. — disse voltando ao seu prato.
— Preciso que façam algumas coisas enquanto eu estiver fora. — disse para ambos que se estavam presentes sobre a mesma mesa. — Paulo, preciso que faça uma pesquisa sobre Marcos. Preciso de fotos que mostre o anel que ele tinha na mão direita, e melhor ainda se achar algo a respeito dele. Ester, preciso que encontre o nosso homem, preciso saber de tudo, sua profissão, último lugar que morro, os familiares. Tudo. Tente algo sobre a carta, se encontra tente os registros. — Ela assentiu.
— Precisa que eu faça algo? Quer que eu procure no registro de armas? — pergunta Clara
— Não adiantaria.
— Sim é claro.
— Bem, mas tem uma coisa que pode fazer. Descubra qual o novo endereço de Carlos, e se preferir pode levar Felipe. — disse aliviada. — É só isso.
— Espera e enquanto eu? — não eu não havia esquecido de André.
— Não há nem um corpo, e por isso não há trabalho para você.
— Posso ajudar Clara com o novo endereço, ou Pedro com as pesquisas, ou melhor, posso ajuda Ester com as amostras da carta enquanto ela faz o resto.
— Não acho que seja preciso, eles são bons profissionais podem dar conta.
— Sei que já não sou como antes — disse ele se levantando. —, mas não precisa me trata como um velho inútil.
— Na verdade pensei que gostaria de um mergulho. — havia dias que eu ouvia André resmungar por nunca mais ter tido um dia de lazer, e assim como eu, toda a equipe sabia que o mesmo sentia falta de seus mergulhos. Afinal, ele deixava claro isso sempre que tinha vontade.
Por fim eu me retiro do estabelecimento gordurento a caminho do moto táxi mais próximo, porém ouço o tocar do sino sobre a porta da lanchonete e em seguida passos rápidos em minha direção, mas eles param assim que gritos surgem sobre a outra calçada: "Eles estão chegando, os homens de preto estão chegando! Eu os vi, estão atrás de você, de mim e delas." O velho só poderia estar louco. Ele me olha atento, mas logo retoma novamente seus gritos: "Eles estão atrás de você, de mim e delas, aquelas que derramam o sangue daquele que está na lista."
— Aonde vamos? — pergunta após ignora o mendigo a frente.
— Para a casa de Marcos. — Ele me olha confuso, mas assenti nos levando para o estacionamento da sede policial. Ao entrarmos sobre o carro eu reparo os dois sacos que ele coloca entre o banco.
— Fiz o pedido pra Gabi enquanto não nos dava atenção. — Ele da partida. — Imaginei que não fosse comer.
Com tudo que anda por minha cabeça, dificilmente eu acharia um modo para isso. Durante nosso trajeto eu tento me reconfortar sobre o estofado de couro sobre meu corpo, meus músculos doem e meus olhos latejam tudo que quero no momento é acabar logo com isso e viver o que por muito tempo não pude.
— Tente descansar, eu a acordo quando chegarmos. — Eu sorrio com meus olhos fechados. " É tão claro assim meu estado?"