parte 2
I
— Eu vou cuidar de você, não tenha medo. — Eu sabia que aquelas eram as últimas palavras que a ouviria dizer. Ela não poderia me deixar, não aqui não sozinha. Como cuidaria de mim sem estar ao meu lado?
— Diga à mamãe que foi sem querer... — Disse. As lágrimas não escorriam por sua face, e seu sangue corria por todos os lados formando uma possa abaixo de nossos pés, como poderia viver sem ela, como? — Bel não me deixei! Não me deixe Bel! Eu não consigo, não posso sem você, por favor! — seu sorriso se desfaz assim que seus olhos machucados se fecham a minha frente. — Bel! — eu caio sobre seus pés os apertando com força enquanto seu sangue escorre pelo tronco preso ao chão.
II
— Elena! Elena! — sobre meu peito meu coração estava a pular, ele me olhava assustado, me segurava o rosto enquanto sentia minha respiração acelerada bater sobre o seu. — Você havia dito que não acontecia mais. — Meu olhar escapa dos seus, e fito sua outra mão que acabará de percorrer meu corpo a procura de uma das minha.
— Eles nunca param. — Ele me abraça me jogando com pressão sobre seu corpo. — Nós já chegamos não é mesmo? — pergunto sentindo seus lábios sobre meu ombro, ele suspira me fazendo sentir com mais pressão seu cavanhaque pouco construído sobre minha pele.
— Sim. — disse após me soltar. — Eu te espero lá fora. — Assenti o vendo sair em seguida.
Você é uma idiota Elena, sempre se deixando transparecer, quantas vezes mais isso vai ter que acontecer, quantas vezes mais vai deixar suas emoções e coisas inúteis escapar de você?! Quantas vezes mais?! Quantas vezes mais? Você não entende não é mesmo! Não sabe que pode pôr tudo a perde.
— Elena?
— Já estou indo. — disse abrindo minha bolsa e pegando meu batom. Sobre o espelho eu tentei abaixar meus cabelos e observa um pouco minha cara amassada e minhas olheiras. Finalmente eu me retido saindo do conforto do estofado. — Estou pronta. — Ele sorriu ativando o alarme e caminhando junto a mim.
As faixas ainda estavam sobre o mesmo lugar, a grama ainda estava sendo cuidada, é isso era ótimo, era o que eu precisava. Ansiosa eu caminho com mais pressa indo de encontro ao fundo da casa, onde na mesma noite dos assassinatos eu havia visto uma pequena casa rodeada de flores. Nos aproximamos e batemos sobre a porta de madeira brilhante.
— Ah são vocês. — disse olhando pela brecha entre Beto e eu.
— Está esperando alguém? — perguntou Beto olhando para trás.
— Ah não, não... Querem entra? Por favor, por favor. — Dizia ele com dificuldade abrindo a porta. Era uma casa pequena, assim como eu havia imaginado. Muito bem cuidada e cheirosa. — Aceitam um café? — ele não espera por nossa resposta, apenas pega alguns copos e uma garrafa térmica.
— Será algo rápido. — disse o vendo nos servir. — Belo anel.
— Ah sim é de herança. Açúcar? — ele estende a colher a frente.
— Não, obrigada.
— Aceito. — disse Beto. — Sua família pelo jeito era importante.
— Ah não, não muito. É apenas um anel passado de pai para filho. Acho que conseguem entender.
— Não conheci meu pai. Na verdade, ele abandonou minha mãe quando nasci. — Beto me fitou logo mais a frente ele sabia que eu estava a mentir. — Deve valer uma fortuna. Ônix não?
— Isso mesmo. — Ele da um gole longo sobre seu café. O anel sobre seu dedo estava bem cuidado, E a enorme pedra envolvida por prata ficava ainda mais atraente de perto.
— Eu bufo. — Já chega. Eu não tenho todo tempo do mundo. O que viu dentro daquela casa?
— O quê? — Ele arregalou seus olhos tomando mais um longo gole. — Eu juro, eu não via nada, eu só estava fazendo meu trabalho... Eu...
— Deixa comigo. — diz ele se colocando a pá de tudo. — Encontramos rastros de sêmen na janela que estava limpando.
— Eu juro, eu não fiz nada. — Suas mãos tremiam sobre a mesa. — Vocês vão me prender? — ele observa nossas armas sobre a cintura.
— Na verdade não existe nem um registro legal de que se masturbar pode levar a prisão de alguém. — O rapaz a frente suspira. Por que Beto tinha que ser tão paciente? Eu me sento ao seu lado agora de frente para o interrogado.
— Conte-nos o que viu. — Digo.
— Esta falando serio? — ele nos observa ainda com a espera de nossas palavras.
— Já pode começar. — Pressiono.
— Ele hesita por um momento. — Eles pareciam já se conhecer bem, conversaram a respeito de alguma coisa relacionada a "estar cansado". Eu achei que não iria acontecer nada, então pensei em sair, mas então eles se pegaram. — Ele olha para nós com mais atenção. — Era excitante demais para que eu ignorasse, não aguentei então...
— Prossiga.
— Então eu me diverti ali mesmo, mas então quando eu me dei conta à janela havia manchado, eu não podia limpar com eles ali, então esperei, vim para casa, cansado e acabei dormindo, quando acordei vocês estavam aqui.
— E quem era? Quem estava com Marcos? — perguntei ansiosa apertando minhas mãos sobre a mesa.
— Eu não vi, a janela estava fechada, tudo que eu conseguia ver eram duas sombras. — Eu pego o copo de café sobre a mesa e o viro de vez.
— Isso só pode ser brincadeira! — Me levanto indo de encontro à porta e me retirando. Caminhando a frente em direção à entrada da casa de Marcos, Beto me reencontra entrando assim junto comigo até a cena do crime. Tudo estava do mesmo jeito, exceto a falta dos lençóis. Tudo estava da mesma maneira, nada havia de fazer sentido, não havia me valido de nada ter vindo aqui. Suspiro me sentando sobre a cama.
— Você não poderia ter imaginado.
— Eu nos fiz perder tempo, tempo que já não me há direito. Não valeu de nada está aqui. Não valeu de nada vir aqui. — Eu o vejo caminhar até a cozinha.
— Pelo menos deixaram a comida. — disse. — Vai querer alguma coisa? Tem sanduíches. — Eu o ignoro me deitando sobre a cama com metade de meu corpo. — Trouxe para você. — disse antes de me encontra sobre a cama e suspira a frente dela. — Não pense dessa forma, pelo menos sabemos que era alguém bem chegado a ele.
— E do que isso importa se não sabemos quem é? Qualquer um poderia ser chegado o bastante. Esqueceu que ele era um traficante? — eu bufo o vendo se deitar ao meu lado.
— Vamos interrogá-los. — Eu me levanto rapidamente.
— E quem interrogaremos? Bruno e seus homens? Ou pior aquela esposa idiota dele! — suspiro. — Bruno nunca colaboraria. — Levo minhas mãos sobre os cabelos e observo Beto sentado sobre a cama. — Beto! — digo me aproximando. Estava sobre a cama e brilhava como um linho de ouro. — Não acredito nisso! — exclamo me colocando mais próxima da cama.
— Talvez tenha caído dos lençóis quando os levaram. Tome, use isso. — Ele tira a embalagem de seu sanduíche.
Já com o saco sobre as mãos, eu pego o pequeno fio de cabelo dourado sobre o colchão. Finalmente algo que possa nos levar a algum lugar.
— Vamos levar isso pra Ester.