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2- DROGA (ELENA)

NOITE PASSADA.

Conversa entre as assassinas

— Como foi o trabalho? Tudo como o combinado?

— Sim, agora só precisamos esperar..

— E ele... Está com você?

— E desde quando eu me esqueço do primordial? ... Agora eu

preciso desligar ele estar chegando.

I

Havia tido um sonho estranho na noite passada. Pesquisei tanta coisa na noite anterior que não tive tempo nem de correr para minha cama. Pergunto-me eu nesse exato momento o que a equipe descobriu. Espera que horas são? Merda! Já era tarde, muito tarde. Como pude me atrasar? Ainda mais agora, nesse caso.

Sacando meu celular em uma das mãos, eu me jogo por cima da cabeça do sofá discando assim a caminho de meu quarto para Beto. Vamos atenda, atenda!

Já sobre o quarto eu catei uma jeans que estava jogada sobre a cama e uma camiseta branca sobre o monte de roupa acima da cadeira. "Por favor, deixe seu recado." — Droga Beto! — Resmungando eu corro para o banheiro à frente me despindo e tentando ao mesmo instante escovar meus dentes. Entra! Porcaria de calça! Enquanto insistia na mesma eu ouço meu celular a tocar sobre a tampa da privada.

— Onde você está? — sua voz estava calma, e ao mesmo tempo cansada.

— Já estou perto — menti. — Por favor, me espere no legista daqui alguns minutos — desligando em seguida, eu corro do banheiro já vestida e pego uma das botas penduradas sobre uma arrumadeira na parede. São exatamente sete e vinte, eu me encontro trinta minutos atrasada até então.

Pegando um táxi logo mais à frente, eu o peço para me levar até a delegacia. Não demorou muito e em questão de segundos eu já me encontrava assentindo e desejando um bom dia aos outros.

Ele não havia me visto, mas já sabia de minha presença, e André como sempre se colocava a mostrar seu melhor sorriso do dia enquanto tentava arrumar seus cachos ao alto da cabeleira. Pouco nervosa e com a pressão de não ouvir nada além do que já sabia, eu caminhei calmamente sobre o local claro e de forte odor de materiais de limpeza. Beto me observa por um curto tempo até finalmente me colocar a prancheta sobre as mãos.

Todos haviam morrido pela mesma causa e rapidamente. Uma única bala de 9 mm naufragada sobre a testa de ambos os seis homens ali. Não havia hematomas e nem digitais, quem quer que fez isso já tinha tudo planejado.

— Não houve briga corporal — informou ele mostrando algumas marcas sobre as costas e ombros do rapaz —, mas o que me parece é que esse rapaz teve uma boa noite de sexo e massagem, porém, a pessoa que fez isso foi cautelosa e além de usar produtos que danificaram as provas, ainda usou digitais falsas.

— É isso o que seria? — pergunto ao segurar o dedo do mesmo e encontra uma mancha esverdeada ao seu redor.

— Um anel talvez? — retrucou Beto também próximo.

— Sim — responde ele tirando o dedo de minhas mãos.

— E onde está? — perguntei observando a confusão em sua face. Ele caminhou de um canto para o outro, e de uma mesa tirou um pequeno saco lacrado que o trouxe em seguida consigo.

— Eu não sei, não chegou com ele. Mas tenho isso — ele me estende a mão. — Encontrei na garganta dele. Ao observa-la ainda sobre o lacre eu consegui facilmente ter a visão de uma carta de baralho, uma "rainha de copas".

— Essa poderia vir a ser a causa da morte? Pouca passagem de ar sobre a traqueia? — perguntou ele enquanto observava a carta que já estava sobre suas mãos.

— Não. Como pode ver na prancheta, a morte foi causada pela bala localizada logo mais sobre a testa — informou. — Agora se me dão licença eu vou continuar com meu trabalho por aqui — nós assentimos devolvendo a prova junto da prancheta e caminhando logo mais em direção ao laboratório.

— Que bom que estão aqui! ... Oi — disse Ester após olhar nos olhos castanhos escuros de Beto, jogando seus cabelos lisos para trás. —Tenho certeza que nem um de vocês esperava por isso ela me entrega suas pesquisas e sem perder mais tempo ela retoma sua atenção para Beto.

Blá, blá, blá... Nada ali me importava que dizer, nada ali era de total atenção, até finalmente chegar às últimas palavras... Marcos havia feito sexo com um homem... Ambos os DNA que estavam presentes sobre a camisinha eram masculinos.

— E então o que tem aí? — perguntou ele sem jeito se aproximando.

— Veja você mesmo — disse o entregando o papel. Ester enrolava uma das mechas de seu cabelo e mastigava uma goma bastante descolorida sobre a boca.

— Então procuramos um homem? — questionou ele. — Então ele é nosso assassino — disse.

— Talvez. Ou talvez uma outra pessoa o visitou sobre a mesma noite — antes que pudesse dizer algo mais, meus ouvidos são tomados por gritos masculinos e objetos a serem jogados. Apertando meus pés ao chão, eu caminhei na mesma direção tendo sobre minha vista homens armados sobre todo o corredor. Eles eram os homens de Bruno, homens de um perigoso tráfico. — O que está fazendo?! — gritei ao ver que ele apontava uma arma para André.

— Eu o disse que não poderia entrar aqui — disse calmo. — Ele quer levar o corpo de Marcos.

— Ainda não o liberamos. Tenha paciência e nos deixe fazer nosso trabalho, prometo que ele será entregue a você o mais rápido possível.

— Ele rir. — Eu não estou perguntando se posso leva-lo. Eu vim aqui para leva-lo! — disse colocando as mãos grandes sobre a face gelada do rapaz. — O que fizeram com você meu irmão? — sua voz estava abatida. —Você não merecia isso, Deus já o tinha perdoado.

— Ei, o que está fazendo? — Beto me segura o pulso assim que nota minha aproximação.

— Confie em mim — pedi seguindo novamente em direção a Bruno. — Eu prometo que vamos pegar o culpado — de repente eu o vejo mudar de expressão.

— E vão fazer o quê? O prender por alguns anos e depois o deixar em liberdade nas ruas como se nada tivesse acontecido?!

— O que pensa em fazer? — pergunto olhando em seus olhos e reparando sua barbicha falha sobre o rosto grande. — Não acha que ele merecia? Mataram pessoas inocentes, destruíram famílias... — disse em tom calmo.

— Não existem inocentes. Nunca existiu. Eu vou fazer o que a senhorita e esses merdinhas não fazem direito! — ele aponta sua arma para meus agentes. — Leve ele! — ordenou fazendo alguns de seus homens irem à frente.

— Não! Não deixarei que atrapalhe o meu trabalho — disse o vendo roçar o cano da arma sobre seu queixo e seguidamente agarrar meus cabelos me puxando de encontro a seu corpo grande e fedorento a cecê. Segurando forte meus cabelos sobre sua mão eu observo com tensão as armas sobre nossa direção. Beto nos olhava com receio, seu maxilar estava tenso e suas mãos serravam o material sobre si.

— A solte, e o deixaremos ir.

— Não! — exclamei sentindo meu couro cabeludo arder pouco mais que antes. Eu sabia que ele não sairia dali sem seu irmão, e conhecendo Beto como conheço sei que isso poderá vir a acontecer se ele não se colocar em seu lugar de policial.

— Não tente bancar a durona, sabe que não sou fã de tiras — o cano frio se afundava sobre minha bochecha. — Vamos mande seus homens abaixar a merda dessas armas! — observando todos ao redor e o desespero em seus corpos eu ainda me coloco a manter sobre silêncio. — Não tem medo da morte não é mesmo?

— Uma hora ela vem para todos nós, não é? — eu dou um sorriso de canto vendo em seguida seu dedo pressionar lentamente o gatilho ao lado. — Vá em frente. Mas tenha a certeza que nem um de nós sairá vivo daqui para contar a história — eu ouço seus batimentos quase saltarem de seu peito. Não podia ver sua face mais tinha quase a certeza que seus olhos se mergulhavam ao medo.

— Larguem as armas! — eu franzo minhas sobrancelhas. — Vamos não me ouviram?!

— O que está fazendo?! — declaro ouvindo a risada de Bruno e sua ordem para os homens que seguram o corpo de seu irmão. Com facilidade e calma, ele nos guia em direção ao corredor. Sem uma palavra ele vê a porta de saída aberta para si dizendo sobre meus ouvidos segundos depois: " É parece que não foi dessa vez, putinha". Ele me joga com força para o canto me fazendo bater sobre uma mesa e se retira com rapidez.

— Você está bem? — perguntou Beto se aproximando. Sem o responder eu agarro sua arma indo em direção à porta e mirando a frente. Já era tarde, o grande carro escuro já estava em movimento.

— Eu deveria mata-lo por ter feito isso. Eu estava quase conseguindo que ele se entregasse — disse me virando.

— Eu... — respirando forte eu destravo sua arma a batendo com força sobre seu peito.

— Eu preciso comer alguma coisa — disse indo até minha mesa e pegando minha bolsa. — E vocês voltem ao trabalho.

Sem olhar para nem um deles, eu caminhei apressada deixando com que a porta se fechasse sozinha logo mais a minhas costas. Eu estava tão próxima a conseguir fazê-lo recuar... Eu tinha certeza que ele iria fazer tão coisa. Ahh! Por que ele foi se meter?! Por que tinha que deixar seu trabalho em segunda opção...

Eu perdi uma peça importante de minha investigação. Por que ele tinha que ser logo irmão do cara mais importante desse bairro! Quem dera a polícia fosse o algo mais importante desse bairro. Mesmo que tenhamos de dar nossas vidas para ajudar essas famílias, ainda assim não conseguimos controlar todo o movimento do bairro, se pelo menos a merda desses supervisões gerais se importassem com a comunidade, tinham mandado mais policiais assim como eu havia pedido. Mas parece que aqui somos apenas o pingo do "i".

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