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06

• Jéssica Narrando •

Chegamos em frente ao morro e confesso que eu estou um pouco nervosa.

Eu nunca tinha nem passado de frente a um morro antes.

E agora, vou subir um.

Fico me perguntando se aqui é tudo isso mesmo que as pessoas dizem ser sabe? Se olhar pra um lado errado, você morre.

Da até um friozinho na barriga.

Peguei meu celular e liguei para a Mari.

• Ligação on •

— Cheguei! — digo ao ver que ela atendeu.

— Ok amor, vou mandar alguém te buscar. — respondeu.

— Ok.

• Ligação off •

Fiquei esperando alguém descer para buscar a gente, desci do carro impaciente mesmo contra a vontade da Lari, mas eu desci. Tava um calor insuportável.

Eu parei o carro um pouco distante da entrada e caso a pessoa que viria me buscar saísse aqui fora não iria dar para me ver. Então sai e fiquei encostada em meu carro esperando alguém.

De longe, avistei o Diego.

— Ei — gritei chamando sua atenção.

Ele me olhou e veio em minha direção.

— Eae morena... — me cumprimenta com um beijo no rosto — Nossa... Tu tá muito gostosa, com todo respeito, é claro. — diz passando a mão na cabeça.

— Hum… valeu. — digo apenas.

— Vamos? — perguntou me encarando.

— Eu vim de carro... — aponto para meu carro.

— Vish morena, vou ficar te devendo essa, mas não pode subir de carro aqui não… 

— Sério? Ah, não vou deixar meu carro aqui sozinho... — resmungo.

— Vou falar com o patrão e se ele liberar eu levo ele pra ti. — falou e eu fiquei receosa — Pode confiar mina!

— Tá né... — digo por fim — Deixa eu chamar minha amiga... Larissa — grito.

— Fala? — grita de volta.

— Vamos? - pergunto.

— Tô te esperando. — diz como se fosse o óbvio.

— Vamos a pé mesmo… 

— O carro vai ficar aqui? — pergunta receosa.

— Sem perguntas e vamos logo mulher... —digo sem paciência.

— Af . — diz saindo do carro.

— Tenho uma pequena bolsa pra levar, você pode levar pra mim? — pergunto para o Diego.

— Claro morena.

Abri o porta malas do carro e o Diego foi pegar minha mala.

— Caralho morena, pensei que fosse apenas uma “pequena bolsa”, mas olha o tamanha dessa mala... Ta se mudando pra cá?

— Não, apenas vou passar essa noite aqui. — digo apenas. Eu sou exagerada mesmo!

— E precisa disso tudo mesmo? — pergunta ainda olhando minha mala.

— Pra quê tantas perguntas em?!

— Oi — diz Larissa se aproximando da gente.

— Eae, me chamo Diego. — lhe cumprimenta.

— Larissa — diz apenas.

— Então bora subir? — diz Diego segurando a mala.

Andamos até a entrada do morro, na entrada tinha alguns meninos segurando umas armas gigantes. Nada discretos. Tinha uns moleques que pareciam ser bem novos sabe? Tipo, 10, 11 anos. Realidade era triste demais para alguns.

Todos eles nos olharam de cima abaixo, até escutei algumas piadinhas de alguns idiotas.

— Respeito aí mano, tá tirando? — diz indo na direção de um dos caras.

— Vamos logo, Diego. — digo para evitar uma possível briga.

— Se prepara otário! — diz me puxando.

— Temos que subir tudo isso? — minha amiga reclama olhando para o alto do morro.

— Sim. — Diego respondeu apenas.

— Af. — diz bufando.

Subimos o morro escutando a Lari reclamar que tava cansada, que não aguentava mais andar, que as pernas estava doendo, entre outras mil coisas.

As ruas por aqui eram bem movimentadas, tinha umas crianças brincando na rua, mulheres dançando, outras sentadas na calçada provavelmente fofocando. E todo mundo nos olhava, praticamente paravam o que estavam fazendo para nos olhar.

Chegamos até uma casa pequena, mas bem bonita.

Imagino que seje a casa da Mari.

O Mal educado do Diego nem chamou, já chegou entrando.

Claro, fomos atrás dele.

— Fiquem a vontade. — diz adentrando a casa.

— Aleluia. — diz Larissa se jogando no sofá.

— Para de ser folgada Larissa! — reclamo com ela.

— Pensei que tinham desistido no caminho... Que demora em — diz Mariana aparecendo na sala.

— Pensei mesmo em desistir. Maior subidona — resmunga.

— Adorei sua casa... — digo olhando ao redor.

Era tudo bem bonito aqui, a cara da Mariana mesmo, cada detalhe dessa casa me lembrava ela.

— Valeu mona, mas e aí estão com fome? — pergunta nos observando.

— Fome é meu segundo nome querida. — diz fazendo a gente rir.

— Ótimo! Porque fiz uma torta de morango... 

— Amo torta de morango!!! — digo salivando.

Fomos até a cozinha, a Mari serviu a gente e começamos a comer.

A torta estava maravilhosa.

O Diego continuou com a gente, até o celular dele tocar e ele sair correndo.

— É sempre assim? — pergunto intrigada.

— Sempre assim o que? — pergunta sem entender.

— Ele atende o celular e sai correndo... Meio estranho isso né  — pergunto me referindo ao dia do mercado também.

— Depende, quando é o Matheus, ele tem que ir. 

— hummmm... — resmungo.

Peguei meu celular que tava no meu bolso, e vi que tinham mais de 30 ligações do Gabriel.

Eita menino chato.

Revirei os olhos e guardei o celular novamente.

— Problemas? — Mariana pergunta apontando para o meu celular.

— Nem te conto amiga... — resmungo.

— Não! Conta sim... — Larissa diz colocando mais um pedaço de torta na boca.

— Vaca! — jogo o guardanapo nela.

— Conta logo menina... — diz curiosa.

— Bebi, fiquei louca. Não lembro de nada, ou seja, não lembro, não fiz!

— Não lembra? Que bom que você tem uma amiga maravilhosa que lembra de tudooo. — Larissa diz me fazendo revirar os olhos.

— Então, me conta mulher...

Mariana também adora uma fofoca em…

— Pra variar, a Jéssica bebeu demais ontem...  Ela dizia amar o Biel, depois batia nele, dizia odiar, depois dizia amar de novo... E ainda aceitou a namorar com ele kkkk — diz rindo.

Se ela não fosse minha melhor amiga, eu já teria matado ela.

— E a pessoa que dizia ser minha melhor amiga, nem me impediu de fazer essa loucura. — faço drama.

— Nem é pra tanto Jess. O Biel não é feio não. Ele é gatinho. — Mariana fala tentando me confortar.

— Ótimo! Fica com ele então...

— Ele gosta de você, lerda. 

— Eu não quero relacionamento não. Eu quero beijar muuuito, várias bocas... Sentar em várias pirocas. Ai que delícia! — digo a real. 

— Jesuuuus, minha amiga é uma piranha... — Larissa diz colocando a mão na boca.

— Piranha com classe. — corrijo sua fala.

— Pensei que nunca encontraria pessoa mais doida que eu... 

Mariana fala balançando a cabeça.

— Prazer, Jéssica. — digo rindo.

— O que vamos fazer no trabalho? — pergunta mudando de assunto.

— Podemos falar sobre isso... — digo tendo a ideia perfeita do tema para esse trabalho.

—  Isso o que? — pergunta sem entender.

— O que conversamos na faculdade ontem... Origens... Preconceito... 

— Ótimo. Adorei!! — diz batendo palma.

Terminamos de comer a torta e fomos na sala, começar o trabalho.

Antes de começarmos a fazer o trabalho, entra dois seres batendo a porta com toda força.

Dois seres maravilhoso.

Senhor, só tem homem gostoso nesse lugar...

— Eita, que vão quebrar minha porta daqui a pouco... — Mariana reclama.

— O que tem pra comer? — diz um deles todo grosso indo pra cozinha.

Ai que grosso, gostei.

— Vocês não tem casa não? — diz indo atrás do que foi na cozinha.

— Tenho, mas sua casa é mais perto. — responde.

—  Babaca sua casa fica aqui do lado...

— Coloca logo comida aí, tô na maior larica.

— Amiga, que gostosos né?! — sussurro para a Lari.

— Verdade... — diz olhando para o moreno.

— Amigas novas? — pergunta se sentando ao meu lado.

— Sim. Me chamo Jéssica. — me apresento.

— Satisfação, Arthur.

— Me chamo Larissa. — diz minha amiga corando logo em seguida.

Sem tempo de nada, o outro cara sai da cozinha com um prato na mão e comendo.

Ele nem olhou para minha cara, nem pra Larissa. Pra ninguém.

Parecia muito sério e muito mal educado. Mas era muito gostoso também, não dava pra negar.

Ele continuou comendo em silêncio com aquela cara de mal que eu gosto, hum…

— Bora Arthur. — diz deixando o prato na mesa da sala e saindo.

— Tchau meninas. — O tal Arthur falou e saiu atrás daquele ogro gostoso. .

Assim que eles saíram, a Mari pegou o prato do mal educado e começou a lavar. Nem pra lavar o que ele sujou presta, filho da mae.

Assim que ela terminou de lavar o prato, se juntou com nós na sala.

Eu tava me corroendo de curiosidade sobre aqueles caras que vieram aqui, então não me contive e perguntei:

— Quem era aquele cara super mal educado? Lindo e gostoso? — pergunto e rimos.

— O dono disso tudo aqui e meu melhor amigo.

Nunca me imaginei de frente com o dono de um morro.

Meu Deus!!!

Eu estive de frente com o dono da porra toda!!!

— Hum... — digo pensativa.

Pegamos nossos computadores e começamos a fazer o trabalho.

“Onde exista um sentimento bom, eu quero ficar.”

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