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Capítulo 4

Vinícius Romano

Chego no estacionamento do prédio e bato a porta do carro. Vim dirigindo de Campinas e a ansiedade era imensa. Queria saber quem era Margareth LeBlanc e se poderia me proporcionar o que procurava.

Olho ao redor para me localizar e logo vejo nos fundos do estacionamento um elevador com um ascensorista. Tinha acabado de mandar mensagem para ela dizendo que cheguei no prédio, então não fico surpreso por um dos elevadores estar me esperando. O estacionamento está cheio, já que hoje é final de semana. Para a boate ainda é cedo, mas acredito que para os outros ambientes da casa não seja.

Olho em volta, curioso e vou em direção ao elevador. É um belo império que tem aqui, e sabemos que nos dias de hoje, empreendimentos que envolvem entretenimento para adultos, estão em alta.

O que me deixa curioso é como uma mulher tão interessante resolveu fazer parte desse mundo? Imaginaria homens dirigindo um negócio desses.

_Boa noite! _ falo para o ascensorista.

_Boa noite, senhor, preciso de sua identificação e o andar que vai ficar.

_Sou esperado para um jantar na cobertura. _ tiro minha carteira de motorista e entrego a ele.

Verifica no celular e diz:

_Ok! Te levarei até lá...

Sorrio simpático e entro no elevador. Até que não foi difícil! Na última vez que vim com o Damon não conseguimos entrar neste elevador. Apenas deixamos o carro aqui e fomos conduzidos para uma porta lateral onde era a entrada da boate.

O elevador sobe e para num hall de entrada todo branco, desde as paredes ao piso.

_É só tocar a campainha. _ diz já apertando o botão para o elevador descer.

Olho para tudo curioso. Vejo uma porta dupla de madeira maciça na minha frente. No canto há um aparador com algumas plantas de folhas grandes e um quadro na parede de arte abstrata, daqueles bem coloridos que cada um vê algo diferente.

Procuro a campainha e toco, arrumando a gola da minha camisa. Escolhi para esse encontro uma calça de alfaiataria e camisa de botões branca. Não queria parecer formal ou desleixado. Estou nervoso e nem sei porque...

A porta abre e vejo uma garota sorridente na minha frente. Fico intrigado, deve ter a minha idade, mas é completamente fora do padrão. Está usando uma calça preta e blusa sem mangas da mesma cor. O colorido fica por conta do cabelo azul e a pele com tatuagens a perder de vista. Além disso, há um piercing no nariz que a deixa mais encantadora.

_Oi... _diz sorridente

_ Oi! _estendo a mão para ela e retribui o cumprimento. _ Sou Vinícius.

_Blue. _ dá espaço na porta e diz. _Entre.

Entro observando o ambiente. Uma sala espaçosa com móveis de madeira escura, em uma parede, uma tv imensa completa o visual de entrada. O lugar é imenso e de muito bom gosto. Um ambiente clean, o que trás cor para o ambiente são as almofadas coloridas e os vasos de flores espalhados por todo o canto.

_ Minha senhora já vem. Gostaria de tomar algo?

_ Não, estou satisfeito!

Sorri e some no corredor. Olho para os janelões da sala e fico encantado com a vista. O prédio tem uma ótima localização, mas quem olha de fora não imagina o que rola por aqui. Acha que se trata apenas de uma boate. Ledo engano. Se meu pai soubesse desse prédio, acredito que ia se esforçar para lucrar com os negócios dela. A primeira coisa que faria era se informar se tinha dívidas no banco. São só negócios, ele diria. A primeira coisa que mudarei na empresa quando assumir é exatamente está mentalidade. Não precisa ser só por ambição a todo custo. Um pouco de empatia não levaria os negócios à falência.

Escuto um arranhar de garganta e me viro olhando para a mulher que está na outra ponta da sala.

Percebo que a fotografia não fez jus a sua beleza. É mais bonita do que imaginava. Sua áurea me fascina a ponto de ficar sem palavras para dizer neste momento, e sem ação também. Margareth olha me observando e parece que procura desvendar o que não transparece num primeiro contato.

Não é baixinha como imaginava, o que só aumenta a minha curiosidade. Porque usa saltos tão altos? O vestido é simples e elegante, reto, preto e na altura dos joelhos. Seus cabelos são na altura dos ombros, bem lisos e escovados. Sua pele tem um tom dourado, provavelmente gosta de tomar sol. Ela usa uma sandália de tiras e de saltos bem altos. Apesar de ter 41 anos, nunca daria essa idade a ela.

_ Vinicius Romano. Enfim, nos conhecemos. _ fala sorrindo. Uma voz aveludada e interessante.

Me lembro de como Blue se referiu a ela. Dominadores gostam de ser tratados formalmente, não poderia cometer essa gafe logo num primeiro momento.

_ É um prazer te conhecer, senhora. _ fico surpreso quando minha voz soa rouca e completamente afetada por esta mulher.

Se aproxima e estende a mão para mim, me cumprimentando. Sinto seu cheiro bem de perto agora. Que coisa gostosa! Algo exótico e cítrico, diferente de tudo que já senti. Sua mão é quente e sinto vergonha porque a minha está suada de nervoso. Parece que estou diante de uma reunião com pessoas muito importantes onde tenho que apresentar um projeto. Sou péssimo para falar em público e me sinto pior agora.

Talvez seja medo de não agradar essa mulher. Só sei que agora, mais do que nunca, quero ter algo com ela. Porque me despertou sensações que estavam adormecidas desde que Livia terminou a nossa relação. Quero isso para mim novamente. Quero muito!

_ Sente-se. Pedirei a Blue que nos sirva um suco. Temos assuntos para discutir e não costumo discutir essas coisas com bebida alcoólica. – fala seria se virando e saindo pelo corredor.

Me sento no primeiro sofá que vejo e suspiro. Que mulher!

Logo Blue entra acompanhada dela, com uma bandeja com um suco que parece ser de laranja, serve na mesinha de centro e sai sorrindo. Margareth senta na minha frente e diz dando o suco na minha mão.

_ O que achou da minha casa?

_ Muito confortável e bem localizada.

Sorri e cruza as pernas fazendo com que o vestido suba e deixe aparente os seus joelhos.

_ Deve ter se surpreendido com um prédio tão bem localizado e que ainda não seja do seu pai.

Então sabe que meu pai é uma raposa milionária e dono de uma grande parte dos imóveis desta região. Andou fazendo pesquisas sobre mim. Não deveria me surpreender já que, pelas minhas pesquisas, isso é comum acontecer neste tipo de relação.

_ Estava pensando nisso quando cheguei. Fico feliz que alguém ainda não se encantou pela carteira do meu pai

Sorri sarcástica.

_ Alex até pode tentar, mas acredito que o trabalho que vai dar, não valerá a pena o esforço.

_Imagino!

_ Bom, Vinícius, não gosto de rodeios então vamos ao que interessa. Fiquei interessado na sua proposta, apesar de não ser algo que faça com frequência. Principalmente com um aspirante a submisso.

Fico confuso.

_ A madame me disse que é uma mestra.

_ Mestra de dominação. E já fui, hoje em dia o meu negócio toma todo o meu tempo.

Então porque Madame me mandou para ela? Começo a ficar decepcionado, queria uma relação com uma mestra de verdade, não com alguém completamente fora do que procuro.

_Não entendo! Se não é sua especialidade, porque marcou este encontro?

Ela sorri sem abrir a boca.

_ Curiosidade! Me pareceu um desafio, e são poucas coisas que me surpreendem hoje em dia.

_ Devo me sentir lisonjeado?

_ Um pouco! Vai depender desta conversa.

_ Espero que não a decepcione.

Suspira e continua.

_ Você decepcionará, se acostume com isso. É um novato, não sabe das regras mais simples do BDSM. E alguma hora fará algo que não admito e vou te castigar. Mas precisa saber de algo.

Ela me olha intensamente.

_ O que, senhora?

_ Costumo ser implacável com erros, então tente não me decepcionar muito. Isso se continuar querendo um contrato comigo depois dessa conversa.

_ Terei isso em mente.

_ Seu currículo foi esclarecedor, mas ficaram algumas dúvidas nele.

_ Quais?

Ela se levanta e começa a se movimentar com a graça de uma cobra pronta para dar um bote. Já sinto meu pau doer dentro da calça. Rodeia a minha poltrona, põe os dedos no meu ombro atrás de mim, começo a me mexer para olhá-la, mas segura firme no meu ombro dizendo:

_ Não se mexa. _ paro e continua olhando para frente, enquanto brinca com os dedos na gola da minha camisa. Estamos tão perto, os seus dedos deixam um formigamento por onde passam enquanto fala. _ Uma das regras do BDSM mais importante é que trabalhamos com verdades. Não me esconde nada sobre sentimentos, sensações e observações. Precisa haver transparência na nossa relação. Claro que não é obrigado a me falar de assuntos que não irão interferir nos jogos, mas apenas isso fica fora da equação. O mesmo digo sobre mim, todas suas perguntas serão respondidas, Vinícius, na hora certa, não na hora que quiser.

_ Entendi.

_ Então, visando essa transparência, quero que me fale sobre a sua namorada.

Continua...

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