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Capítulo 5

Vinícius Romano

Suspiro. Sabia que Beatriz viria a pauta uma hora. Se me investigou, sabe dela. Porém, não sabia que seria a primeira coisa que falaríamos.

_ Eu e Beatriz namoramos cinco anos. Nossos pais são sócios, o que contribuiu para o nosso relacionamento, mas não a amo.

_ Por que?

_ Não entendi senhora.

_ Por que não a ama? Se vai casar com ela...

_ Acho que o relacionamento desgastou. Não somos mais namorados.

_ Desde quando?

_ Desde ontem...

_ Qual foi o motivo do término?

_ Não queria enganá-la. Preciso desse tempo.

_ Hum! Madame me disse que teve um relacionamento com uma domme. Era ela?

_ Não! Foi há dois meses atrás. Nos conhecemos num bar.

_ Então traiu a sua namorada?

_ Sim!

_ Compreende que isso é um empecilho para o que possa acontecer? Serão três meses de treino intenso, precisa ser honesto sobre tudo.

_ Eu serei...

_ Não foi tão honesto com a sua namorada. O que me garante que será comigo?

_ Porque essa situação é uma escolha minha.

_ A situação com a sua namorada não era?

_ De uma certa forma não.

_ Está querendo me dizer que namorava obrigado?

_ De uma certa forma sim. Meu pai faz muito gosto nessa união.

Se afasta de mim e aparece na minha frente novamente se sentando e cruzando as pernas. Seus joelhos são perfeitos!

_ Fico feliz que terminou o relacionamento. Não gosto de dividir a não ser que seja para o meu prazer. O que não é, não é mesmo?

_ Sim, senhora.

_ Minha senhora. Sua idolatria me excita, então vá se acostumando em me chamar assim.

_ Sim, minha senhora.

_ Bem melhor. _ sorri. _ Toma seu suco, tá muito tenso. Nunca passou por uma entrevista antes?

Bebo o suco obedientemente e respondo.

_ Não, minha senhora.

_ Então a domme anterior não agiu desta forma?

_ Não! Nos conhecemos numa balada e só fui descobrir os seus gostos bem depois.

_ Então a “querida” é apenas simpatizante.

_ Segue suas próprias regras.

_ Imaginei! É um novato cru que não sabe nada sobre a cultura.

_ O que sei são pesquisas feitas pela internet e o que aprendi com ela, num curto período.

Parece entediada agora, imagino o motivo. Não deve ser muito legal descobrir que não tenho muita experiência no assunto.

_ Sou uma domme masoquista, Vinícius. Sabe o que isso significa?

_ Que a senhora gosta de provocar dor.

Sorri e fico animado.

_ Vejo que pesquisou bastante.

_ Falo sério quando digo que fiquei fascinado pela cultura.

_ Todos ficam, até estarem praticando. Muitas pessoas não fazem ideia de como os jogos agem na nossa mente. Romanceiam situações que não devem ser romanceadas. Lidamos com as emoções a flor da pele e nem todos estão preparados.

_ Por isso que estou aqui. Quero aprender mais e construir minhas próprias impressões.

Ela confirma com a cabeça. Não para de me olhar um segundo sequer, como se buscasse algo que esteja escondendo. Por isso retribuo o olhar e não o desvio um minuto sequer. Sei que não é um comportamento submisso, mas Margareth precisa entender que não pretendo esconder nada dela, não sei fazer isso de uma outra forma.

_ No seu currículo diz que está disposto a experimentar tudo. Até relações com pessoas do mesmo sexo.

_Sim!

O que foi um tabu para mim a minha vida toda. Acredito que tenha evoluído bastante quando admitir isso e aconteceu a pouquíssimo tempo. Outra coisa que devo a Lívia.

_ Sente atração por homens a muito tempo, Vinícius?

_ Desde sempre...

_ Então por que não teve nenhuma relação assim antes?

_ Porque achava errado.

_ Em outras palavras, seu pai achava errado.

Fico com vergonha, porque não queria dizer a ela sobre o controle que o meu pai tem sobre mim. Queria manter isso bem distante de tudo isso. Aliás, não queria nem pensar no meu pai quando estivesse aqui, mas fica difícil esconder algo dela.

_ Sim!

_ Então temos aqui um playboyzinho controlado pelo papai?

Eu devia me sentir ofendido com isso, levantar e sair daqui imediatamente, mas sabe o que sinto? O meu pau inchar mais na calça. Descobri com a Lívia que gosto de ser humilhado, isso me excita. Não falou nenhuma mentira! Sou isso mesmo, mas tenho os meus motivos, o que não vem a caso agora.

_ Sim! Existe pessoas que precisam de mim, e...

Levanta a mão e me calo.

_ Sei, sei... Sempre há motivos para justificar o injustificável e sempre acham que são nobres. Não estou interessada. _ se levanta e começa a andar para a janela, cruzando os braços no seu peito. _ Sacrifica a sua felicidade e as suas escolhas para agradar o seu pai e isso não é digno, diria que é deplorável. Um rapaz tão jovem e bonito, poderia ter o mundo aos seus pés e seu pai te castrou para ficar aos pés dele. Que tristeza! Mantém um relacionamento que não quer porque seu pai deseja assim, aposto que trabalha na empresa dele porque também quis assim... _ abaixo a cabeça e não consigo mais olhá-la. Por um momento ficamos em silêncio e logo depois diz: _ Estou errada, Vinícius?

_ Não! Está certa.

Me dói dizer isso, mas infelizmente é um resumo da minha vida.

_ Ok! Antes tarde do que nunca. Resolveu assumir suas escolhas aos 25 anos. Não fará mais nada que o papai ordenou...

_ Pelo menos por três meses pretendo seguir meus instintos.

Ela se vira e me olha.

_ Então está aqui porque tirou férias do papai?

_ Tirei férias da minha vida, senhora!

Parece contrariada.

_ Ao findar esses três meses e descobrir que não consegue mais viver sem o BDSM, o que fará? _eu não sei e tenho evitado pensar nisso ultimamente. Só quero pensar quando acontecer. _O gato comeu a sua língua? _ fala sarcástica.

_ Pretendo resolver isso quando chegar a hora.

Suspira e se senta novamente e continuo olhando para baixo, me sentindo um idiota em como pode me ler tão bem.

_ Olhe para mim, Vinícius. _ faço o que pede. _ Vou te dar um aviso, antes que comece a trabalhar com você. Uma vida dupla não é algo agradável de se viver, porque a verdade sempre vem a tona. Não conseguimos esconder isso por muito tempo, principalmente para as pessoas que convivem conosco. Então se pretende levar o BDSM para a sua vida desta forma, aconselho a nem começar.

_ Por que aconselha a nem começar?

_ Se gostar dessa vida, não conseguirá se afastar disso novamente.

_ Preciso viver essa experiência, minha senhora.

Ela suspira.

_ Foi apenas um conselho. Estou disposta a te ensinar o básico de toda uma relação BDSM. Só pode me dar os finais de semana, então será um intensivo. Trabalharemos incansavelmente e algumas vezes levará tarefas para casa. Então, espero que more sozinho e que não tenha nenhuma companheira, pois vai ser difícil explicar certas coisas.

_ Sim, minha senhora. _ minha voz sai eufórica. Ela aceitou! Nem acredito!

_ Trabalharemos a sua autoestima, seu autoconhecimento, para que quando chegue a hora de tomar a sua decisão, tenha como fazer isso. Quanto aos seus limites, tenho um contrato pronto e quero que estude bem, se tiver alguma dúvida me ligue. Pesquise na internet e só marque aquilo que está disposto a fazer.

_ Farei isso.

Suspira e se levanta.

_ Vamos jantar. Mandei preparar um suflê de queijo, espero que goste.

Eu confirmo.

Está acontecendo!

Enfim vou ter a experiência que vai mudar a minha vida. Sei que não serei o mesmo depois disso.

Mas o que serei é algo que só pensarei no final disso tudo.

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