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Capítulo 3

Vinícius Romano

_ Você o que?

_ Terminei, pai... Preciso de um tempo.

_ Vocês namoram a cinco anos, Vinícius.

_ Acho que não a amo mais....

_ Deixa de ser idiota! Um casamento não é feito só de amor, é um contrato em que ambas as partes saem ganhando. Casamentos baseados em amor não duram. Vocês têm tudo para dar certo. Não acredito que fez isso.!

_ Não quero um casamento como o seu?

Ele ri sarcástico.

_ A pauta aqui não é o meu casamento com a sua mãe.

_ Vocês formaram uma família, tiveram dois filhos mas não são felizes.

_ E daí? Formamos uma família e é isso que importa. Tenho um casamento bom, nós não discutimos, e nos entendemos muito bem.

_ Será que a mamãe concordaria?

_ O que está dizendo?

_ Que se soubesse um terço do que sei, não estaria nesse casamento até hoje.

_ Quem pensa que é, moleque?

_ O seu filho. Não quero me casar se não for por amor.

Ele ri novamente

_ Beatriz é a mulher perfeita pra você! Espero que ponha essa sua cabeça no lugar, quando for para São Paulo fazer outro MBA que não precisa. Só para adiar algo que é inevitável para a sua vida.

_ Não estou adiando nada, pai. Concordei em assumir o cargo de presidente da Romano Investimentos. Mas vai ser no meu tempo, não no seu, quando me senti seguro de que estou preparado.

_ Não seja uma decepção como a sua irmã. Estou contando com isso. _ vira as costas e começa a sair da minha sala, mas para no meio do caminho e diz: _ não é só o cargo da presidência que precisa parar de adiar, Vinícius. Pense bem no que vai fazer?

Sai da sala espumando de raiva. Estava falando de que? Agora vou ser obrigado a casar com uma pessoa que não amo?

***

_ Ela é gata!

_ Para uma coroa, é sim.

_ 41 anos não é considerado “coroa” para os dias de hoje. _ ralho com o Damon e solta uma gargalhada.

Estamos num bar perto da empresa onde passo a maior parte do meu tempo, a Investimentos Romano.

Damon é um dos meus melhores amigos, desde o tempo do ensino médio. Já compartilhamos tudo, até o que não deveria ser compartilhado. Viemos para cá porque tinha que contar as últimas novidades para ele.

Enfim, meu plano está dando certo. A Madame me pôs em contato com uma dominadora que poderá me ajudar para o que preciso.

Tudo começou quando conheci Lívia num bar, numa das milhares noites que saí com os amigos para beber. Era uma mulher bem mais velha, até hoje não sei sua idade, mas sempre foi nítido. Era linda!

Sempre me senti atraído por mulheres mais velhas, uma das provas disso é Beatriz que é cinco anos mais velha que eu. Nunca fui um cara que me senti atraído por menininhas saindo da puberdade. Sempre gostei de experiência, e de toda essa áurea que as envolve. Então, não foi surpresa para ninguém quando saí do bar com uma mulher bem mais velha. O que foi surpresa foram os seus gostos nada peculiares. Descobri alguns minutos depois, que era uma dominatrix, adepta do BDSM.

No começo me senti estranho, mas quando percebi que aquilo tudo me atraia e me fascinava, só deixei rolar. E tudo se encaixou. Devo muito a Lívia, pois abriu a minha cabeça para coisas que nunca imaginei, e para muitas outras que já havia imaginado, mas que não tinha coragem para admiti-las. Ela me fez ver as coisas com outros olhos.

Desde então isso não sai da minha cabeça. Foi ela que me indicou o internato da Madame em São Paulo, quando disse que queria me aprofundar no assunto, só tive que ir procurar. Quando cheguei lá fiquei sabendo que a especialidade dela eram submissas mulheres, o que me deixou meio frustrado no começo. Até propus que pudesse me ensinar. Tá certo que era um pouco mais velha do que imaginei para mim, mas era linda, não seria um sacrifício. Propus até só o treinamento, mas não aceitou e disse que entraria em contato quando achasse a Dominatrix perfeita

. Exigia descrição, o que limitou bastante a minha busca. Não queria chocar o meu pai ou a minha família com minhas escolhas, só queria ter essa experiência. O que viria com o futuro depois dela, resolveria quando viesse.

Agora só pensava naquilo. Em ser humilhado, compartilhado, sodomizado por aquela mulher que estava na foto que Madame acabou de me mandar. Margareth LeBlanc, 41 anos, empresária da noite, dona do Clube Fantasie. Ela era linda! Cabelos lisos castanhos na altura do ombro, rosto comprido, olhos castanhos expressivos. Magra, com as pernas mais lindas que já havia visto. Estava vestida com um vestido branco colado ao corpo e scarpin prateado altíssimo. Amava saltos altos, acho que deixava as mulheres muito mais elegantes do que já eram. Ela tinha um olhar de superioridade, o mesmo olhar da Lívia, que me excitava muito.

Madame me disse que ela havia marcado um jantar amanhã em sua casa, que ficava no mesmo prédio do clube. Eu já havia ido lá algumas vezes com o Damon. Ele não fazia parte desse mundo, mas gostava de variar na sua vida sexual. Damon tinha me confessado que a boate era muito mais que um ambiente dançante e erótico, mas que os outros andares só poderiam entrar convidados, o que despertou muito a minha curiosidade

Nós mantínhamos residência em Campinas, mas devido aos negócios vivíamos em São Paulo, o que me despertou mais ainda para essa aventura.

A desculpa do curso foi algo que eu e Damon inventamos para justificar a minha ausência nos finais de semana. Como vivia fazendo cursos, ninguém desconfiaria de nada.

Só sei que me dei três meses de alforria, de tudo que me prendia e que não ansiava, ia aproveitar isso de todas as maneiras.

_ Nada contra seus gostos por mulheres, mas ela tem 16 anos a mais que você. Não vai inventar de cair de amores.

_ Não corro esse risco.

_ Claro! Fala o cara que ficou um mês chorando pitanga porque a vovozinha deu um pé na bunda dele quando descobriu que ele era casado.

_ Não sou casado. Lívia não é uma vovó e não levei um pé na bunda. Resolvemos de comum acordo acabar com tudo.

_ Pra começo de conversa, você nem devia ter começado nada. Tinha uma namorada.

_ Por isso que dessa vez terminei antes.

Ele bufa e suspira.

_Vini, tem certeza? Tá jogando o seu futuro no lixo com a Beatriz. Aquela ali tem um gênio filha da puta. É bem provável arrumar outro e você terminar nessa sozinho.

_ Se acontecer é porque a Bia não é a mulher certa.

_ E quem seria? Margareth LeBlanc?

_ Por enquanto ela é só um meio de chegar ao paraíso.

_ Você gostou mesmo desse lance de ser submisso, né?

_ Acha estranho?

_ Até que não, a psicologia explica. Um rapaz que desde novo tem que assumir responsabilidades que em teoria não devia assumir. Então, não... Não te acho estranho! Precisa de uma válvula de escape, se isso te traz a paz que precisa, quem sou eu para julgar? O homem mais puto da face da terra.

Eu dou risada. Damon é psicólogo e como ele mesmo diz, um puto de carteirinha. Leva a sério esse lance de realizar fantasias sexuais e fetiches. Gosta de se aventurar e acha que se todos levassem a liberdade sexual para a sua vida, o mundo não seria tão preconceituoso e exigente como é.

Concordo com ele, mas existe coisas que sempre foram limites rígidos para nós dois, que hoje, no auge dos meus vinte e cinco anos estou descobrindo que na verdade o que eram limites rígidos eram preconceitos enraizados na minha cultura. Sou da teoria de que aquilo que não faz mal só nos fortalece. Não estou matando ninguém e nem prejudicando. Então porque não posso ter essas experiências? Vou vivê-las até o fim, e essa é uma promessa que faço a mim mesmo.

_ Está preparado para me acobertar esses três meses?

_ Sempre! Vá viver essa experiência, mas por favor, é só uma experiência. Não resolva levar para a sua vida.

_ Está me aconselhando a ter uma vida dupla se caso não conseguir me afastar mais deste mundo?

_Estou, Vini. A dor de cabeça que vai ter se o seu pai descobrir esse teu gostinho peculiar. Não vai valer a pena! E não e justo com você e nem com a Juliana

Ele tem razão, meu pai me deserdaria sem pensar duas vezes. Ele, já fez isso com Juliana, minha irmã mais velha. Não posso ser deserdado também, porque existe pessoas que dependem de mim.

Juliana foi deserdada porque resolveu ser professora do que assumir os negócios de família. A vida a levou para caminhos que nunca imaginou. Casou com um outro professor, tem um casal de filhos e vive uma vida pacata aqui perto. Além disso, um de seus filhos tem uma doença rara que é custeada por mim. Meu pai nunca se conformou que a filha, criada nos melhores colégios que o dinheiro pode comprar, se sentisse realizada vivendo assim.

Juliana precisa de mim e se fosse deserdado não poderia ajudar mais. Querendo ou não, tenho que seguir a vida de acordo com as regras do meu pai. Não tenho escolha!

_ Pode ficar tranquilo. Vou assumir a empresa na hora certa e até me casar com quem quiser, mas não posso abrir mão de viver esta experiência.

_ E nem deve... Acho que tem direito de fazer algo que te realize e te faça feliz.

Eu sorrio para ele.

Vão ser tempos difíceis, eu sei, mas como disse, não posso me dar ao luxo de ser impulsivo sem levar em conta as pessoas a minha volta. Não sou mais um adolescente, tenho deveres a cumprir.

Só não posso abrir mão de nada! E não vou.

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