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7

— Qual é a mensagem?

— Ele está planejando uma fuga para esse final de semana. Pediu que providenciasse um jatinho e que levasse o dinheiro dele. — Mais uma respiração profunda. O que eu faço? Se o ajudar, com certeza voltarei para a minha antiga vida. Um pensamento arriscado percorre a minha mente e o meu sangue chega a ferver nas veias.

— Quanto ele está te pagando por esse serviço? — Meu coração salta violento no peito, mas preciso manter a frieza em minhas palavras. Isso fará toda a diferença na hora de fechar um negócio tão bom, quanto arriscado.

— Trinta milhões. — Fecho os meus olhos e bufo audivelmente.

— Pago cinquenta, se der um fim nele para mim. — O homem riu do outro lado.

— Como saberei que não está me metendo em uma enrascada?

— Me dê o número da conta, DJ e amanhã terá vinte e cinco milhões depositados nela, e quando fizer o serviço, terá o resto. — Ele assobia do outro lado. E isso é um ótimo sinal.

— Cinquenta milhões é muita grana, mano!

— Sim, é. E se aceitar, o dinheiro será seu.

— Considere o serviço feito, mano.

— Acesse a sua conta amanhã — digo, enquanto me passa os seus dados bancários e faço a transferência imediatamente.

Nunca mais Cicatriz. Penso. Nunca mais usarei a sua maldita coleira outra vez!

Fecho os meus olhos, encostando minha cabeça nos travesseiros e puxo a respiração, dessa vez, aliviado.

Livre… Estou livre de verdade!

Começo a guardar os materiais e ponho tudo em cima de uma escrivaninha, próximo a um dos janelões. Olho o lado de fora e observo a noite calma, o jardim está quieto e não há vento essa noite. Afasto-me da janela e entro no banheiro, tomo uma ducha rápida e visto apenas uma box preta, e me jogo no colchão. Minutos depois, já estou meio sonolento, quando escuto um grito alto de puro terror e pânico. Pulo para fora da cama imediatamente e saio correndo do quarto, tentando. Outro grito surge no quarto ao lado e forço a madeira tentando abri-la. Merda, está trancada de chave!

— Fabi?! — Chamo por ela, porém, ela não para gritar e eu não sei o que fazer. — Fabi, abre a porta! — grito, forçando a fechadura, mas nada acontece. Então me afasto e vou com toda pra cima da madeira branca e a porta abre bruscamente.

— NÃO!!! — Ela grita se debatendo entre os lençóis. — NÃO TOQUE EM MIM! NÃO! — Engulo COM DIFICULDADE, assistindo à garota se debater com extrema violência e me pergunto que porra está acontecendo? Fabi está banhada de lágrimas e de suor, e o seu rosto se contorce, como se sentisse uma forte dor. O desespero está estampado em cada parte do seu corpo.

— Fabi, sou eu. — Aproximo-me devagarinho.

— NÃO! NÃO SE APROXIME!!! NÃO ME TOQUE!!! — Ela se debate ainda mais, dessa vez, lutando contra mim. Merda, o que eu faço? Seguro firme os seus pulsos e tento falar com ela.

— Olhe pra mim, Fabi. Sou eu, o Alex. Fabi, olhe pra mim! — peço, insisto e seguro firme em seus ombros. Ela aperta os olhos, e faz não com a cabeça. Aproximo-me ainda mais e a puxo para os meus braços.

— NÃO!! ME SOLTAAAAA!!! NÃO!!! NÃO!!! Por favor! — Luta, me bate e me arranha, usa toda a sua força pra sair dos meus braços e por fim, ela suplica e começa a chorar outra vez.

— Shiiiiii! — Faço o som arrastado, embalando seu corpo com o meu para acalmá-la. - Está tudo bem, menina, você está segura aqui - sussurro. Aos poucos ela para de lutar, mas as lágrimas não param de cair.

O que te fizeram? Deus, porque ela está assim?

— Senhor, Alex, o que houve? — Anita entra com um sobressalto no quarto. Ela está ofegante, provavelmente veio correndo até aqui.

— Pode fazer um chá, Anita? — peço sem lhe dar muitas explicações e ela assente, saindo do quarto logo em seguida. Fabi chora baixinho agora e eu acaricio seus cabelos, e continuo a embalar o seu corpo.

— Estão mortos. — Ela sussurra de repente. Um gelo imediatamente tomar conta de mim, pois, de alguma forma consigo sentir a dor das suas palavras. Quem está morto? — Estão todos mortos — repete e volta a chorar. Sem saber o que fazer, apenas a aperto em meus braços e me pego beijando os seus cabelos.

— Vai ficar tudo bem, querida! — repito, mas ela faz não com a cabeça.

— Todos estão mortos. Todos eles morreram… todos. — Continua a sussurrar e dessa vez sem parar.

Porra o que fizeram com essa menina?

Afasto-me um pouco a faço olhar para mim, e encontrei o medo gritando em suas retinas escuras. Meu coração para uma batida, pois, reconheço esse medo. Eu já o vi antes… quando eu era apenas um garotinho.

— Vai ficar tudo bem, Fabi. Não deixarei nenhum mal te acontecer outra vez. Está me ouvindo? — falo olhando bem dentro dos seus olhos e vejo a compreensão resplandecer neles. Contudo, as lágrimas voltam a enchê-los.

Não sei o que deu em mim no segundo seguinte, mas deixei que os meus lábios roçassem levemente nos seus. Fabi hesitou, apertou as minhas mãos que estão nas laterais do seu rosto. Entretanto, tentei uma vez mais e ela me permitiu beijá-la levemente.

Caralho!

— Eu trouxe o chá… senhor… Alex. - Anita fala de repente, fazendo-me afastar da garota. Ela perece extasiada e olha de mim para a garota. Desconsertado, afasto-me de Fabi e saio da cama, para que Anita tome conta dela agora. No entanto, não saio do quarto, fico parado, encostado a uma parede e calado, apenas olhando a menina tomar o seu chá em silêncio e pouco a pouco se acalmar. - Pode ir, senhor Alex, ficarei essa noite com ela. - Anita informa e eu devia estar aliviado por isso, conformado até, mas não estou. Na verdade, estou puto e eu nem sei o porquê. Queria ter ficado com ela naquele quarto, cuidando dela…

Droga, não faça isso, Alex! Não vá por este caminho, não se envolva.

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