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3

— Olá, senhor Fox! Trouxe as suas coisas. — Observo a jovem enfermeira adentrar no quarto segurando uma bolsa escura na mão.

Minhas coisas. Que coisas? Penso com curiosidade. Porra, eu odeio estar perdido no tempo!

Ela larga a bolsa em cima de uma poltrona e sai logo em seguida. Nervoso, eu desço da cama e vou até o objeto, abro e para a minha surpresa, encontro dentro dela algumas roupas limpas, um par de tênis novos, uma carteira com alguns cartões de crédito e meus documentos falsos. Visto as roupas, calço o tênis e pego a carteira, levando-a ao meu bolso traseiro. Os meus olhos param fixamente no celular largado no fundo da bolsa e eu me pergunto, como tudo isso veio parar aqui? Depois de pronto, estava hora de encarar o mundo. Do lado de fora do hospital, caminho a esmo pelas calçadas, até um carro grande e caro parar bem ao meu lado, no meio fio, porém, eu continuo andando, mas ele continua me seguindo.

— Senhor Fox? — Um homem usando um uniforme escuro e um quepe na cabeça me chama. — Sou o Danilo, o seu motorista. — Ele diz e eu praticamente grito um, puta que pariu, um motorista? Isso é algum tipo de piada? — Estou aqui para levá-lo para casa — avisa. Paro de andar abruptamente e encaro o homem através da janela do carro.

— Casa? — questiono. Ele para o carro e confirma com a cabeça.

— Explicarei tudo no caminho, senhor — fala. Ainda desconfiado, eu olho de um lado para o outro antes de finalmente entrar no carro luxuoso. — Nos conhecemos no avião, senhor Fox. — Ele diz e liga o motor do carro. — O senhor estava ferido e eu o ajudei. E foi o senhor me incumbiu de cuidar de tudo enquanto estivesse hospitalizado.

— E, porque ajudou um homem desconhecido, Danilo? — Procuro saber, pois sinto que algo está, muito errado nessa história toda. Ele sorri.

— Porque o senhor me ofereceu um salário três vezes melhor do que o que eu recebia antes.

— Ah! — Bom, é uma resposta plausível. Penso. Respiro fundo e olho para o lado de fora.

— Enquanto esteve hospitalizado, fiz tudo o que me pediu. Comprei uma casa, contratei alguns empregados e cuidei das suas finanças. — Apenas assinto. — Também paguei a conta do hospital e todos os cuidados extras que precisava.

— Certo. Danilo, não é?

— Sim, senhor.

— O que mais fez enquanto eu estava no hospital?

— Comprei as empresas de automóveis que estavam indo à falência como me pediu. No total, três empresas. — Soltei um assobio apreciativo.

— Então agora sou um empresário do ramo automobilístico? — indago, pasmo com os resultados.

— Sim, senhor. Também investi na bolsa de valores e posso lhe dizer que o seu dinheiro está rendendo um milhão e meio praticamente por dia. — Cacete! Resmungo mentalmente.

— Uau, então agora também sou um multimilionário?

— Com certeza, senhor — responde com um sorriso largo. Porra, estou começando a gostar desse cara! Penso satisfeito.

— Estou gostando de saber disso, Danilo — falo e o olho, com um sorriso de lado. Ele sorri outra vez.

— Obrigado, senhor! — Puxo a respiração e volto a focar nas calçadas. Agora entendo o hospital luxuoso, os cuidados especiais e tudo mais.

O carro para em frente a um condomínio de luxo, que fica de frente para uma praia particular totalmente deserta. Ele passa pelos muros de vidros grossos e escuros, revelando as casas enormes dentro do terreno arborizado. São apenas quatro mansões imponentes, dentro de um terreno que parece não ter fim. Todas têm dois andares e garagem que cabem até quatro carros. O automóvel para em frente a terceira casa e eu saio, encarando a linda e moderna faixada. A maioria das paredes são de vidros escuros. Atônito, eu caminho até a casa e abro as portas duplas que também são de vidro.

Caralho, isso é um palácio! Rosno internamente.

Pelo menos três vezes maior do que a minha casa na comunidade no Rio de Janeiro e olha que ela nem era pequena. A sala ampla contém móveis modernos de vidro e madeira, com as cores preta e branca, tapetes felpudos brancos, TV de quarenta polegadas e sofás sofisticados. Confesso que estou acostumado com o luxo. O mercado negro sempre me deu tudo do bom e do melhor, mas isso não se compara nem de longe com o que eu tinha.

— Olá, senhor Fox! Eu sou Anita. Sou a esposa de Danilo e a sua governanta. — Uma jovem senhora, muito linda e na casa dos quarenta informa sorridente. Confuso, eu apenas faço um gesto de cabeça. — Seja bem-vindo! Está fome? Posso lhe servir algo? — pergunta solícita.

— Não, obrigado, Anita! Eu só quero descansar um pouco. — Ela volta a sorrir e concorda.

— Sim, senhor. O seu quarto já está pronto, senhor Alex. É o quarto principal da casa — fala e assinto outra vez.

— Obrigado, Anita!

Sigo para as escadas de formato em espiral, com corrimão de aço inox e os batentes de mármore branco e preto, formando um tipo de xadrez, e começo a subir devagar para não fazer muito esforço. Abro a primeira porta no corredor que tem as paredes claras e o piso que segue o exemplo das escadas. O quarto não tem uma decoração muito diferente dos demais cômodos. Segue o mesmo padrão com fidelidade. Calmamente deito-me na cama, sentindo o meu corpo dolorido finalmente relaxar. As lembranças da noite anterior a minha fuga vem com força em minha mente.

(…)

— Não posso entrar em Bogotá com todo esse dinheiro, Marrento. E eu só confio em você para fazer esse trabalho. Ponha isso em sua bolsa — Cicatriz pede com um tom sério, porém, baixo o suficiente para que apenas eu escute.

— O que é?

— São os cartões. Abri duas contas, cada uma delas tem meio bilhão de dólares. Quando estivermos em território colombiano, você fará a transferência para o meu nome. — Concordo com a cabeça.

— Pode deixar, Cicatriz.

— Ótimo! Não conte nada para ninguém. Esperaremos Jasmine chegar, ela entra no avião e estaremos livres disso aqui. Seremos os reis, filho. — Sinto o meu sangue ferver quando o ouço me chamar de filho.

Eu o odeio e odeio ainda mais quando quer dar uma de bom pai.

— Claro — digo tão somente e ele volta a sorrir, dessa vez, orgulhoso.

— Quero que se case com a minha filha, Marrento e formaremos uma família poderosa. Seremos os reis de Bogotá!

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