Capítulo 3
Marina.
Agora tudo faz sentido, por isso ele estava vestido de encanador, porque na verdade ele é um encanador, e realmente não estava me perseguindo coisissima nenhuma! Estava apenas indo na mesma direção, porque é para o mesmo lugar que eu vou .
__Ora! que grande surpresa não é? -Levantou uma sobrancelha com a mão no queixo me fitando de uma forma que não consigo decifrar.
__ Pois é, já que estamos indo para o mesmo lugar, eu te acompanho. - Sorri sem mostrar os dentes colocando meus braços para trás envergonhada.
Caminhei ao lado daquele homem enorme sem conseguir encara-lo tamanha vergonha que estava sentindo, ele tinha que ser justo o encanador que veio tirar o anel de noivado do ralo da pia que eu derrubei? o que ele vai pensar de mim? Eu me importo com o que ele pensa? Mesmo que tentasse me defender é muito obvio que sou completamente desastrada. Continuei caminhando como se pisasse em ovos olhando para baixo, torcendo o máximo possível para ele não perguntar como aquele anel caiu lá dentro.
Continuei vagando imersa aos meus pensamentos quando alguém segurou meu braço me puxando para trás, quase trombei com seu corpo se não brecasse a tempo.
__O que foi? - Falei perdida o olhando.
__Marina, chegamos. - Me soltou e mostrou com a mão e um sorriso forçado.
__Chegamos! Sorri passando a mão na bermuda que estavam suadas. __Pode entrar, não me disse seu nome?
__ Pode me chamar de Sam. - Me olhou sem expressão.
__Tudo bem, Senhor Sam, por aqui. - Entrei na sua frente para mostra-lhe o caminho. Assim que o Senhor Sam entrou no restaurante todos os olhares se voltaram para ele, principalmente das mulheres, e não poderia critica-las, afinal alguém como ele não se vê todo dia por aí, se fosse dizer um animal que o Senhor Sam parecia seria um leão, a forma como andava de cabeça erguida e com firmeza, é de um líder nato . Com certeza é o melhor encanador de todos os tempos, um homem desse não pode ser um amador.
Abri a porta do banheiro para ele entrar.
__Obrigado.
__Éssa é a pia que esta o anel. - Apontei com indicador dando um sorriso amarelo.
__Com licença. - Pediu e foi até a pia analisando cuidadosamente.
__Terei que retirar o cano para não correr risco de danificar o anel. -Coçou a barba pensativo. __Marina, por acaso sabe quem é a pessoa responsável por esse lindo anel vir parar aqui? - Arregalei os olhos o fitando. Não posso mentir , mentir é pecado Marina.
__Ham? Pisquei os olhos. __Vou deixar o Senhor trabalhar a vontade, saber quem derrubou esse anel é algo tão irrelevante, não é mesmo? Afinal, acidentes acontecem o tempo todo. - Ri nervosa e tentei sair o mais rápido possível. Porém, ao abrir a porta dei de topo com meu chefe.
__ Me disseram que o encanador que iria retirar a aliança que você derrubou, chegou, cadê ele? Meu chefe apareceu falando mais do que deveria me empurrando de volta para dentro do banheiro, o fuzilei com olhar. O Senhor Sam se levantou e o cumprimentou com um sorriso simpático.
__Sam as suas ordens! Então foi a Marina que derrubou o anel de noivado nessa pia? - Percebi um sorrisinho quase imperceptível nos seus lábios. __Porque será que não estou surpreso ?
__Como eu disse antes, acidentes acontecem. - Repito entre dentes em seguida sorri amarelo.
__ Claro. Tem toda razão. - Fingiu seriedade e olhou para meu chefe. __Como estava comentando com a Marina, vou ter que tirar o cano, se não tiver nenhum problema para o senhor. O anel é muito valioso e especial, não quero correr o risco de danifica-lo.
__Faça como quiser, tem a minha permissão, apenas tire esse anel que por vista parece caríssimo e não quero ficar em maus lenções com o senhor Alex. - Assentiu se sentando e voltando a mexer na sua caixa pegando as ferramentas, o observei atenta. Talvez esteja um pouco impactada com esse homem? Talvez, e se for o resultado da oração que eu pedi a Deus? Se bem que se for, valeu a pena a demora, porque Deus caprichou na benção. Comecei a rir gesticúlando.
Garota, o que você está falando? Nem sabe se o moço é cristão. Se controle!Minha voz interior acabou com meu momento de alegria.
__Marina? É melhor deixar o homem trabalhar, e ir fazer o mesmo, não acha? - Meu chefe tentou me arrastar para fora do banheiro.
__Eu posso ficar aqui, se acaso o Senhor Sam precisar da minha ajuda. - Digo seriamente.
__Ajudar? Você? Vai atrapalhar o rapaz isso sim. Vamos logo! Ele pegou minha mão e fico parada no mesmo lugar. Aquele anel é muito importante e tenho que devolver a senhorita Fernanda pessoalmente. Esse é o único motivo que me prende aqui, não descobrir se o Senhor Sam é cristão, longe de mim tal coisa.
__Não! A senhorita Fernanda pediu para entregar o anel pessoalmente. Não posso desgrudar o olho dele , sinto muito chefe. " estou falando do anel é claro."
__Marina, pode ir cuidar dos seus afazeres depois te entrego. - o Senhor Sam comenta sem me olhar.
__Tudo bem então. Se você diz eu fico mais tranquila. Qualquer coisa estou limpando as mesas perto da porta, é só me chamar e venho correndo.
__Ok.
__Se quiser um chá ou qualquer coisa do tipo. Não tenha vergonha em pedir, trabalhar muito pode dar sede.
___Pode deixar. Se precisar de algo pedirei. - Me olhou rapidamente.
__Vamos Marina! O que deu em você? Ralhou comigo fechando a porta do banheiro.
__ Nada, não sei do que está falando. Vou pegar meu uniforme. - Sorri docemente indo me vestir.
Depois de me vestir corretamente, peguei os produtos de limpeza e comecei a limpar as mesas, não sem tirar os olhos da porta do banheiro, antigamente gostava de fazer faxina ouvindo musica, mas só porque ouve um pequeno acidente, meu chefe me proibiu de fazer qualquer coisa com fones de ouvidos ou radío ligado.
Não é que esteja desesperada nem nada, mas se o Senhor Sam for o homem que Deus mandou para mim? Preciso saber se ele é cristão, porque se não for tudo bem.
Que a vontade dele seja feita, não a minha. Eu irei esperar com paciência, porém gostaria que a resposta chegasse logo.
Coloquei as cadeiras viradas em cima da mesa enquanto limpava tudo, percebi uma sujeirinha na porta do banheiro, e um sorriso travesso escapou dos meus lábios, corri para o quartinho de limpeza, peguei a bucha e o sabão e fui em direção a porta do banheiro, comecei a esfregar a porta tentando ouvir algo, escutei barulhos de cano, e chaves de fenda, porque ele não sai nunca dai? Um anel não é tão difícil de pegar, certo?
Meu chefe mandou limpar o restaurante e o banheiro é uma parte importante, não é?
___Marina, o que está fazendo? - Sua voz surgiu atrás de mim e me afastei da porta esfregando imediatamente.
__Faxina!
__Faxina? No começo da semana? Pedi para você limpar as mesas, porque está fazendo algo que não pedi para fazer? - Soltei uma lufada de ar jogando a bucha no balde .
__O senhor deveria agradecer minha boa vontade. Eu vi uma mancha na porta do banheiro e resolvi limpar, os clientes querem o restaurante impecável, quanto mais limpo mais cliente atrai e não precisa aumentar meu salarío, faço de coração porque amo meu trabalho. - Tirei a esponja molhada do balde. __ Agora, só falta jogar agua na porta e estará limpa como um cristal. Veja a magica! -Sorri abertamente.
___Marina, não faça isso! Meu chefe ordenou, ignorei jogando a água na porta no exato momento que o Senhor Sam resolveu abrir e surgir como mágica no meu campo de visão, e acabei o molhando todo. Arregalei os olhos.
Ele esfregou as mãos no rosto e passou pela barba retirando o excesso de água com sabão, em seguida me olhou como se tivesse saindo fogo do seus olhos. Engoli seco.
__Pode me explicar o que significa isso?! - Me encarou de forma aterrorizante levantando os braços mostrando sua situação, e um nó se formou na minha garganta.
__ Me desculpe.. Explico que posso explicar. - Juntei as mãos suplicando. Balançou a cabeça confuso e abriu a boca para responder, mas seu celular começou tocar no bolso do macacão, ele retirou com as pontas dos dedos para não molhar.
__ Com licença! Tenho que atender uma ligação. - Informou pacificamente e me lançou um olhar mortal antes de se retirar.
__Marina, o que você fez? Não tem um só dia que não faz algo estúpido? O encarei na porta do restaurante conversando com alguém e parece irritado, quase posso ver fumaças saindo pela tela do celular. Preciso me desculpar, o Senhor Sam não pode ter uma má impressão de mim.
__Já sei, estou promovida. - Tirei as luvas e coloquei nas mãos do meu chefe.
Tentei me aproximar dele, e acabei ouvindo um pedaço da conversa.
__ Eu sei que você não pediu nada, não dá para simplesmente me agradecer por querer te ajudar ? As vezes parece que só eu me importo com esse noivado. Ele está noivo? Por essa não esperava, quer dizer não sei porque estou surpresa, é claro que um homem lindo desses e ainda trabalhador teria uma noiva.
__Não foi o que quis dizer? não é só dinheiro e jantares importantes que me importa, e você está cheia de saber disso. Muito menos a empresa do meu pai, já disse meu irmão é o chefe da empresa e vai continuar sendo. Você sempre soube da vida que levo e isso nunca te incomodou. Que vida ele leva? Será que é alguém disfarçado? Ele passou a mão nos cabelos alisando para trás em um gesto nervoso.
__Em casa conversamos. Também te Amo. Quando pronunciou as ultimas palavras sinto uma reação estranha dentro de mim, não consigo decifrar. Desapontamento? Desesperança? Porque deveria estar desapontada se nem conheço esse cara. Não é como se tivesse alguma chance de termos alguma coisa. Ele colocou o celular no bolso e se virou de repente conectando nossos olhares. Sinto como se fosse uma criança que está preste a levar uma bronca.
___Ai está você! - Abaixei a cabeça tímida.
__Senhor Sam! me desculpe de verdade.
__ Marina, me dê sua mão. - Falou ríspido.
__O que? Levantei a cabeça e crispei os olhos confusa.
__Sua mão. Estende sua mão. - Fiz o que pediu e segurou firme colocando o anel na palma da minha mão fechando em seguida. - Me olhou nos olhos intensamente..
__Entrega esse anel para a dona e peça para ela ter mais cuidado da próxima vez, e não sair deixando ele jogado por aí, como se não significasse nada. - O olhei confusa e me lançou um ultimo olhar chateado, soltou minha mão se retirando e indo embora. Fiquei o observando de longe atravessar a rua como um animal selvagem ferido, sumindo do meu campo de visão. Balancei a cabeça confusa.
__Porque pediu para dizer isso a Senhorita Fernanda? Não posso dizer isso, ele está maluco ou o que?
Pelo jeito as coisas na vida amorosa dele não estão nada bem, é Senhor Sam, eu te entendo. Fiz uma expressão de pesar, em seguida olhei para o anel brilhante admirada.
__Olha a confusão que essa coisinha preciosa arrumou. Está na hora de voltar a sua verdadeira dona, não acha? Sorri em seguida guardo no bolso. - Olhei para os lados e vejo que não tem ninguém olhando, tirei o anel do bolso e coloquei no meu dedo novamente. - Sorri maravilhada.
__É a ultima vez que coloco. O que posso fazer se minha mão nasceu para usar um desses? Viu só Deus? Caiu como uma luva.
__Marinaaa! - Meu chefe gritou quase estourando meus timpanos.
__Já vou, já estou indo. - Respondi tranquilamente.