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Capítulo 5

Melissa Fernandes

Acordei sentindo o meu corpo todo doer e braços grandes agarrados a minha cintura a campainha estava tocando sem parar , levantei e abri a porta e vi Aline com Gabriel nos braços.

-Bom dia - falei assim que os vi - Oi amor da mamãe - brinquei com o gorducho.

- Sua mãe me entregou ele ali embaixo - Disse Aline - Ela disse que vem ver vocês depois.

Peguei meu celular e vi a hora se demorasse mais um pouco me atrasaria para faculdade, corri pra tomar banho e fazer café, tomei café junto com aline e Gabriel e o bonito ainda dormia.Pedi um uber e avisei Aline que tinha um amigo em casa, mas que ele sairia assim que acordasse e segui o dia normalmente.

- Sua pele está ótima Mel - diz Sabrina sentando ao meu lado acompanhada de Alice - Passou o que?

- Filtro solar - respondi sem entender o comentário e as duas hienas começaram a gargalhar.

- Piroca - respondeu Alice rindo me fazendo gargalhar - quem era o bonitão que te levou pra casa ontem?

- Um amigo - respondi sentindo meu rosto queimar, as duas eram as pessoas que eu confiava muito e consequentemente sabiam de tudo na minha vida e eu da mesma forma.

- Então valeu a pena? - Perguntou à Sabrina curiosa e eu apenas assenti enquanto ela implorava por mais detalhes sórdidos.

O dia passou lentamente e tudo o que eu queria era que chegasse a hora do plantão para ver ele e saber como o clima havia ficado entre nós, o medo de fazer merda e ter que lidar com a pessoa no local de trabalho era grande. Mas aí a hora do plantão chegou e ele não estava lá, Rodrigo estava em seu lugar e ficou todo sorrisos pra mim, me deixando desconfortável.

No horário do jantar como sempre você sabia dos babados de todo o hospital, a cantina era definitivamente o lugar em que todos os fofoqueiros se reuniam em prol de um único objetivo. Nada ali me interessava, então Ana e eu conversávamos amenidades até eu ouvir o nome de Gustavo na mesa ao lado e tentar prestar atenção no que falavam, mas só escutei “Gustavo e Casamento” na mesma frase e aí meu coração errou as batidas.

Me levantei de onde estava e fui pra enfermaria, precisava ocupar minha cabeça com algo antes de começar a pensar na merda que eu fiz, eu dormi com um cara que estava se casando naquele momento. O plantão foi lento e eu tentava ao máximo me manter longe dos grupinhos de conversa para não ter minha consciência mais pesada do que já estava.

A semana passou num piscar de olhos, evitei em todos os plantões me manter fora das rodas de fofoca. Bloqueei Gustavo de todas as minhas redes sociais na tentativa de que se eu não visse nada minha consciência não doeria, eu sabia o que era ser traída e não desejava essa situação para ninguém e meu descuido com isso foi imperdoável.

Pra me distrair resolvi ir para orla no domingo à tarde com Alex meu amigo gay que era fotógrafo e aproveitei para fazer várias fotos legais com Gabriel. Alex empurrava o carrinho e eu ia ao seu lado com a bolsa da câmera enquanto conversamos amenidades até avistar Gustavo em um dos quiosques em uma mesa de casais.

- Amigo, se eu te pedir pra segurar minha mão e fingir ser meu namorado você me ajuda? - Perguntei o fazendo parar e me olhou rindo.

-Qual foi a da vez Mel? - Perguntou sem entender e eu me aproximei dele ajeitando algo imaginário em sua camisa.

-Eu fiquei com um boy que está sentado em dos quiosques- disse - e ele se casou no dia seguinte - suspirei - me ajuda por favor.

- Tá bom - concordou e voltamos a caminhar e Gustavo nos notou - O de branco ao lado da mulher de Preto? - Questionou meu amigo.

- Como você descobriu?- Perguntei

- Ele não para de te olhar - Disse e pegou minha mão entrelaçando nossos dedos - Vamos lacrar nessa orla hoje - comentou me fazendo rir.

Passamos pelo quiosque que ele estava e seguimos tranquilamente, Alex me deixou em casa e saiu com a desculpa que iria editar as fotos mas como seu celular não parava de tocar sabia que a edição seria outra. Assim que ele saiu liguei pra portaria do prédio pedindo para o porteiro avisar para qualquer pessoa que não fosse minha mãe ou Aline que eu havia me mudado.

Eu sabia que ele não me procuraria, mas existia uma parte de mim que pensou que aquilo pudesse acontecer e queria prevenir uma recaída. Depois de dar banho e fazer Gabriel dormir resolvi pedir uma pizza e fiquei esperando até o interfone tocar e o porteiro avisar que a pizza havia chegado, desci correndo para pegar e me deparei com Gustavo encostado no carro.

- Então você não está em casa pra mim, mas pra pizza sim - comentou e eu apenas ignorei - Eu to falando com você Melissa.

- Obrigada - Falei para o entregador e ia subindo novamente e ele me segura pelo braço - Tá doendo, solta - Menti e ele soltou e eu subi os degraus correndo e entrei no elevador em busca de segurança, precisava estar segura de mim e das minhas ações inconsequentes. Mesmo se fosse necessário agir como uma criança como agora a pouco.

Comi minha pizza, assisti a mais uma das minhas séries repetidas e fiz meu skincare sagrado e fui dormir tranquilamente. Acordei na segunda com um garotinho conversando em seu berço, me levantei e fui pegá-lo.

- Bom dia amor da mamãe - disse pro menininho - Bom dia meu amor - falei e comecei a beijar sua barriga enquanto trocava sua fralda.

Deixei ele deitado no tapete na sala tomando seu leite, junto ao seus brinquedos e fui fazer o café e tomar banho. Tomamos café esperando Aline e logo ela chegou me alertando sobre Gustavo está lá embaixo me esperando.

- Ele é bonitão - comentou sorrindo

- E casado Line - Falei desanimada

- Mas não usa aliança? - me perguntou - muito estranho.

- O típico cafajeste - suspirei - ele se casou depois que saiu daqui na segunda - falei me jogando no sofá enquanto pedia o uber - queria não ter ficado com ele - choraminguei.

Logo o uber avisou que tinha chegado e eu desci na estratégia de entrar e não ter que lidar com Gustavo. Mas assim que abri a porta ele estava na frente do carro com uma camisa polo vermelha e uma calça Jeans clara e que homem meu pai, existia alguma roupa que ele ficaria feio? me questionei mentalmente e segui.

- Você vai comigo Melissa - falou me seguindo - Ou eu entro nesse uber e vou com você - ameaçou.

- Você não teria coragem - falei

- Me teste pra você ver - disse em tom ameaçador e eu pedi desculpa pro motorista e mesmo sem usar Gustavo pagou o valor da corrida. Entrei em seu carro em silêncio e ele deu a partida e seguimos em silêncio durante todo o trajeto até minha faculdade.

-Obrigada - Falei e me virei e ele travou a porta do carro - eu gostaria de não me atrasar Gustavo.

-Você ainda não me disse uma palavra - falou olhando pras pessoas passando na calçada - então eu vou ser chamado na diretoria do hospital hoje, mas não saio até você falar comigo.

- Eu não tenho nada pra falar com você - rebati - então não me atrasa e eu não te atraso.

- Não - Rebateu - O que aconteceu com você? - Questionou

- Me deixa sair Gustavo - Implorei - Eu só quero assistir minhas aulas, ir trabalhar e voltar pro meu filho.

- O que aconteceu com você Melissa? - repetiu a pergunta - Você estava bem semana passada e ontem apareceu com aquele idiota na Orla e nem quer falar comigo.

- Foi só uma transa Gustavo - Falei e ele engasgou com a própria saliva

- Se pra você só foi isso, por que fingir namorar o cara na orla? - Questionou me deixando surpresa.

- Por que eu tenho que falar com você? - Questionei - Por que você quer explicação sobre com quem eu estava? - Perguntei - Gustavo você se casou a uma semana e mesmo assim não me deixa em paz, sai em lua de mel, faz alguma coisa da vida, mas me deixa em paz.

-Eu me casei semana passada? - me olhou confuso

- Sim - respondi - Você deveria sair com sua esposa, levar ela pra jantar ou qualquer merda, eu vi ela ontem ao teu lado - Parei pra tomar ar e como vi ele parado apenas me olhando apertei o botão para destravar e saltei do carro.

Desci e sai correndo pra dentro da faculdade, tudo o que eu queria era ficar distante dele. O dia parecia não querer me ajudar pois passou tão rápido que eu nem vi direito, só sei que estava na hora de ir trabalhar e eu precisava encarar aquele plantão.

- Oi - falei assim que passei por Ana no posto de enfermagem - Como está o plantão?

- Tudo bem por enquanto! - comentou - você viu a escala?- perguntou

- Não houve alguma mudança? - perguntei curiosa

- Você está na pediatria agora - comentou e eu fiquei parada - vou sentir saudades - falou de forma dramática.

-Como se você não fosse fugir daqui pra ir me ver lá - brinquei e corri pro meu novo setor e tenho certeza que isso tinha dedo de Gustavo.

Tudo era muito diferente lá, bem mais calmo que na emergência, eu estava me divertindo com as crianças e provavelmente fiquei mais emotiva e sensível a tudo que vi ali e aquilo estava me matando de certa forma. Assim que tudo aliviou eu ia pro vestiário ficar por lá alguns minutos, mas me sentei no corredor próximo de lá só pra ficar longe dos pacientes por alguns segundos.

- Tudo bem? - Perguntou Gustavo depois de me ignorar até aquele momento

- Sim, tudo bem - Respondi sem olhá-lo

- Vai me dizer o que houve? - perguntou novamente me fazendo suspirar, ele se sentou ao meu lado e ficou esperando uma resposta.

- Por que me trouxe pra pediatria? - Perguntei por fim

- Por que eu precisava de alguém que saiba lidar com as crianças e você faz isso bem! - respondeu de forma sincera.

- Entendi - murmurei - mas pensou errado, eu não aguento isso - falei - não consigo lidar tão bem com as crianças como você pensou.

- Se até o final do plantão você me disser que não dá certo eu te mando de volta - suspirou e levantou-se e antes de sair disse - eu não me casei na semana passada, só fui ao casamento de um amigo.

- Oi? - questionei e ele assentiu - Eu ouvi um comentário sobre…

- Acho que a informação chegou pela metade - gargalhou, pegou o celular e começou a fuçar algo e assim que obteve sucesso virou a tela para mim - eu sou amigo do noivo e minha irmã - apontou e era a mesma da Orla - é amiga da noiva e fomos padrinhos deles.

- Legal - falei e me levantei

- Vai me desbloquear agora? - Questionou e eu neguei

- Minha posição sobre você continua a mesma - falei e o vi sorrir

- Não consegue admitir que errou? - perguntou brincalhão

- Eu sei que sim - rebati - só não vai mudar nada - disse mantendo meu autocontrole.

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