Capitulo 3
Joana
Puta merda! Como meu corpo estava dolorido. Os médicos disseram que eu tive sorte, mas não sei a sorte que eles estavam dizendo. Eu fui atropelada, minha cabeça tinha uma escola de samba e o que eu mais queria era matar o filho da puta que me atropelou e o idiota filho da puta que me empurrou.
Graça a Deus os exames que eu fiz não apresentaram nenhuma sequela. Ah, como eu quero ir para minha casa, deitar na minha cama e ficar assistindo TV.
Era um sonho que, com certeza, hoje eu não iria realizar. Nessas horas eu gostaria de estar com o meu celular. Lembro-me que estava na minha bolsa e que maravilha, deve ter sumido na hora do ocorrido. Não acredito na minha falta de sorte. Hoje meu dia não andava muito bom. Já começou com a minha mãe falando do casamento da minha irmã com o Leonardo.
Será que ele algum dia me amou como muitas vezes me disse? Acho que não. Ele estava possesso comigo por eu ter pego as roupas dele e ter jogado no lixo quando descobri a traição dele.
Até que foi engraçado. Um belo domingo meus pais me convidaram para almoçar na casa deles e disseram que tinha uma novidade para me contar. A trouxa aqui foi, sem imaginar que a novidade era que a puta da minha irmã estaria de caso com o meu namorado.
Quando eu descobri, fiz o maior escândalo e ele, como sempre, se defendeu dizendo que eu era uma orgulhosa, que finalmente ele tinha encontrado a pessoa da vida dele.
Só que aí vocês estão se perguntando: como assim? Vocês dois não estavam namorando? Exato! A piada do ano foi descobrir que eu estava sendo traída por aquele filho da puta, com a puta da minha irmã, que no mínimo deveria saber de tudo e não estava nem aí.
— Como vocês puderam fazer isso comigo? — gritei, nervosa, ao ver a aliança no dedo da minha irmã.
— Joana, minha irmã... Eu e o Leonardo estamos apaixonados e você tem que deixá-lo em paz! — ela grita também.
— Oi? Como assim? Eu deixá-lo em paz? — pergunto, chocada com a cena que estava rolando ali na minha frente. Não sabia se eu chorava ou mesmo ria. A cara de pau deles era imensa.
— Sim, o Léo sempre me falou que você estava perseguindo-o. Que não o deixava em paz! — diz a louca da minha irmã.
Olho ao redor e meus pais olham para mim, chocados, como se nós não nos conhecêssemos mais. Eu não sei o que estava acontecendo, mas acho que eu enlouqueci. Realmente eu estou louca, não entendendo mais nada. Há uma hora eu estava noiva do Leonardo e agora, neste exato momento, eu era perseguidora?
— Uma pergunta. Desde quando vocês estão juntos? — eu pergunto, me segurando.
— Minha irmã, estamos juntos já faz algum tempo! — a vaca da minha irmã diz.
— E esse tempo seria? — pergunto, fuzilando os dois traidores.
— Ora! Desde o momento que você terminou com ele, minha querida irmã.
— Espere aí! Vocês estão juntos desde o dia em que o Leonardo e eu nos desentendemos? — pergunto, não querendo ouvir um sim, mas não precisou. A vaca mesmo concordou.
— Leonardo não vai falar nada? Você estava me traindo com a minha irmã? Sabia, queridinha, nós estávamos novamente juntos?
— Joana, eu e você não temos mais nada.
Que cínico ele é, puta que pariu! Como eu pude estar com esse homem durante um ano?
— Engraçado você dizer isso, porque eu saiba até hoje de manhã que ainda era sua noiva.
— Joana, Leonardo e eu decidimos nos casar logo — ela solta.
— É mesmo? Faça um bom proveito — solto antes de pegar o vaso de porcelana da nossa mãe e tacar na parede, tamanha era minha raiva.
— Meu vaso — minha mãe gritou, horrizada, ao ver que eu tinha feito.
— Qual é o problema do vaso? Ele é mais importante que eu? Ah, melhor ainda, vocês têm uma filha preferida, né? Ela é a mais importante? — Minha raiva era tão grande que eu ia soltando perguntas uma atrás da outra.
— Para de drama, Joana! — minha mãe diz, nervosa. — Não é para tanto. Se conforma que está na hora da sua irmã ser feliz.
— Oi? Feliz? — sorrio, mas logo começo a chorar e a falar para o Leonardo que aquilo não fazia que eu o amasse. Que a gente deveria ficar juntos. Implorei e chorei muito.
Eu estava acabada, arrasada. Com a situação caótica que estava, acho que eu dormi e acordei num maior pesadelo.
— Realmente eu não sei como ele te aguentou durante tanto tempo — a puta disse.
— Como assim? Como ele me aguentou? Escuta aqui, sua piranha, quer ficar com ele? Pois pode ficar à vontade. Agora sou eu quem não quer mais esse idiota — digo, querendo matar um. — Nunca peguei no pé dele. Sempre fui a namorada exemplar! — falo nervosa.
— Você não se cuida como eu! Está vendo esse corpinho gostoso, magrinho, sem nenhuma estria e celulite? Você deveria ter ficado desse jeito. — Ela aponta para o corpo dela e continua a falar. — E não uma gorda assim! —Aponta para mim.
Eu tentei, juro que tentei. Mas quando dei por mim, avancei nela e dei um tapa naquela cara de puta dela. Puxei os cabelos, a arranhei, deixei um trapo.
— Você vai me pagar, sua gorda idiota — ela grita, me ameaçando, e começa a chorar, sendo consolada pelo meus pais e pelo babaca que, agora sim, é meu ex.
— Você ainda não apanhou o suficiente. Para mim já deu! Chega desse showzinho de quinta — eu digo e olho para Leonardo, que estava acalmando a nova mulherzinha dele.
— Joana, olha só o que você fez — ele diz, irado, mostrando-me como o rosto da vagaba estava marcado.
— Eu não fiz nada, ainda! Ah, e só para você saber, pode comprar todas as suas roupas novas porque vai precisar.
Saí com a cabeça erguida e bati a porta da casa dos meus pais, jurando nunca mais entrar lá. Entrei dentro do meu carro e vi através do revisor que eu estava um caco.
Liguei o carro, passando direto no mercado onde eu compro Coca-Cola, chocolate e doritos, pago e sigo para casa.
Vou ate o meu quarto e a primeira coisa que eu vi foi um porta retrato com nossa foto.
O que eu faço? O pego e taco na parede. Choro, grito e me acalmo. Saio do quarto e volto para a sala, ligo a TV e me acabo comendo. Foi assim a noite toda.