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Capítulo 3

Capítulo 3

RODRIGO

Estou me aproximando da parte de trás do barracão, tenho que ser cauteloso pois eles deixaram claro que não querem ser atrapalhados.

Procuro por uma porta ou janela, é um barracão muito grande e bem no final eu avisto uma porta.

Me abaixo e sondo por baixo de uma rachadura que já está abrindo.

Não consigo enchergar nada pois estão todos amontoados no canto oposto ao que estou.

- Mãe! - Ouço a voz da garota. - Mãezinha me ajude! - Ela parece bem desesperada.

Em em seguida ouço ela resmungando dores. Malditos! Estão mesmo violentando a garota! Porque não percebi logo de cara? 

Empurro a porta que por ventura estava apenas encostada, miro no mais velho de todos, pois ele estava passando a mão na garota e o acerto na barriga, não o matará mas o fará sofrer muito.

- Ai que merda! - Reclama sofredor.

- Que porra é essa? - O outro irmão diz.

Olho para a garota e ela está encolhida no chão, completamente nua e provavelmente com muito medo.

- Entreguem-me a garota! - Digo apontando a arma.

- Não sabe com quem está se metendo seu caipira de merda! - Exclama um deles.

- Entreguem-me a garota e eu os deixo ir. - Insisto, juro que eu seria capaz de fazer uma chacina aqui caso eles não aliviarem.

- Com uma arma nas mãos qualquer um é cabra macho! Porque não vem de mão? - Só posso rir, este ser quer falar de cabra macho?

- Eu deveria matar os três como um porco! Querem falar de cabra macho? Vocês três não passam de três bostas de vaca! São todos vermes! Se afastem da garota! - Dizendo isso foi como se me lembrasse dá real situação aqui e então atiro no outro irmão.

- Que merda cara não vacila! - Reclamou pelo tiro na perna.

E a raiva me sobe, sei que o outro também merece e o acerto no ombro.

Todos merecem muito mais na verdade.

Vejo uma lona velha e a pego.

- Venha! - Estendo a mão para a moça que agora percebo parece muito jovem, está amedrontada demais. - Eu me chamo Rodrigo e eu jamais machucaria você! Eu vou te levar para longe deles! - Digo para lhe transmitir confiança e ela segurou minhas mãos.

A levanto e ela quase cai, deve estar em choque, a cubro com a lona.

- Obrigada! - Falou chorando. - Você me salvou!

Eu demorei muito garota... Me desculpe...

- Me mate, ou eu juro que vou te achar até no quinto dos infernos e juro pra você seu merda, vou matar toda sua família! - O mais velho interrompe meus pensamentos.

Eu o mato! Mato os três!

- Você tem muita sorte que eu não sou um assassino, mas vontade não me falta. - Puxo um por um todos juntos e os amarro.

Droga está chegando alguém, coloco a arma na cintura mas sei que qualquer um saberia que foi eu quem atirei.

A garota se esconde atrás de mim e eu fico satisfeito em saber que se sente refugiada comigo.

José de Pinho apareceu e eu temi pela minha vida, mas ele parecia já estar ciente da situação.

Depois de descarregar suas frustrações nos filhos bostas ele se aproxima de mim e Tereza.

- Tereza, sinto muito pela sua mãe, eu a prezava muito! E meu coração está partido em quatro! Um pedaço pela tristeza da perda dela, e as outras partes é tristeza pelos filhos que tenho. -  Pode ver muita tristeza mesmo em seu rosto, a pobre garota perdeu mãe para estes monstros? Porque eu não os matei todos estripados?

- Irá entragá-los a polícia? - Perguntou Tereza com um lampejo de esperança.

Ele então abaixa o rosto.

- Eles pagarão de outra forma, vá embora Tereza! Não apareça mais no Canavial, toma aqui um dinheiro para que possa se manter até que encontre um emprego... - Canalha! Vai proteger os filhos estrupadores? Oferece um envelope para Tereza que começou a chorar.

- Adeus seu José! - Disse ignorando o envelope e saindo para fora.

Eu encaro o José.

- Sabe que seus filhos são perigosos e que não pode deixar eles a solta por aí. - Falei esperando que concorde comigo.

- E você está ciente de que eles não são os únicos criminosos por aqui certo rapaz? Para começar o que está fazendo com uma arma? Tem posse legalizada de arma? Melhor ser esperto e se mandar daqui, dos meus filhos cuido eu moleque! - Fazendo gesto negativo com a cabeça eu me retiro, mas não antes de encarar os três indivíduos sentados no chão todos ensanguentados.

Me lembrando da garota eu a procuro olhando para os dois lados da estrada, a encontrei correndo para o lado oposto ao Império ou Canavial.

Corro até onde deixei meu cavalo e galopo atrás da tal Tereza, sabendo que ela provavelmente não chegará lonje no estado em que se encontra eu não posso deixá-la partir sozinha.

Tereza percebendo que estou me aproximando dela ela apressa os passos, o que resultou em um tombo, fazendo com que a lona que estava coberta se soltasse. Ela se assustou me olhando apreensiva.

Desso de meu cavalo numa rapidez que eu nunca imaginei ser possível.

- Ei, calma Tereza, não vou machucar você! - A envolvo com a lona novamente. - Venha comigo, vou te levar até algum parente seu.

Ela então começa a chorar, tremendo e balançando a cabeça.

- Não quer vir comigo? Mas não pode ficar nesta estrada sozinha... - Explico bem calmo.

- Eu não tenho parente algum! Minha mãe se foi e agora estou sozinha... - Explica entre lágrimas. - Seu José deveria entrega-los a polícia, se ficarem livres eles voltarão atrás de mim! Ele é tão mal quanto os filhos! - Desabafa temerosa.

- Venha aqui. - Puxo-a para um abraço, sinto-a se enrigesser e então me afasto. - Vou te levar para um lugar seguro, na minha casa junto com minha família... Somos pessoas boas, não deixarei ninguém te fazer mal a partir de hoje eu sou seu protetor...  - Falei oferecendo minha mão, ela aceitou então eu a coloquei em cima de meu cavalo e em seguida subi também.

- Você me salvou, eu confio em você... Não sei como te agradecer... - Falou assim que me sentei atrás dela.

- Você pode me agradecer vivendo comigo e minha família, te garanto que todos esses sentimentos que está sentindo agora passará com o tempo... - Falei tentando animá-la, mas eu ainda não esqueci o sentimento de tristeza por perder minha mãe.

- Não serei feliz nunca mais, tiraram tudo o que eu tinha... - Falou baixo, quase nem ouvi.

-Vai ser feliz sim! - Pressiono meus braços sobre seus ombros, e ela não reage mal dessa vez.

Ela confia em mim.

Sinto aqui dentro de mim que recebi a missão de proteger essa garota.

Jamais deixarei que aqueles escrotos a encontrem novamente.

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