Capítulo 4
TEREZA
Já fazem dois meses que estou no Império das fadas. Ainda sinto a falta dela e sempre vou sentir, não sei se algum dia voltarei a ser a mesma pessoa, ainda dói muito. Eu soube pelo Rodrigo que o seu José mandou os filhos para outro continente, não é o que eles merecem mas nesta vida não existe justiça.
- No quê está pensando Tereza? - Brenda, a irmã do Rodrigo minha amiga, a única que fiz e agora que estamos nos comunicando mais abertamente.
Brenda é baixinha, morena dos cabelos ondulados e longos... Muito linda.
- Estou pensando que já fazem dois meses que estou aqui, aqui é um lugar lindo sabia? Quem são os donos? - O Império das Fadas ganha mil vezes em beleza e em tamanho do Canavial.
Brenda retorce o rosto e eu soube que este assunto não a deixa à vontade.
- Não precisa responder... - Digo sem jeito.
- Não tudo bem imagina só! O dono daqui é Maicon Villareal, um magnata poderoso que mora em São Paulo. - Falou sorrindo e eu me confundo, mas não digo nada, assim como eu prefiro não tocar no meu assunto doloroso eu também não tenho que saber os assuntos dolorosos dela.
- Venha aqui Tereza... - Me tirou da pia de louça que eu estava lavando. - Vou te levar para um lugar especial. - Me sorriu animada.
- E a louça? - Perguntei confusa.
- Depois a gente lava, Rodrigo e meu pai só voltam à noite de Dourados mesmo.
Eu ainda não conheço nem a metade aqui da fazenda, pois prefiro não caminhar sozinha. Deus e eu sei que não podemos confiar nas pessoas.
- Onde está me levando? - Pergunto olhando para os lados.
- Relaxa Tereza! Vamos para o meu refúgio! Que agora pode ser o seu também... Você sabe cavalgar não é mesmo? - Perguntou e eu acenti. - Ótimo.
Então montamos eu e ela uma em cada cavalo.
- Me alcance se puder! - Dispara na minha frente me provocando e eu sou obrigada a correr também, pois não sei onde ela está indo.
Depois de cavalgar-mos alguns minutos de lonje já vejo uma espécie de igreja de pedra em ruínas, com flores coloridas ao seu redor, fica bem no alto do campo. Quanto mais nos aproximamos mais sua beleza é revelada.
Brenda amarra seu cavalo em uma árvore uns cinqüenta metros lonje das ruínas, e eu faço o mesmo.
- Venha! - Sai correndo fazendo com que sua saia erga para cima com o vento e eu rio.
- Porque uma igreja aqui no meio do nada? - Estamos dentro dela agora e posso imaginar claramente as pessoas sentadas nesses bancos velhos e empoeirados de madeira escura e rústica.
- Aqui nem sempre foi o nada Tereza, havia uma vila, como aquela que existe atrás do escritório de distribuição. - Falou enquanto subia as escadas que existem atrás do salão da igreja.
- Isso não vai cair? - Esta parecendo perigoso.
- Não, os homens se certificam de que está seguro para que os visitantes venham admirar.
- E o quê ouve com ela? Com a vila? - Comecei a subir as escadas, pé por pé.
- Não sabemos, são mistérios do Império das Fadas. - Disse olhando agora para a vista que me fez derrubar o queixo.
- Nossa que lindo! - Aqui dá para ver tudo! Não percebi que subimos tanto, posso até pensar que é a visão do paraíso.
- É aqui que venho quando preciso de um tempo para mim. - Sorriu-me.
Eu sorrio em resposta.
- Obrigada... - Digo segurando em suas mãos.
- Era tudo nosso... - Disse de repente.
- O que? - Pergunto.
- A fazenda, era de minha família à muitas gerações. - Abaixa a cabeça.
- E porque venderem? - Eu.
- Foi minha culpa. - Disse olhando para o horizonte.
- Como assim? - Eu.
- Eu conhecia Lukas à algum tempo e me apaixonei cegamente por ele e de repente começamos a namorar, o pai dele ja tinha amizade com meu pai, mas o fato de Lukas e eu namoramos fez com que meu pai confiasse neles então éramos todos como uma família. - Falou torcendo a boca, demonstrando raiva.
- E aí? - Eu.
- Os dois estavam tramando contra meu pai, eles e mais alguns funcionários da fazenda à afundaram em dívidas, isso sem meu pai saber pois confiava em todos, sabe Tereza o Império das Fadas é um lugar especial, onde as pessoas são especiais e por isso meu pai nunca cogitou a idéia de que alguém poderia trair-lo. O pai de Lukas que a essa altura já era meu noivo fez um empréstimo para que meu pai pudesse aliviar as dívidas, com o prazo de dois anos para devolução do dinheiro, mas dentro de dois meses fizeram a cobrança e soubemos que estavamos afundados, eles queriam a metade da fazenda e isso seria muita derrota, meu pai jamais aceitaria ter que dividir a fazenda, muito menos com malfeitores. - Explicou.
- E por que à venderam inteira para um magnata desconhecido? É melhor ter a metade do que não ter nada! - Não é mesmo?
- Meu pai explicou a história para Maicon, e propôs vender tudo, mas tudo ficaria do jeito que é, e Maicon prometeu manter da mesma forma.
- E seu pai confiou em um estranho?
- Ele não tinha outra opção, mas Maicon é um grande homem, até hoje cumpre sua palavra, e sem falar que é um gato! - Disse rindo piscando para mim.
- Então porque não namora com ele? - Jogo pra ela a bomba.
Brenda perde a graça.
- E o seu irmão nesta história toda? - Perguntei e Brenda arqueou a sobrancelha.
- Ele estava cursando administração em Dourados e só vinha aqui nos finais de semana, nem prestou atenção em meu namoro e eu o culpei quando fui traída, ele não tinha culpa mas eu o fiz. - Brenda.
- Seu irmão é uma pessoa boa... - Falo baixinho.
- Quando vai me dizer ao certo como se conheceram? Sério que não são namorados? - Brenda insiste que somos namorados, o que me deixa morrendo de vergonha.
- Ele é muito velho para mim! Tenho apenas dezesseis anos Brenda! Ele me encontrou perdida no caminho e como eu não tenho família me trouxe aqui para trabalhar com vocês! - Explico e me viro de costas para sair.
- Mas você gosta dele né? - Provocou gritando alto, mas não respondi.
Rodrigo é lindo! Super cavaleiro comigo e eu nunca vou sonhar em gostar dele, ele não me merece.