Capítulo 2
Bianca não viu o seu filho nascendo totalmente roxo e sem condições de respirar. Por isso ela não ouviu o choro do seu filho, assim que o médico viu as condições em que o bebê tinha nascido, pediu que rapidamente o levassem para a sala onde a pediatra o aguardava.
Ao chegar lá, Gabriel ainda estava respirando fraco. A pediatra apenas observou o recém nascido e disse:
— Está criança já está mørta! Eu não quero me responsabilizar por ela.
A única pediatra disponível naquela pequena cidade, virou as costas para o pequeno e frágil Gabriel, ela saiu sem olhar para trás. Deixando a criança com necessidades de cuidados intensivos.
A enfermeira presentes ficou incrédula, mas ágil rapidamente tentando salvar a vida do pequeno. A mulher pegou uma pequena máscara de oxigênio e o levou sobre o rostinho daquele nenenzininho, enquanto tentava reanimá-lo.
A agilidade da enfermeira deu tempo do doutor terminar os procedimentos com a mãe e de tentar socorrer a criança.
O medico tomou a frente e iniciou os cuidados com o recém nascido, mas ele sabia que ali seria inútil, pois não teriam os aparelhos necessários para lutar a favor da vida do bebê.
O doutor fez a sucção de possíveis líquidos aspirados na hora do parto, mas não estava resolvendo, cada minuto estava contando para eles manter o pequeno vivo. Enquanto o doutor corria contra o tempo, ele pediu que acionacem a ambulância para transportar o Gabriel até a cidade vizinha.
E uma vaga na uti neo Natal, no hospital regional da cidade vizinha. 32 minutos de automóveis até chegar em Apucarana PR, o local onde o médico solicitava vaga para o recém nascido.
Ambos estavam em Novo Itacolomi pr, uma cidade pacata, mas sem muitos suportes médicos.
O samu foi acionado e estava a caminho. A única coisa que o hospital poderia fazer por Gabriel naquele momento era deixar o oxigênio próximo de suas narinas para que ele pudesse respirar o pouco de ar que ele estava conseguindo.
Com a demora do samu o doutor tomou uma atitude drástica ao receber a vaga disponível para o pequeno na uti, ao temer pela vida do pequeno Gabriel! Ele rapidamente limpou o bebe e o colocou o em um pequeno berço de hospital e o levou enrolado em uma manta até a ambulância da cidade.
O medico era o único plantonista do hospital naquele momento, ele não podia se ausentar. Mas mandou dois dos enfermeiros acompanharem Gabriel até Apucarana.
Quando a ambulância estava prestes a sair, o doutor ainda estava orientando os enfermeiros. O pai da criança apareceu com seus familiares, ao perguntar o que estava acontecendo? O doutor explicou que uma mãezinha havia acabado de dar a luz e o seu filho estaria sendo encaminhado para melhores cuidados. Ao perceber que era seu filho Kaike se prontificou a acompanhá-lo.
Kaike é um jovem de 22 anos, com uma estatura alta e um corpo que se equilibra entre a robustez e a magreza. Sua pele tem um tom moreno que realça sua presença por onde passa.
Após entrar na ambulância ele observou o pequeno Gabriel, ainda roxo e tendo dificuldades para respirar. Mesmo estando com o oxigênio próximo do seu rosto o caso dele era sério. O pai tirou uma foto do seu filho, porque ele sabia que a mãe da criança não sabia nada do que estava acontecendo, nem havia visto o filho ainda.
A ambulância da cidade saiu em alta velocidade e o pai do kaike foi de carro seguindo-o para acompanhar o filho e o neto. Já o restante da família de Kaike retornaram para sua casa, sem lembrar de que Bianca iria necessitar de apoio.
Após chegarem em Apucarana a ambulância seguiu direto para o hospital, onde Gabriel recebeu vaga. A ambulância parou na emergência onde um grupo de enfermeiros já o aguardavam.
Os infermeiros da uti, pegaram Gabriel e subiram com ele para o seu leito, enquanto o pai foi chamado para a recepção assinar a documentação.
Na uti Gabriel foi entubado imediatamente, por pediatras profissionais que necessitavam dele estar instável para iniciar os exames e descobrir o que aconteceu com a criança, porém de início eles já sabem que Gabriel nasceu de oito meses e de um parto normal, o que eles questionaram do porquê não fizeram uma cesariana de emergência, mas só com a presença dos pais eles terão esta resposta.
Não foi fácil estabilizar Gabriel, demorou para que o ar que os aparelhos estavam mandando para os seus pulmões, o deixassem em sua cor normal. Observando de perto Gabriel estava sedado, a sua cor estava voltando as poucos e os aparelhos que anteriormente apitava constantemente, foram diminuindo, tomando ritmos normais.
Tranquilizando todos ali presentes. Uma das enfermeiras já escreveu o nome "Rn de Bianca. Gabriel" em uma pequena plaquinha ao colar na sua incubadora. Pois o mesmo é tão pequeno que estava apenas de frauda, dentro daquele pequeno caichotinho quentinho, representando o barriga de uma mamãe, para crianças que nascem antes do tempo.
Ali não havia somente o Gabriel, mas várias outras crianças recém nascidas de oito, sete e até de seis meses ou mais. Algumas necessitando apenas de ganho de peso. Mas o caso do Gabriel não é só apenas isso. Mesmo estando em baixo peso, ele nasceu roxo e sem respirar, um quadro que preocupa muito os proficionais de saúde.
Os pediatras mandaram colher exames para ver até onde isso pode ter o afetado. Após o pequeno estar instável os exames foram iniciais, pedidos simples de sangue, urina e fezes foram coletados, esperando o resultado em poucas horas.
O pai já havia resolvido tudo na recepção, foi autorizado a subir, ela entrou e ficou aguardando próximo a porta, para ver seu filho. E um dos pediatras se aproximou dizendo:
— Meu nome e Jose Carlos! Sou o pediatra plantonista, eu atendi o seu filho no momento... — Disse o doutor cumprimentando kaike
— Como ele está doutor? — Perguntou o pai o olhando, angustiado.
— De início ele está instável. Deu um pouco de trabalho, mas agora podemos fazer os devidos exames para ver o que realmente aconteceu com ele. Em breve teremos mais respostas! Se o senhor deseja vê-lo, uma enfermeira vai te orientar com os procedimentos necessários.
Próximo a uma porta entreaberta a direita a enfermeira o orientou a deixar todos os pertences dele entre outros. A mesma enfermeira lhe entregou um par de luvas, avental e uma touca. Pedindo que o pai vista, após lavar bem as mãos.
Kaike fez o que foi pedido e ela o levou até o seu filho. Kaike pareceu bem emocionado ao ver Gabriel tão pequeno e indefeso deitado e cheio de fios conectados ao seu corpo, ligados à aparelhos que estavam a fazer alguns barulhos. E os tubos da incubação em sua minúscula boquinha.
— Oi Gabriel, que susto você deu no papai em garoto! — Kaike falou sorrindo para o seu filho, pois não podia tocá-lo— O pai vai trazer sua mamãe tá bom, ela deve estar doida para te ver.
A angústia torturante de qualquer pai ou mãe que se importa profundamente com seu filho é indescritível. Ao ver Gabriel imóvel, de olhos fechados e dependente de aparelhos para se manter vivo, sem entender o que aconteceu ou o que o futuro reserva, a dor é avassaladora.
Kaike permaneceu por pouco tempo, ciente de que não era o horário de visitas. Despediu-se do filho, carregando consigo apenas o pedido das enfermeiras para trazer fraldas para o pequeno Gabriel, que seriam as únicas vestimentas que ele usaria enquanto estivesse na UTI.
Resta saber se o pai irá se encontrar novamente com a mãe.