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Capítulo 3

Alex foi o primeiro a correr em direção ao pai. Subiu na cama rapidamente e se agarrou ao pescoço de Alexander.

— Não corram — Ricardo advertiu os netos.

— Venham cá!

Alexander acenou para Marcelly e Rodolpho que seguiram sem pressa em direção a cama. Abraçou cada um deles depois que Ricardo os colocou ao seu lado na cama. Os filhos traziam um certo conforto.

Após passarem algum tempo conversando com o pai, os gêmeos falaram sobre o filme “Batman x Superman” enquanto Marcelly pendurava os balões ao lado da cama com o auxílio de Nicole.

— Onde está o amorzinho do papai?

Um sorriso rápido passou por seus lábios ao ver Jullie.

— Ela parece com você! — Olhou da filha para Nicole.

Jullie permaneceu no colo do avô com um ursinho Pooh nas mãos e escondeu o rosto contra o ombro de Ricardo.

— Jullie, vem cá!

Nicole pegou a filha e se aproximou da cama. Entregou-a para Alexander. Tinha um sorriso bobo quando a filha entregou-lhe o ursinho.

— Como você cresceu!

Alexander abraçou-a por algum tempo.

Jullie observou com curiosidade o rosto adelgaçado do pai, apesar das visitas que fazia com os irmãos nos últimos meses, a menina tinha poucas lembranças da fisionomia do pai.

— Ajudei a cuidar de você — disse Alex.

— Eu também, pai! — Rodolpho coçou a cabeça.

— E você princesinha, sentiu a minha falta?

Alexander olhou para a menina de cachos dourados que sentou no colo de Nicole na poltrona reclinável ao lado da cama.

— Oui, papa! — Marcelly aconchegou-se aos braços da mãe.

Despertar de um longo pesadelo e acordar em um sonho não seria impossível se não fosse pela força do amor que a família emanava. O amor era o mais forte e poderoso de qualquer outra sensação que ele experimentou na vida. Um sentimento tão leal, real e verdadeiro que lhe deu a força necessária para lutar contra a escuridão total e voltar para a família.

Pouco antes do amanhecer Nicole abriu os olhos e se aconchegou nos braços que a apertaram. Havia três semanas que o esposo recebeu alta e voltou para casa. O sol entrava pela janela e atravessava as cortinas brancas. Ela se moveu bem devagar para sair da cama, porém ele a prendeu contra o corpo. Os lábios traçaram beijos pelo pescoço.

— Tenho de me arrumar.

Riu quando ele a puxou para mais perto.

— É sério, amor! Tenho que ajudar Rosa a fazer o café da manhã das crianças e me preparar para o trabalho.

— Você é a chefe, tem direito a uma folga.

— Alexander, estou há quinze dias trabalhando em casa para ficar mais perto de você, mas hoje tenho uma reunião com a equipe do projeto social.

— Aposto que o doutor amiguinho estará lá.

— Fala sério! — Encarou os olhos sombrios. — Vai continuar com esse ciúme bobo? Estou tentando administrar os negócios e as clínicas que abrimos nas comunidades.

— Que bom para você, chefe! — disse a voz sarcástica.

— Não gosto quando você fala desse jeito comigo!

Finalmente, ela se afastou de Alexander e saiu da cama. Desde que o esposo chegou em casa, ela se empenhou para cuidar de Alexander e dos filhos. Por vezes, aturava o mau-humor dele, houve dias em que Alexander não queria sair da cama.

— Você já escolheu algum enfermeiro?

— Não preciso de babá — Alexander retrucou em  tom hostil

Contemplou quando Nicole removeu a camisola preta de seda. O bico da saliência no meio das mamas estava rijo. As aréolas castanhas pareciam bem maiores do que ele lembrava. Os seios firmes estavam com um aspecto inchado.

— Por que você está fazendo isso?

Ele umedeceu os lábios ao recordar de como ela se contorcia com o calor de sua língua. Não conseguia esquecer a sensação deliciosa de quando os seus corpos se moviam como se fossem um.

— Eu só vou te ajudar no banho.

— Você não precisa fazer isso — murmurou a voz masculina. — Ainda consigo mexer as mãos.

— Quero te ajudar! — Se esticou ao se espreguiçar.

O corpo curvilíneo pedia para ser tocado.

— Não preciso da sua ajuda — recusou com veemência.

Os ombros de Nicole se encolheram. Não era fácil lidar com a nova realidade do esposo, tinha dias em que ele não comia e às vezes se recusava a tomar banho.

— Você precisa se barbear.

Engoliu a vontade de revidar e seguiu até o banheiro sob olhos azuis que espiavam as carnes fartas um pouco abaixo da cintura.

Aquele era mais um dia em que Alexander tentava se adaptar à cadeira de rodas. Olhou para o objeto motorizado com estrutura de alumínio e em seguida para a luz acesa do toalete. Esticou o braço e puxou uma das rodas de maneira que a cadeira ficasse de frente para a cama.

— O que você está fazendo?

Nicole apareceu no quarto como veio ao mundo, trazia nas mãos um pote com espuma, um pincel com cabo de madeira e o barbeador.

— Eu estava ajeitando a cadeira — Alexander mentiu descaradamente.

Logo depois que organizou os utensílios sobre a cômoda de madeira maciça ao lado da cama, Nicole empurrou o peito de Alexander com as mãos.

— Nicky, para! — A voz parecia mais rouca.

Ele se agitou na cama, no entanto, ficou deitado contra o travesseiro macio. Olhou-a boquiaberto enquanto Nicole sentava com as pernas abertas sobre o seu colo.

Apesar de nos últimos dias ter ouvido coisas absurdas sobre a deficiência do marido e o quão dependente ele se tornaria dela, Nicole permanecia ao lado de Alexander.

Certo dia, ela chamou a atenção da secretária quando Annie comentou que não conseguiria ser feliz sem relação sexual. Contudo, Nicole o amava incondicionalmente. Nunca pensou em abandonar o homem que se sacrificou para proteger a família.

— Por que você insiste?

— Porque eu quero! — Tocou-lhe o rosto másculo e deslizou as mãos até o peitoral franzino. — Não se mexa! — Ela mandou. — Hoje serei sua boa enfermeira.

A brincadeira desfez a máscara carrancuda de Alexander. Pousou as mãos na cintura dela com a intenção de afastá-la, mas desistiu. Relaxou ao carinho dos beijos carinhosos e das cerdas do pincel que espalhava creme de barbear por todo o rosto.

Copyright © 2.021 por Ana Paula P. Silva

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