Capítulo 2.2
Cascittuni de merda…
Com desprezo olho para o corpo sem vida diante de meus pés, queria informações e quando as consegui, não tive muito trabalho para degolá-lo, roubando o restante de sua medíocre vida. O desgraçado era um dos poucos soldati que sobraram do massacre de poucas horas atrás. Ultimamente estou tendo bastante prejuízo com os chineses, mas esses elos podres da Cosa Nostra sempre rendiam bons informantes, aqueles cães sicilianos não tinham respeito. Dessa vez roubaram um contêiner abastecido com um arsenal avaliado em dois milhões de euros numa emboscada. Agora que sei onde estão, não perderei mais tempo em recuperar o que é meu.
— Junte os soldati. Quero aquele contêiner no porto em poucas horas — digo para meu irmão Pietro, que também é meu braço direito dentro da organização.
Dirijo-me até a sala onde se encontram os armamentos, pego minha Glock posicionando-a na minha cintura. Depois seguro la mia bellezza preferita — um rifle com ferrolho de alvo anti-material, capaz de destruir estruturas, veículos blindados, helicópteros. Irei fazer um grande estrago, só isso me trará a noite de sono tranquila que desejo.
— Os soldati já estão em seus postos, esperando o seu comando. — Pietro diz.
— Buona fortuna, viva ‘Ndrangheta! Vamos acabar com aqueles desgraçados.
Entro no meu carro juntamente com meu irmão. Saímos pelo túnel subterrâneo. Quando chegamos ao galpão, fico no meu posto observando de longe com meu fuzil. Pietro e o restante dos soldados, invadiram o local. Daqui dou assistência, qualquer um que tente chegar perto de Pietro, elimino, fazendo seus miolos voarem pelos ares. Não demorou muito para que ele ficasse em perigo, era sempre tão impulsivo quanto um novato. Pela mira aproximada percebi que não se tratava nem mesmo de um capo, era um verme de menor posição, um sicário.
— Hora de começar a diversão, irmão — digo pelo comunicador.
Acerto um tiro na cabeça do chefe da gangue provocando um caos de balas e gritos. Pietro é um excelente atirador e exímio líder tático, foi como uma brincadeira para ele apagar todos. Ordenei que colocassem bombas espalhadas, assim que meu contêiner estiver seguro, esse lugar será apenas destroços. Ninguém rouba o que é meu e quando isso acontece, me certifico de fazê-lo pagar caro.
Vejo alguns dos meus soldados no chão, eles sabem do risco que correm todos os dias. Eles vivem para a família e que Deus os tenha.
Quando meu contêiner está na carreta, dou ordem para Pietro ligar o cronômetro. Todos se preparam para sair de dentro do galpão. Saio do lugar que estava indo para o carro que me aguardava. De longe ouço a explosão decretando minha noite bem-sucedida.
Assim que chegamos à sede, ordeno aos soldados para conferir minha mercadoria. Pietro ficará no comando, pois ainda preciso resolver algumas pendências na empresa. Hoje se tiver sorte, sairei com uma noiva daquele lugar. Tomo um banho rápido na sede, partindo logo em seguida.
***
Deixo meu carro no estacionamento privado na empresa. Alinho meu terno e entro no elevador, refletindo sobre cada passo que será dado. Domenico disse-me que preciso casar, assegurar que o clã continue quando eu me for. Faz mais de uma semana que estou à procura de uma esposa que esteja no meu perfil desejado. Poderia me casar com uma das mulheres da organização e assegurar uma aliança mais que vantajosa para o clã Ferrari, mas eu não precisava disso. Eu não queria isso.
Encaro a vista através da janela de minha sala, enquanto os minutos se passam. Tenho em minhas mãos o dossiê da mulher que em breve vai estar na minha frente. Em poucas linhas percebi que muitas informações eram incertas ou não faziam sentido, isso me deixou um pouco suspeito. Para todos os efeitos, ela estará fazendo uma simples entrevista para ocupar a vaga de secretária, se ela fosse uma informante da Camorra, da Cosa Nostra ou até mesmo dos Petrov, eu descobriria em apenas alguns minutos de conversa. Saio dos meus pensamentos ouvindo batidas na porta.
— Sr. Ferrari, posso mandá-la entrar? — Carlota pergunta, aceno positivamente.
Volto a ficar de costas, não demora muito para ouvir novamente a porta sendo aberta. Quando ouço passos ecoando no piso de mármore, me viro.
De todas as mulheres que já contemplei, essa é surpreendentemente uma obra de arte. Mesmo sem querer, meu olhos deslizam pelo seu belo corpo, apreciando suas curvas suaves que parecem ter sido moldadas à mão. O vestido que ela está usando me deixa atordoado, fazendo-me imaginar o que poderia encontrar por debaixo dele. É leve, nada como os tecidos pesados que manda o figurino social do prédio. Olho para o seu rosto e fixo o meu olhar na sua boca. Seus lábios carnudos me fazem querer prová-los, e assim descobrir o sabor que eles possuem. Ela parece constrangida ao perceber minha avaliação, tenho que me concentrar para não estragar nenhuma de minhas pretensões. Porém, devo concordar que a sua beleza é única e não seria nada mal fazer mais um Ferrari com alguém assim.
Saio do meu estado de torpor e digo:
— Sente-se, por favor. — Indico a poltrona, ela faz como digo balançando seus quadris em perfeita harmonia enquanto caminha, sentando-se em seguida.
Vou até minha cadeira fazendo o mesmo, com a documentação em mãos encaro-a pensando em como será a sua reação ao descobrir onde estará se metendo.
— Senhorita Santi, por qual razão você se acha merecedora de ganhar este cargo? — Seus olhos desviam dos meus, para encarar suas mãos, parece nervosa.
— Bom... Na sua empresa terei a oportunidade de crescer e evoluir profissionalmente. Irei me empenhar todos os dias para dar o meu melhor. Vou me dedicar cem por cento a esta empresa, garanto que senhor não vai se arrepender.
A todo momento encaro seus lábios, imaginando-os acariciando a cabeça do meu pau enquanto fodo sua boquinha. A sua resposta não me foi convincente, deixa claro a sua total inexperiência, mas mesmo assim se empenhou para responder, mostrando que de fato seria competente. Porém, a quero para outros fins. Se essa tal Violleta for uma informante ou qualquer coisa do gênero para qualquer outra organização inimiga, ela seria um bom trunfo para espiar o outro lado. Caso não for, há tantos outros modos de me beneficiar…
Resoluto, pulo para o ponto final. Entrego a documentação para ela assinar.
— Leia. — Ela abre um sorriso.
— Isso significa que a vaga é minha?
— Sim, agora leia o contrato.
— Não será preciso. — Diz, assinando todas as linhas sob meu olhar arregalado e surpreso. Ela não sabe o quanto isso pode custar caro, até mesmo sua vida! Ela parecia feliz demais fazendo isso, quase como se estivesse salvando sua pele. — Pronto!
— Ótimo, agora Carlota vai mostrá-la o que deve fazer. Na hora do almoço estarei esperando-a aqui, para almoçarmos juntos. Como você não quis ler o contrato, vamos discutir sobre alguns assuntos importantes a respeito da… contratação.
— Tudo bem.
Carlota vai distraí-la enquanto resolvo o restante das papeladas.
Disco o número de Pietro, quero avisá-lo de que duas boas vantagens acabaram de cair sobre meu colo. Sendo ou não espiã do outro lado, a jovem Violleta está a poucas assinaturas de carregar o sobrenome mais temido de toda Itália.
O meu.