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Antes e depois do show

Dia 5 de outubro de 2015

22h00

Daisuke Etsuko

Começava o show em Seul, Coreia do Sul. Estávamos impressionados que tinha muita gente para nos ver. A nossa assistente, a Hana, disse que tinha mais ou menos dez mil pessoas. Na última vez que viemos para cá, tinha três mil pessoas, mas hoje, foi quase quatro vezes mais. 

Estávamos em nosso camarim nos preparando. Tivemos um fim de semana normal, nada de mais. Todos tinham seus problemas? Sim, todos tinham. Mas não podíamos descarregar nossos conflitos em nosso show. Tínhamos que manter o bom humor e a boa interação com os fãs. Era isso ou então iríamos acabar nos prejudicando no final. 

Estava terminando de ler uma revista que me deram quando estávamos a caminho de Seul, quando vejo meus parceiros. Cada um com um problema. Edrev tinha sua mãe em coma e eu acho que estava ansioso, pois poderia receber a notícia que ela saiu ou não de seu estado. Wolley não tinha nada de muito grave, estava tudo certo com ele, com exceção de que ele achou que tinha ensaiado menos para hoje. Mas isso não era motivo para ficar nesse estado. Eu confio nas habilidades dele. Luza não parava de pensar em Akira. Estava mesmo apaixonada, mas o que lhe impedia de se declarar a ele? Era só chegar e falar, apesar de que não era tão fácil quanto se parecia. 

Cada um fazia uma coisa. Wolley conversava com Edrev, ambos eram muito amigos. Luza estava mexendo no celular e dava algumas risadinhas. Parecia estar conversando com a pessoa de quem ele gostava. Eu não duvido. 

Ergui-me do sofá, meus amigos estavam sentados em uma cadeira para cada um. Deixei a revista no assento e falei:

— Pessoal, posso falar com vocês algo sério? Sei que chegamos falando besteira e tudo mais, no entanto, eu queria falar algo sério para vocês agora. 

Todos me fitaram e eu comecei:

— Sei que estamos com nossos problemas ou até mesmo desmotivados para hoje. Confesso que não tenho dormido muito bem por conta do meu vizinho. Mas eu queria dizer que hoje será mais um dia onde nós vamos conquistar nossos fãs. Vamos mostrar por que somos conhecidos como Metal and Fire e no final, depois de tudo isso, vamos resolver nossos problemas. Sei que não se mistura trabalho com vida pessoal, isso é uma regra de ouro para alguém que quer alcançar o sucesso na vida, mas eu digo que não vamos falar como colegas de trabalho um com o outro e sim como amigos. O que me dizem? 

Eles pareciam mais contentes com o que eu disse. Estavam mais motivados, de fato. Concordaram comigo e já pegaram seus instrumentos. Faltavam dois minutos para a estreia do show. Peguei meu microfone. Luza pegou sua guitarra, assim como eu também peguei a minha. Wolley e Edrev teriam seus instrumentos postos no palanque pelos nossos funcionários, mas o baterista pegou suas baquetas. 

Já sabia qual música tocar e eu disse para os meus parceiros qual seria. É a do Metal and Fire, nossa música oficial. A música que é o carro chefe de todas as que tocamos juntos até agora. Isso iria dar um gás na motivação de meus companheiros, porque eles são além de apenas companheiros. Eles também são algo além também de amigos. Somos uma família e o que o chefe de família faria pelos seus familiares? O possível e o impossível. Era o que eu faria. Mesmo que fique o ano todo sem dormir, nunca descansarei enquanto não ajudar cada um deles. Estamos juntos nessa. Seja na nossa carreira ou nas nossas vidas pessoais. 

Nesse momento, subimos ao palco e nos preparamos para tocar. Era incrível. Tinham muitos fãs gritando por nós e nos aplaudindo. Os holofotes iluminavam os lugares aleatoriamente para dar vida ao show. Agora, era conosco. 

Toquei a minha guitarra em um som estridente, que chegou a quase arrebentar as caixas de som. Em seguida, Luza vinha me acompanhando com a sua guitarra, que emitia um som forte, mas suave se comparado com o que eu dei há pouco. Trocamos olhares e depois veio Wolley a tocar sua bateria para nos acompanhar. Estávamos a tocar nossas guitarras, quando Wolley vem com a sua bateria. 

As pessoas já batiam palmas para acompanhar o ritmo. Eles já sabem quais das nossas músicas e quando tocamos aquela, foi automático. Os fãs já reconheceram qual era. Vi uma coreana que não tirava os olhos de Wolley, parecia tirar fotos dele. Pelo visto, ele era o seu integrante favorito da banda. Não lhe tiro a razão. Wolley é um ótimo baterista. Não sei por que ele se cobra tanto e ficou mal só por não ter ensaiado o suficiente. Ele está tocando bem agora. 

Comecei a cantar:

Watashi wa honō no naka de hashiri tsudzukemasu

Zetsubō-tekide, kurushimi, soshite obiete iru

Torēsu suru kōsu nashi de jikkō

Darekaga watashi o tasukete kuremasu, watashi wa konran shite imasu

Zen sekai ga moeteiru

Tabun, subete no kizon no mizu ga fukumu koto ga dekiru wakede wa arimasen

Tochi wa midori o hōki shimasu

Chairo ga chōetsu shi hajimeru

Ia cantar mais forte, enquanto toco a guitarra de um jeito mais agressivo. Luza me acompanhava:

Me no mae ni 4-shoku ga miemasu

Aka, ki, midori, ao

Niji no 7-shoku no uchi 4-shoku

Jibun no naka ni nanika ga moete iru no o kanjimasu

4-Shoku ga watashi o shihai shimasu

Kinzoku-tekina kankaku o kanjimasu

Shakunetsu-kan

Metal And Fire o kikitai to iu ganbō

As pessoas gritam de empolgação e batiam palmas para acompanhar nossa música. Era a vez de Luza cantar agora, do seu jeito suave:

Katsute watashi o kowagara seta honō

Karera wa kekkyoku watashi no bubun ni narimashita

Katsute watashi o kowagara seta honō

Kyō wa yūkō-tekina honōdesu

Sekai no seikō

Shakai no seikō

Watashi no tetsugaku wa Rune Dekaruto no tetsugaku ni nite imasu

Ga omou, yueni ga ari

Chega a minha vez de cantar:

4-Shoku ga watashi o shihai shimasu

Kinzoku-tekina kankaku o kanjimasu

Shakunetsu-kan

Metal And Fire o kikitai to iu ganbō

Sekai no seikō

Shakai no seikō

Watashi no tetsugaku wa Rune Dekaruto no tetsugaku ni nite imasu

Ga omou, yueni ga ari

As pessoas se mostraram mais empolgadas, enquanto cantávamos. Era incrível a sincronia. Semelhante com a de Tóquio, no Japão. 

Luza e eu cantamos juntos agora:

4-Shoku ga watashi o shihai shimasu

Kinzoku-tekina kankaku o kanjimasu

Shakunetsu-kan

Metal And Fire o kikitai to iu ganbō

Sekai no seikō

Shakai no seikō

Watashi no tetsugaku wa Rune Dekaruto no tetsugaku ni nite imasu

Ga omou, yueni ga ari

Terminamos de tocar e as pessoas aplaudiam. Elas enlouqueceram com a nossa música de estreia. Acho que elas não esperavam que fôssemos tocar a nossa música principal na primeira e sim, fizemos isso. Sempre tocamos por último, mas desta vez, queria ver a reação delas ao escutarem a música na primeira vez. Deu certo. Eles gostaram. Sabiam que iriam gostar. Temos fãs no Japão, na Coreia do Sul, na China e na Tailândia. Mas esperamos fazer sucesso mundo afora. Imagina cantar em países como a Espanha ou os Estados Unidos. Ou até mesmo o Brasil. Soube que os brasileiros sabem receber os seus ídolos. 

Dia 4 de outubro de 2015

Meia-noite 

Ling-Oh (Luza) 

Chegava o final do show. Eu nunca tinha visto a Coreia do Sul nos apoiar tanto quanto foi nesse show. Confesso que eu fiquei nervosa no começo, porque eram muitas pessoas, mas depois que eu comecei a tocar a guitarra, aquilo foi passando e conseguimos com sucesso, realizar o nosso show. Meus companheiros estavam com aquela sensação que eu costumo ter também, aquela de que a missão foi cumprida. E de fato, nossa missão aqui na Coreia do Sul foi cumprida. Fazer com que todos apreciem nossas músicas, cantem juntos e acima de tudo, que se divirtam. 

Estávamos no camarim. Der queria nos ajudar em nossos problemas pessoais. Eu também queria ajudá-lo nos seus. Não dava para ficar sem dormir desse jeito. Eu só não entendo como ele não esquece as letras da música e ficou tocando guitarra ali sem parar, ainda mais que ele é o vocalista, o que mais gasta energia na hora do show. Mas independente disso, tínhamos agora um tempo até tudo ficar pronto. Decidimos aproveitar para nos ajudar em nossos problemas pessoas. 

Der e Wolley estavam sentados no sofá. Edrev e eu estávamos mas cadeiras. Eu estava com uma das pernas cruzadas, assim como os braços. 

— Bem, pessoal, eu queria dizer que antes de mais nada, nós conseguimos mais uma vez fazer um show de sucesso. Estou muito orgulhoso de vocês. — Disse Der, sorrindo. 

Sorrimos de volta e ele se vira para Edrev. Claro, que dentre nós três, Edrev era o que tinha o problema mais grave. Sua mãe estava em estado de coma e isso o preocupava. Coitado do Edrev! Fico imaginando se fosse comigo, qual seria a reação do meu irmãozinho que eu tanto amo? Sei que ele não se sentiria bem com isso. 

— Olha só, Edrev, você sabe que eu não sei há muito tempo o que é uma relação de pai e mãe com o filho, mas eu não sinto falta disso. — Disse Der. — Mas para quem sente, deve ser muito doloroso. Para que eu possa sentir o que você sente, eu coloco um de vocês no lugar. Sabem que eu os considero como minha família e dito isso, imagina se um de vocês entra nesse estado. 

Eu olho para o chão e depois para Der. 

— Eu me coloco no lugar da mãe de Edrev. — Disse. — Imagina se o meu irmãozinho sente o que Edrev sente no momento. 

Edrev estava de cabeça baixa, ao meu lado. Estava querendo chorar, pelo visto, mas ele sabe que pode conosco, isso não há dúvidas. 

— Bem, o que eu quero dizer, é que o que você pode fazer, Edrev, é pensar positivo. Vai dar tudo certo. Sua mãe não vai lhe deixar, isso eu garanto. Ela vai acordar do coma e vai poder ver os seus shows em um site de vídeos. Tenho certeza disso. 

Edrev estava chorando baixinho, mas era fácil ouvir seus soluços. Aquilo cortou o meu coração, confesso, mas era o que tinha no momento. Peguei Edrev para lhe dar um abraço e ele desabafou suas lágrimas com o carinho que estava dando para ele. Assim como Der, eu não sei mais o que é um amor materno e paterno, mas diferente dele, eu sinto falta disso. 

— Wolley, quanto a você, eu notei que estava desmotivado. — Disse Der. 

— Sim, eu acabei não ensaiando o suficiente nesse fim de semana. Akemi apareceu para aproveitar comigo. Por que iria negá-la? 

— É, você tem razão. Mas não precisa se preocupar se você ensaiou o suficiente ou não. Você sabe que é um ótimo baterista. Nesse momento, o que eu faria nesse lugar? Usaria da minha experiência para fazer um ótimo show. Enquanto estávamos fazendo nosso show, você pareceu distraído em não se preocupar se ensaiou o suficiente ou não. 

— Bem, Der, é que eu preciso confessar algo. Quando eu toco a bateria, todos os pensamentos negativos que tenho na cabeça somem automaticamente. Não sei como isso acontece, mas é algo que ocorre com frequência. 

Der sorri para ele, enquanto Edrev ainda estava com a cabeça baixa. Segurava na minha mão, como sinal de força e apoio. 

— Então por que não usa desse recurso para compensar a falta de ensaio quando ocorrer? — Indaga Der. 

— Vou fazer isso. — Wolley sorri. 

Agora era a minha vez. Der olha para mim. 

— Luza, o que pode fazer a respeito do Akira? — Ele indaga. 

— Eu não sei, Der. Eu sinto que eu posso perder a amizade dele se eu me declarar. — Respondi. 

— Mas como sabe disso? Não custa nada tentar. Ainda mais que você é uma mulher bonita. É inteligente, gentil, simpática. Nossos fãs homens são loucos por você. Não sabe como eles pedem para se casar com um deles. 

— É, eu faço as palavras de Der as minhas. Você é bonita e inteligente. — Disse Wolley. 

— Gentil e simpática. — Complementa Edrev. 

Acabei corando e fiquei tímida com o elogio dos três. 

— Luza. — Der me chama. — Você acha que o Akira iria lhe negar? 

— Mas ele é tão… 

— Culto? Sim, isso eu sei, mas não é isso que define exatamente a pessoa. Isso é apenas um perfil dela. O que importa é o que está aqui. — Der aponta para a região onde se encontra seu coração. — Entendeu? 

— Sim… — Respondi, ainda tímida com os elogios dos rapazes. 

Der sorri para mim. 

— Mas e você, Der? Quando vai dar um jeito naquele seu vizinho filho da puta? — NTR, a irmã de Edrev aparece de repente. 

— NTR? O que faz aqui? — Indaguei surpreso. 

— Eu já estava aqui na Coreia do Sul. Fui gravar uma música com um cantor de pop coreano. 

— Sim, ela foi fazer isso. — Disse Edrev. 

— Viu? O cabeça oca já sabe, chefe. Daí eu decidi passar por aqui. — NTR nem olha para mim. 

— Bem, como a NTR está aqui, então vamos juntos para o Japão amanhã. Ah, antes que eu me esqueça, eu já lhes contei o que fiz? 

— O quê? — Indaguei. 

— Eu ameacei ele de polícia, se não tirasse os raps dele. 

NTR gritou e começou a rir. Isso nos assustou e olhamos para ela, que dava socos na parede, enquanto ria. Essa irmã do Edrev não bate bem, pelo visto.

— Bem feito para aquele filho da puta! Fez muito bem, Der! — Disse a rapper. 

— Cala a boca. — Disse. 

— Cala a boca o caralho, sua galinha! — NTR faz um gesto como se tivesse apontado uma arma para mim. 

— Galinha é você e ainda frita quando eu sentar minha mão na sua cara! — Respondi e me levantei para bater na NTR, mas Wolley me para. 

— Meninas, quando vocês vão se entender? — indaga Der. 

— Quando um macaco sair do meu rabo! — Responde NTR. 

— Eu vou chamar o segurança! — Disse. 

— Chama o Batman se quiser, perua! 

— Vocês duas, já chega! — Disse Der. 

— Tudo pronto. — Hana chegou dizendo isso. 

— Certo. Vamos nos aprontar. — Disse Der. 

Então, nós cinco saímos, mas Edrev ficou com NTR, enquanto Wolley estava comigo. Nós duas podíamos nos agredir a qualquer momento mesmo. 

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