Quase Morte
Mia estava em estado crítico, precisou ser levada a unidade de tratamento intensivo. Algumas pedras afetaram seus rins e causaram também, lesões à coluna, mas a pior, atingiu sua cabeça, causando-lhe uma concussão, a levando ao coma.
Sua pele estava muito ferida e sangrava em diversos pontos. Alguns músculos se distendem e vasos sanguíneos se rompem. Precisou ser limpa, enfaixada e estava ligada a tubos e aparelhos de monitoramento.
Josué chegou rápido ao local e recebeu o relato de seu beta de todo o ocorrido. Pegou Nicolas no colo, o consolando e o pequeno resmungou que seu pai mataria as mulheres que machucaram sua mamãe.
— Não fique assim, Nicolas, eu mesmo vou cuidar delas, seu papai é muito ocupado e pode não conseguir vir.
— É? — Nicolas consentiu, voltando a derramar lágrimas, só que agora de profunda tristeza.
— Month, esse cara fortão que cuidou de você, vai levar você para casa, enquanto os médicos cuidam de sua mamãe, está bem?
Nicolas estava apático, não queria mais pensar em nada, ficava repetindo em sua cabecinha: papai, papai, papai…
Chegaram em casa e o próprio Month deu banho e vestiu Nícolas, colocou-o na cama e desceu para pegar algo para o menino comer.
As lágrimas rolaram novamente por seu rosto, até que ouviu:
"Filho, filho, onde você está? Fala para o papai."
Nicolas sentou na cama e não falou, pensou:
"tô na casa do tio Josué, ele é Alfa, mamãe tá no hospital"
"Estou indo, filho"
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Natanael continuava ouvindo o filho lhe chamar chorando e perguntou onde ele estava. O menino já era grandinho e poderia saber lhe informar algo que lhe desse uma direção.
Acertou, o menino disse o nome de um Alfa e ele conhecia todos os Alfas e Josué era seu conhecido de muito tempo. Partiu, seu deslocamento era uma verdadeira transformação molecular. Em questão de segundos, chegou a Alcateia Lumiária e seguiu para o hospital.
Ao ver sua companheira do jeito em que estava, não se conformou. Como não havia ninguém na sala, tornou-se físico e se aproximando de Mia, acariciou seu rosto e seus cabelos.
— Meu amor, fiz tudo para que você suportasse tudo o que viria, mas acho que errei. Devia tê-la matado quando descobri. Não suporto vê-la sofrer por culpa daqueles gananciosos. Mas os farei pagar por tudo e hoje mesmo você irá melhorar, eu prometo.
Beijou sua mão e sumiu, procurando a casa do alfa, onde estava seu filho. Chegou no momento em que um homem grande conversava com uma jovem, falando sobre ele.
— Você tem certeza de que ele não conhece o pai, Jane? — Perguntava Month.
— Sim, pelo que Mia contou, o pai sumiu sem sequer saber que ela estava grávida. Com quatorze anos, coitadinha. — Respondeu, Jane.
Ele não ficou ali para ouvir mais, seguiu pelos cômodos da casa, até achar seu filho. Materializou-se a frente ele e o menino gritou:
— PAPAI! — E pulou em seus braços.
— Oi filho, desculpe a demora, não sabia onde vocês estavam.
— Eu perguntei à mamãe se ela dexô o dereço e ela disse que você achava a gente e você achô.
— Sua mãe é muito esperta. Eu fui vê-la no hospital e ela vai ficar boa e voltar logo para você. Agora eu preciso ir. Vou acertar as contas com aquela mulher e depois vou preparar a nossa casa e virei buscar você. Não conte para ninguém, não vão acreditar em você.
— Tá bom, papai.
Natanael se foi e tendo visto a imagem de Suelen na mente do seu filho, foi atrás de encontrá-la. Não foi difícil, pois o Alfa Josué já a havia prendido em uma das celas da prisão. Mas ele achou isso pouco para ela e foi até lá, se materializando na frente da mulher, que tomou um susto e então falou:
— Você fez mal a minha mulher e meu filho e por isso não merece viver, tem agora a sua sentença — e moveu a mão.
O sangue começou a sair pelos olhos, ouvidos, nariz, boca, por todos os orifícios do corpo de Suelen, que queria gritar, horrorizada, mas não conseguia. Ela aos poucos foi sufocando em seu próprio sangue e caindo, perdeu os sentidos, até que não havia mais uma gota de sangue em seu corpo e morreu.
Ele se desfez de novo e sumiu do local indo em direção ao antigo instituto onde dava aula, ao qual sua avó ainda administra. Apareceu sem anúncio dentro do quarto da anciã que não aparenta mais de quarenta anos. Prometera nunca mais voltar ali, a não ser, é claro, para tomar o que era seu.
Ela sentiu que alguém chegava, mas não passava por sua imaginação, que seria seu neto. Quando ele apareceu, ela ficou chocada e sem reação, pois era a última pessoa no mundo que desejava ver.
— Olá, vovó. Como está?
— Olá, Natanael. O que faz aqui? — Perguntou Meridien.
— Não me esperava, vovó? Pensou o que? Que eu seria um escravo para o resto da vida?
Meridien ficou assustada e com medo ao ouvir aquilo. Será que ele cumprira todo o acordo?
— Como assim? — Perguntou ela.
— Eu estou livre, vovó. Sua dívida com a Morte está paga.
Ela puxou o ar com força e soltou tudo de uma vez, sentando pesada em uma poltrona do quarto.
— Que notícia excelente. Você cumpriu rápido o acordo, como conseguiu?
— Um milhão de almas podres não foi uma barganha vovó, foi muito trabalhoso, mas a rainha me ofereceu algo que me entusiasmou e tornou meu trabalho menos árduo.
— Como pode chamar aquela criatura horrorosa de rainha? — Perguntou Meridien, horrorizada — e o que foi que ela te ofereceu de tão bom, assim?
A gargalhada de Natanael foi tão estrondosa, que se ouviu até fora do instituto.
— A sua cabeça, vovó? — Ele falou, abaixando-se para seu rosto ficar na altura do dela e olhou bem dentro de seus olhos, com um sorriso sínico de escárnio.
Ela se encolheu na poltrona e falou, refletindo:
— Isso não pode ser…o acordo era para que ela não me matasse.
— Sim, vovó — falou, se afastando — esse era o seu acordo com ela, ao qual fui eu quem paguei, ou seja, adquiri a sua dívida e por isso, agora, sua vida me pertence. Foi um preço bem caro, eu acho.
Ela Suspirou e pensando rápido, resolveu ser gentil e amorosa com seu neto.
— Bom, querido. Ainda bem que foi você, pois sendo sua avó, que o criou e protegeu, você não me fará mal, não é mesmo?
Nova gargalhada estrondou tudo à volta deles, quebrando inclusive os vidros das janelas. Ele parou de costas para ela, com as mãos nos bolsos da calça larga e perguntou:
— Me responda uma curiosidade, vovó querida. Todos os bruxos e feiticeiros que lhe ajudaram a me prender, fizeram uma união de sangue, não foi?
— Sim, mas porque você quer saber disso? Você não entende nada de feitiços, não é um deles.
— A senhora sabe muito pouco sobre o mundo sobrenatural e nem imagina o que desencadeou quando me vendeu e selou a loba de minha companheira. Agora acabou vovó, pois tenho pressa em recuperar tudo o que me pertence.
Foi rápido até a avó e com suas garras a mostra, enfiou-lhe no peito, arrancando-lhe o coração, que ainda pulsando em sua mão, pingava o sangue da anciã no chão e ele conjurou um feitiço, falando:
— Sangue pelo sangue, sangue para o sangue e sangue que exterminará o sangue, faça-me justiça.
Seus olhos ficaram vermelhos, seu lobo sombreou seu corpo e quando sua mão expremeu o coração maquiavélico, o corpo da avó bruxa virou pó e por todo o mundo, os bruxos e feiticeiros que participaram do feitiço que o prendera a Morte e tirara-lhe todos os direitos que tinha em herança, também viraram pó e sumiram da face da terra