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Chegando em seu conjugado, convidou-os a entrar.

— O espaço é pequeno, mas é o que posso pagar, entrem e sentem-se por favor, vou acomodar o Nicolas.

— Podemos conhecê-lo - pediu Jane, já morrendo de amores pelo pequeno.

— Sim — Mia levou o filho até os irmãos — Nicolas, estes são os tios Josué e Jane, e este é o menino mais lindo do mundo,meu filho Nicolas. — Apresentou fazendo festa para descontrair o filho.

Jane o segurou na mesma hora e ele se entreteve conversando com ela. Mia foi até a cozinha fazer um café e Josué perguntou se podiam pedir uma pizza e recebeu de Mia um cartão com o número da pizzaria.

Josué sentou-se na banqueta que tinha junto ao balcão que dividia o cômodo da cozinha e ficou observando Mia fazer o café.

— O que aconteceu, Mia? Eles te expulsaram? — Ele se referia a Alcateia, já imaginava o que podia ter acontecido.

— Sim, por pouco não me apedrejaram.

— É como você veio parar aqui?

— A diretora Meridien, avó do Natanael, era a única que sabia da verdade e depois de ter me expulsado e ver que a família e a Alcateia não me apoiaram, me pegou e trouxe para esta cidade, me deixou em uma pensão e enviava uma quantia por mês para me ajudar.

— Não fez mais que a obrigação dela. Se ela tivesse posto freio naquele neto dela, você não teria passado pelo que passou. — Falou Josué revoltado.

— Agora não importa mais. Só me arrependo de não ter te ouvido quando me avisou sobre ele, eu era boba e fiquei apaixonada por ele. Obrigada, mesmo assim, por ser bom para mim.

— Tudo bem — a campainha tocou — óh, é a pizza, vou receber.

Mia foi até o filho, pegou-o e colocou-o na cadeirinha de refeição dele. Colocou o mingau que estava esfriando no pratinho dele e deu para ele comer.

— Ele é muito lindo e tranquilo, Mia. Parabéns. — Elogiou, Jane.

Josué entrou com a pizza e colocou sobre o balcão, onde todos se serviram e beberam o café.

Houve silêncio durante um instante enquanto todos comiam, até Josué perguntar:

— Se você está sem Alcateia, Mia, vem com a gente.

***

Já estavam a duas horas na estrada, era madrugada e Nicolas dormia deitado no banco da SUV. Foi um corre corre quando, finalmente, Josué e Jane conseguiram convencer Mia. Pediu demissão do emprego tarde da noite, entregou as chaves do conjugado e despachou as coisas dela por uma transportadora. Era uma nova oportunidade e Mia agarrou.

Chegaram quando já ia amanhecer e a Alcateia estava acordando. Era uma linda cidade, com uma praça e um chafariz no centro. Havia comércio, hospital, escola e até delegacia. Percorreram alguns quarteirões até chegarem na casa do Alfa.

— Nossa, que casarão! É da sua família? — Perguntou Mia, surpresa pelo tamanho da mansão.

— É a casa do alfa, recebemos muitas visitas que vêm a Alcateia para tratar de vários assuntos e pela falta de hotel na cidade, ficam aqui. — Respondeu Josué.

— É quem é o alfa? 

— Ora, Mia, sou eu. Por isso te convidei, aqui conosco, você poderá libertar sua loba e aprender tudo que não aprendeu enquanto cuidava de Nicolas. — Explicou Josué, a uma espantada Mia.

— Vamos entrar, traga o Nicolas, que vou te mostrar o seu quarto, os funcionários trazem a bagagem. — Falou, Jane.

Mia olhava tudo em volta e os dois funcionários que pareciam seguranças, também a examinaram de canto de olho. Entrou na mansão pela porta da frente e se perguntou quanto tempo ficaria ali até a expulsarem.

Uma jovem, com uma criança pequena, que nunca se transformara e havia sido expulsa de sua Alcateia, sempre atraía fofocas. Mas deixaria isso pra depois. Entrou no quarto que Jane lhe levou, colocou Nicolas na cama e se despediu de Jane, agradecendo e depois de se lavar, foi dormir um pouco, antes que seu filho acordasse e acabasse com o descanso.

*****

A fera enorme, de pelos negros, orelhas grandes e pontudas e presas afiadas, se esgueirava entre as árvores, pelas sombras da floresta. Finalmente ele encontrara o assentamento sede dos caçadores. Percorreu todo o perímetro, matando silenciosamente, um por um dos guardas de vigilância.

Chegou próximo as cabanas e no centro delas,  ao redor de uma fogueira, homens bebiam, comiam e abusavam de algumas mulheres. O grande lobo sentiu nojo e prazer ao mesmo tempo. 

Nojo da perversão dos homens e prazer pelo que ia fazer com eles. Rosnou baixo, para alertá-los e atraí-los. Continuou andando e rosnando e eles se moveram. Primeiro um, que morreu com o pescoço quebrado pela forte pata.

Depois outro, que foi degolado pelas garras afiadas e depois cada um que ousou cruzar o seu caminho, foi morto de alguma forma terrível. Por fim, estavam todos mortos na floresta, então seguiu para onde estavam as mulheres já exaustas e feridas e acabou com seu sofrimento.

Olhou ao redor e eram cinco cabanas simples, onde ele entrou, dando cabo de todas as vidas que habitavam cada uma. Uma em especial, matou com requintes de crueldades, pois era a maior e onde estava a clínica de mutação genética, em que cientistas monstros, tentavam criar mutações que imitassem um lobisomem.

Sorriu ao matar o último, depois de o estripar vivo e saindo, voltou a sua forma humana e queimou tudo. Olhou para tudo queimando, inclusive os corpos que recolherá da floresta e falou:

— Eis aí, minha rainha, o último acréscimo a conta.

Ele viu quando vários feixes de luz azul, se ergueu do meio do fogo e foi consumido no ar. As almas dos mortos, sendo sugadas pela Morte.

— Venha até mim, mensageiro, tua hora chegou.

Na mesma hora, ele desapareceu dali e apareceu diante de um trono cercado de labaredas. Não era um fogo como se conhecia na terra, mas sim, um fogo que ardia e não consumia, esquentava, mas não queimava quem se aproximasse spe tivesse a permissão de estar ali.

O local não era fechado. Nem uma construção era. Ficava no alto de uma montanha estéril, em um platô específico para ele. Não era ao ar livre, parecia sim uma caverna, no centro da terra, pois via-se, serpenteando a base da montanha, um rio de larva efervescente.

Aquela a qual o mensageiro chamara de rainha, sentava-se no trono e ao contrário do que muitos pensavam, não trajava um manto encapuzado e nem tinha uma foice na mão, mas possuía toda a austeridade que seu cargo exigia.

— Aproxime-se. — Chamou, ela.

— Eis-me aqui, minha rainha. — Falou ele, depois de ajoelhar-se diante dele, em uma mesura.

— Não me chame mais rainha, serei de agora em diante, somente Morte.

Ele levantou-se e olhou para a figura da mulher de pele negra incandescente e cabelos longos de fogo, que esvoaçava ao seu redor e pensou que a Morte nunca lhe pareceu realmente, com a morte.

— A dívida está paga. — Disse ele.

— Sim, você está livre. Mas como uma última mensagem e também como um presente meu, você vai me enviar todos aqueles que te puseram à minha mercê e te tiraram todos os direitos e poderás ficar com tudo que for deles e assumir o seu verdadeiro lugar. 

— Ainda bem que você sabe que não será um favor que farei a você, eles merecem o que vão receber.

— Sim. Terás, além de seus poderes, a magia de bruxos e feiticeiros, até que acabe com todos e assuma o teu lugar. Agora vá.

Assim como chegou, saiu e apareceu na frente de sua cabana, no mais profundo, da floresta mais densa de todo o planeta. Entrou, tomou banho com a água que colhia das chuvas torrenciais que caíam sempre naquele lugar, lavando todo o sangue podre que ainda havia sobre si e ainda nu e molhado, deitou-se e dormiu.

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