Biblioteca
Português
Capítulos
Configurações

Capítulo 5 *BEIJO*

BELLA • N A R R A N D O

Assustada procuro fazer meu cérebro funcionar para me defender, formular qualquer frase, meu corpo aos poucos está sendo esmagado por esse homem.

— Estou de castigo.

Sussurrei trêmula, desviando minha boca da dele que ainda se mantinha próximo.

— Quantos anos você tem?

— 17 anos.

Assim como sua voz, sua expressão mostrou incredulidade. Ele separou seu corpo do meu, se colando de pé, velozmente fiquei sentada na cama encostada na cabeceira.

Visualizei ele que usava um sobretudo preto, com uma blusa por dentro da mesma cor, parecia estar uniformizado. O estranho foi vê-lo com luvas.

— Você ainda é um bebê.

Diz agastado, seus olhos percorrem meu corpo, me cubro com lençol. Pisco algumas vezes, com esperança de estar tendo um pesadelo.

— Se coloque de pé, agora!

Deliberou, pegando-me de surpresa, meu coração acelerou ainda mais dentro do peito, olhei para a porta, depois para ele que se mantinha firme parado feito um matador.

— Adoro florzinha.

Não soube discernir seu tom, se foi irônico, humorado ou malicioso, dúvida essa que me foi tirada de imediato. Ao ficar ereta sobre o chão, seus olhos estudaram meu corpo, mostrando interesse em cada parte que fitava. Meu subconsciente agitou-se sabendo qual seu interesse, meus olhos assustados o fizeram dar um sorriso esse que jamais havia visto dente algum em sua boca, por sempre estar carrancudo.

Que sorriso malvado, e bonito, confesso. Abaixei a cabeça irritada por pensar isso, não sou uma garota que presta atenção em rapazes, o que de longe ele é, por sua estatura e fisionomia madura me arrisco dizer que tem um pouco mais de vinte anos.

— O que vai fazer?

Minha voz quase não saiu, fiquei em dúvida se ele conseguiu entender. O barulho do solado do seu sapato no chão, pareciam de um filme onde o assassino se aproximava da sua vítima. Sua aproximação só fazia me deixar mais apavorada por ver o quão pequena sou perto dele.

— Disse o que faria se não fosse.

— Não tive como sair, estou de castigo.

Expliquei sem encará-lo, não tinha como no momento ver seu rosto, somente enxergava seu peito e parte da sua barriga.

— O quão obediente você?

Mesmo sem assimilar qual sentido de sua pergunta, confirmei balançando a cabeça, confusa por estar mantendo uma conversa calma, ele se mostra tão ameaçador.

— Para de balançar a cabeça quando perguntar qualquer coisa, quero que me responda.

Exasperou seguido de um suspiro alto.

— Sim, sou obediente, sempre faço o que meus tios mandam. Por esse motivo, não me atrevi a sair escondida de casa, até porque não sabia como fazer isso.

Percebi ter falado demais, o homem se mostra irritado, mas não me interrompe.

— Nunca saiu escondida?

— Nunca.

— Porquê?

— Não gosto de sair muito, e quando quero peço para meus tios, se tiver permissão eu saio.

Dei um passo para trás quando sua mão grande pegou meu queixo levantando minha cabeça. Encarei seu rosto.

— Não pensou em priorizar a minha ordem?

— Eu não pensei …

Me fez calar colando seus dedos nos meus lábios. Fui me abaixando mais, ele por um momento me soltou, e cairia no chão, mas ele tornou a me pegar dessa vez pela nuca, puxando um pouco dos fios do meu cabelo.

— Sua ida até lá, era a garantia de não fazer nada com sua família.

Murmurou, tendo seu rosto bem próximo ao meu, ele estava curvado para ficar a minha altura. Com certeza estava apavorada pensando na minha família, mas tinha uma outra coisa que sentia por todo meu corpo.

— Eles devem estar dormindo.

Soltou-me pareci uma boneca caindo no chão, não me machuquei mas sua atitude bruta me fez ter mais medo. Ele ajeitou seu sobretudo no corpo, parecia um psicopata charmoso com um belo topete naquele cabelo avermelhado.

Seus pés grandes dentro daquele sapato se direcionaram para a porta do meu quarto, provavelmente com o pensamento de sair para cumprir com sua palavra, o que não poderia permitir.

— Por favor, não faça nada com eles.

Supliquei. Isso poderia ser resolvido, Roberta precisava ser rápida em provar que não fui eu quem espalhou sobre a denúncia, essa que foi adiante.

— Não perca seu tempo, tentando me convencer a ser misericordioso, sua história está sendo repercutida, sobre o dono do bar estar sendo afrontando por uma pirralha de meio tamanho.

Suas palavras me fizeram pensar que ele não falava de si mesmo.

— E seus planos para nós dois?

Lembrei do que ele disse no carro. Isso fez seus passos cessarem, respirei aliviada, levantei do chão. Ele virou para mim.

— Está disposta a aceitar?

Mostrou-se interessado em repensar sobre sua decisão com minha família.

— Se isso o impedir de fazer qualquer coisa com minha família, sim, estou disposta.

Não retive em dar minha resposta. Ele inclinou sua cabeça para o lado, ficaria feliz se conseguisse ler sua face que não expressava somente dureza.

— Preciso de uma companheira.

Tirou suas luvas, as colocou no bolso, sentei na cama para talvez conseguir conter meu desespero quando por fim dizer o que quer.

— Uma companheira…

— Espere eu terminar de falar, Bella.

Vociferou. Vindo ter seu lugar a minha frente. Mas uma vez ele estava perto o suficiente para me atacar, sentou na cama.

— Perdi recentemente a mulher que costumava ter em minha cama, saciando minhas vontades.

Engulo em seco. Na cama dele. Saciar. Isso é muita informação para mim.

— Posso saber o que aconteceu com ela?

— Pode — me encarou. — A matei!

— Isso não é uma coisa boa de se ouvir.

Deglutir no lugar, querendo sumir naquele momento.

— Prendi a respiração dela por tempo demais.

Disse trivial sem mostrar compaixão, pelo ocorrido feito por ele mesmo.

— Como fez isso?

Mesmo apavorada a curiosidade de saber como isso aconteceu gritava dentro de mim.

— Cordas em volta do pescoço dela, as apertei muito enquanto a fodia.

Abri a boca chocada.

— Sempre perco o controle — murmura.

— Quer fazer isso comigo? — meus olhos piscaram querendo transbordar em lágrimas.

— Você tem duas opções, isso ou sua família.

Havia somente uma opção para mim, pelo menos até provar que não fiz nada.

— Sua nova companheira — escolhi.

— Tem um problema: você é menor de idade, e não tenho o costume de devorar criancinhas, não é como se eu fosse um homem irresponsável.

— Ninguém precisa saber.

Um sorriso insípido formou seus lábios, ele queria ver minha disposição em fazer isso de verdade. Ele se levantou se pôs a minha frente fiquei encarando seus olhos da mesma forma que fazia comigo, sua mão passou por meu cabelo e me puxou para cima ao encontro dele, apressadamente ele devorou meus lábios com volúpia, aquele não era meu primeiro beijo, mas fiquei intimidada sem saber como fazer.

Sua pegada firme fez meu corpo amolecer sob sua investida precisa e impermanente. Segurando todo meu ar.

Quando seus lábios desgrudaram pude puxar o ar para meus pulmões, ele não soltou-me ainda continuou perto me encarando, sua boca entreaberta mostrava sua respiração acelerada, ele voltaria a me beijar, sua mão apertava meu pijama fazendo ele marcar meu corpo, se não fosse interrompido.

— Bella, abra a porta!

Era Roberta batendo na porta. Ele não permitiu que eu me afastasse, sorte eu ter trancado a porta, o que não tenho costume.

— Agora você é minha, seus atos a partir de hoje terão consequências se não me agradar.

Concordei, virei para ir para atender a Roberta que estava falando alto do outro lado, mas recordei rapidamente que havia um intruso no meu quarto. Quando voltei a virar na direção dele, já não estava no meu quarto, meus olhos percorreram todo lugar parando na janela que estava aberta.

— Meu Deus! O que foi isso?!

Suspirei, indo abrir a porta.

Baixe o aplicativo agora para receber a recompensa
Digitalize o código QR para baixar o aplicativo Hinovel.