Capítulo 4
Paul olhou nos meus olhos friamente. Ele também não queria aquilo, era óbvio. O modo como seus dedos mexiam contra o copo, era notável seu nervoso. Olhou por alguns segundos, só assim retirando a mão do bolso e estendendo-a.
Dei a minha, seu toque foi quente e delicado. Como se minha mão fosse feita de vidro. Beijou as costas dela, e desaproximou voltando sua mão ao bolso.
Seus olhos ficaram tristes e sem vida. Molhou os lábios, como se tivesse caído a ficha.
— Arnold Parker! — Lá vem meu pai. Estendeu a mão para o meu noivo em um cumprimento.
— Hector Bernardi. Prazer em conhece-lo — Apertou com um sorriso sem mostrar os dentes.
Quantos anos ele tinha? Quarenta? O modo como falava e gesticulava, era entediante. Não trocamos uma palavra, eu particularmente não me esforcei para abrir a boca. Deixava-os conversarem sobre negócios e a festa de noivado. Hector também não falava muito, quando o assunto era esse. Deixando-me aliviada. Pelo menos ele também não queria casar-se. Quem sabe um acordo, mudaria as coisas.
Graças ao bom Deus, aquela festa acabou. Todos, eu disse, todos, foram embora. Temia por já ter que ir com Hector. Diversas vezes nossos olhares se cruzavam, não era felicidade nem flerte, era um misto de raiva e desconfiança. Ele estava desinteressado em saber meu nome, idade ou resposta sobre o casamento. Não se importava com a minha opinião, tão parecido com o pai. Soube pela conversa dele, que ele tem vinte e quatro anos, tirando do meu pensamento, os quarenta anos.
Já vestia minha camisola de seda e estava deitada na cama. Meu edredom estava até o meu ombro e olhava para minha sacada, que estava com as cortinas abertas. Assim como escritório do meu pai, era do teto até o chão, me dando uma visão perfeita da Lua e as estrelas. Escuto a porta ser aberta e vejo o rosto da minha mãe.
— Pode entrar! — Me ajeitei na cama, me sentando e encostando minhas costas.
— Desculpa, te acordei? — Perguntou assim que fechou a porta.
— Não consigo dormir. — Murmurei.
— Imaginei — Sentou-se ao meu lado, vestia seu pijama, estava com os olhos cansados — Filha, eu sei que tudo isso está sendo difícil pra você. Ver o Hector foi triste para mim! Não é nada parecido com os namorados que você trouxe.
— Pois é! — Concordei, gritando razão.
— Mas vai casar-se com ele. Ele é um homem apresentável e muito centrado. Seu pai está muito contente.
— Eu não. E não quero me casar. Mãe você tem que me ajudar. Eu quero viajar, fazer uma faculdade e ter a minha vida! Não a que meu pai quer me dar. Não me importo com a empresa ou os negócios dele.
Ela fez um gesto apressada para que eu parasse de falar. Porque ninguém aceitava o fato, que eu não era esses tipos de filhos que queriam tudo do pai?
— Não diga isso a ele! Faça o que ele mandar, eu não vou interferir nisso, pois sei que será muito bom pra você. Não estrague as coisas, querida.
— Boa noite, mãe! — Me deitei e virei para o outro lado.
Ela se levanta e sai do quarto em silêncio. Eu não estava satisfeita, nada satisfeita. Tinha o direito, de escolher pelo menos meu noivo, marido, seja lá que diabo for.
Algumas lágrimas escorrem dos meus olhos, molhando um pouco o travesseiro. Em meio aos pensamentos, encontrei um azul brilhante. Adormeci.