Capítulo 3
Olhei para minha mãe e também sai da sala. Não poderia aceitar isso, eu não aceitaria isso. De acordo com meu pai, ele era o melhor partido para mim. Mas de acordo comigo, isso jamais aconteceria.
Como típico começo de festa a música clássica já tocava no salão. Olhava pela janela do escritório do meu pai, a vista que ele tanto gostava. Não poderia acatar a decisão dele. Não sabia nem quem era o pretendente. Mas, após muita relutância, aceitei a proposta. Minha mãe ficou aliviada, sabia que pouparia briga na família. Não aceitei por mim e nem por ela, mas pelo meu pai. Sua insistência era fora de controle, assim como a minha. Não teria paz se recusasse, porém quando tudo estiver feito e papéis assinados, paz é a última palavra que meu futuro marido conhecerá. Perco a luta, mas não perco a guerra.
Descia as escadas cordialmente. Segurava com uma mão no corrimão gelado e a outra levantava discretamente o vestido para não arrastar no chão. Olhava pelo salão inteiro.
Ouvia muito o nome Paul em casa. Um grande amigo do meu pai, que financeiramente era melhor que nós. Paul tinha diversas empresas espalhadas pelo País e dois filhos. Perdeu a mulher quando deu a luz ao segundo, soube que entrou em uma depressão profunda. Ítalo e Hector são seus dois filhos, o que me cabe á saber é qual deles é meu suposto marido. Google era muito útil, não que fosse difícil encontrar informações sobre nós na internet.
Assim que terminei de descer as escadas, meu pai já me aguardava com um sorriso orgulhoso. Claro que era encenação eu e ele estávamos em um clima péssimo. Segurei em sua mão e ele me levou até meu sogro.
Não iria me acostumar com isso.
Paul tinha um sorriso satisfeito nos lábios. Segurava uma taça de champanhe na mão direita e a outra, estava afundada no seu bolso da calça social. As rugas e cabelos grisalhos eram visíveis. Cabelos penteados pra trás e olhos verdes que me observavam se aproximar.
— Quando me falaram da beleza, fiquei curioso para saber se era tudo verdade. Estou encantado, Srta. Louise. Ou devo dizer Senhora? — Sorriu brincalhão.
Formei o sorriso mais falso que conseguia. Beijou as costas da minha mão e sorriu novamente.
— Obrigada Senhor Bernardi. — Agradeci.
Minha mãe chegou até nós, fazendo aquela mesma imagem do quadro: Família Feliz. Era isso que me deixava irritada. Ninguém esta feliz, eu não estou feliz. Então por que diabos, aquele sorriso estava no meu rosto. Minha vontade era de mandar todos embora.
— Licença um momento! — Paul pediu educadamente e virou de costas, procurando alguma pessoa.
Virou-se pra nós de novo, e estávamos lá parecendo bonecos de cera. Sempre sorrindo.
— Vai ser um prazer ter você na nossa família, Parker. Juntar dois nomes tão importantes. — Começou o discurso, bem-vinda ao inferno.
— O prazer será meu, Paul — Menti.
Então ele chegou. Cabelos negros como carvão e olhos tão azuis e desconcertantes, capazes de te fazer perder o raciocínio por alguns instantes.
Perfeitamente alto e ombros largos. Em uma mão segurava sua taça e a outra, assim como o pai, escondia no bolso.
Sem nos olhar, parou ao lado do pai. Uma vislumbre visão de perfeição.
— Sim, Paul.
Ele não o chamava de pai. Mas, eu sabia que era Hector.
Grande Google
E meu novo marido. Sinceramente, tinha gostado mais do Ítalo. Se fosse para viver com um desconhecido, que fosse um que eu escolhesse. Li alguns artigos, em que Hector sempre evitava entrevistas e fotos. Milagrosamente, fotógrafos conseguiam fotos sem que ele deixasse. Mantinha todos longe. Poderia fazer isso comigo também.
— Essa é Louise Parker. Sua noiva! — Nos apresentou.