Capítulo 2
Subo pelas escadas de mármore, ainda pensativa. Por qual motivo, meu pai desejaria que eu fosse ao seu escritório? Caminhei pelo corredor, vendo algum dos empregados arrumarem detalhes de quadros e enfeites. Vejo a enorme porta marrom entreaberta. Dei duas batidas e entrei.
Ele estava parado de costas pra mim, olhando pela imensidão da sua janela que ia do teto ao chão. Tinha a visão da piscina da casa e do campo ao fundo.
Seu escritório era grande com armários cheios de livros e papeladas, tudo organizado. Ao lado esquerdo um sofá preto, acima dele uma foto da nossa família moldurada na parede. Fui andando até sua mesa de madeira escura. Ela era enorme e ocupada por um computador, notebook e alguns papéis. Sentei-me na cadeira, e esperei ele se virar. Seus cabelos já anunciavam sua idade. Ele beirava os cinquenta anos. Virou-se.
— Adoro essa casa! — Comentou sentando-se na sua cadeira giratória.
Seus olhos eram verdes, olhos que eu tinha herdado. Sua boca formava um meio sorriso, cruzou as mãos e colocou acima da mesa me olhando. Diferente da minha mãe, meu pai era branco. Um alemão na verdade. A mistura dos dois me rendeu um belo bronze.
— Ah minha filha, nem me lembro, quando você cresceu.
— Faz alguns anos. — Sorri — Minha mãe disse que você queria falar comigo.
— Ah sim. Já falei que queria que você se cassasse com um homem rico. Que tivesse empresas e um único proposito na vida. Crescer!
— Pai, de novo isso — Virei os olhos, entediada.
Não gostava desse assunto. Sentia-me como aquelas garotas de filmes, dos anos oitenta. Quando os pais que escolhiam seus maridos e cada uma teria seu dote. Eu, particularmente nunca pensei em me casar tão jovem. Já tive namorados bons, ruins e péssimos. Mas casar, isso era demais.
— Louise — Chamou minha atenção. Deu uma pausa e continuou — Paul Bernardi quer o mesmo para o filho dele. Poderíamos juntar nossas ações. Seria um estouro na mídia e saberia que você estaria em boas mãos.
— Pai! — Falei apreensiva. Não queria saber, aonde ele queria chegar com essa história.
— Você vai se casar com o filho dele.
— Enlouqueceu? — Levantei espantada. — Eu não vou me casar com ninguém. Aliás, eu tenho vinte e um anos, não sou mais responsabilidade sua. Não irá me obrigar.
— Não vou precisar — Falou com uma voz morna — Você vai. Já falei com a sua mãe e ela concordou. Filha não poderia deixar você escolher um idiota e acabar com tudo o que construí.
— Eu não quero nada o que é seu! Eu quero minha vida e minhas escolhas, e a minha escolha é: Não vou me casar com esse homem!
Sentia meus olhos arderem e me odiei por isso. Era loucura escutar essas palavras. Um absurdo minha mãe, concordar com isso. Vi a cabeça dele, mudar de ângulo, jogando um pouco para o lado. Ele odiava quando eu alegava que não queria cuidar da empresa. Achava o cumulo. Mas, o que eu poderia fazer se eu não queria?
— Arnold. — Minha mãe, entrou na sala, provavelmente pelos meus gritos.
Ele bateu as mãos na mesa se levantando.
— Ele não está pedindo a sua mão. Eu, estou ordenando.