Biblioteca
Português
Capítulos
Configurações

Capítulo 3

Mesmo que nós nos esforcemos para manter fantasmas do passado longe, nem sempre só nossos esforços são necessários. Mesmo que tentemos de toda forma, uma hora eles aparecem e nos fazem questionar se temos algum controle sobre nossas próprias vidas, pelo menos, era o que Elena se questionava no exato momento em que sentiu a mão grande e quente segurar o seu braço, estava tão próxima da porta que agora se tornou tão distante.

— Acho que já passou tempo demais, precisamos conversar. - Pietro sussurra próximo demais. O ar quente bate contra a bochecha da morena, trazendo os pensamentos inoportunos de quando esses mesmos lábios a beijaram em partes das quais ela se esforçava para esquecer.

— Não tempo o suficiente para você esquecer o que houve. - Vira o rosto, encarando os azuis tempestuosos. - Deixe-me em paz, já causamos muitos problemas em poucos meses.

— Parecia ser um problema?

— Eu estava bêbada, você sabe disso.

— Quer dizer que abusei de você em um momento de vulnerabilidade? - Diz em um tom arrogante.

— Claro que não! - Negou entredentes.

— Então não culpe a bebida, querida. Ao menos assume que ambos fizemos aquilo por vontade própria. Partimos o coração do pobre Stefano. - O tom irônico na sua voz a irritou profundamente, fazendo com que usasse sua força para desvencilhar seu braço daquelas mãos...Que mãos.

Ainda atordoada Elena se retira do Grill. Contudo Pietro engoliu sua dose de uísque e retornou ao bar, onde seu deprimido irmão se embebedava. Sem convite, o mais velho se senta ao lado e pede outra dose.

O olhar raivoso do seu irmão é o suficiente para que todos que estivessem perto, soubessem o quanto aquela aproximação do Pietro era indesejada por ele.

— Seu olhar está me incomodando, irmão. - Segurou seu copo e tomou um curto gole.

— Não precisa agarrá-la na minha frente. Não bastou aquela... Céus, você é péssimo.

— Fique calmo, ela é apaixonada por você. Todos sabemos disso. - Mais um gole, engolindo com aquele líquido forte a verdade de que a mulher da qual ele amava, jamais corresponderia aos seus desejos.

— Ainda não sei quem é pior: ela me trair com meu próprio irmão ou eu ainda conseguir olhar pra você sem vomitar.

— Fico com a segunda opção. - Levanta o dedo, pedindo outra dose.

Ele sabe bem disso, pois toda manhã precisa olhar-se no espelho e se faz a mesma pergunta que o irmão. Como consegue se olhar sem ao menos despejar a insatisfação de ser ele?

-

— Com medo? - Laura pergunta a Esmeralda, na manhã da qual as duas se dirigiam para a mansão Hunter.

Esmeralda não sabia dizer se foi aquele suco de laranja que lhe fez mal, ou, a noite mal dormida, amedrontada por esse seu novo trabalho. Mesmo que se fizesse negar, as palavras do Sebastian ainda a importunavam, Charlotte certamente não deixaria barato. E o motivo é ainda mais irritante: ela é apaixonada por Stefano. O que é completamente confuso, já que é odiada por simplesmente ser amiga da ex-namorada dele. Mimada, sempre mimada.

— Apavorada.

— Eles pouco ficam na mansão. Única data que os verão juntos, será nos bailes mensais que Thomas concede.

— Baile? Desde quando temos bailes?

— Nós? - Riu - Nós nunca. Agora a alta sociedade, ora, sempre. Mas não se preocupe, eu estarei de volta até o próximo. Não precisa se preocupar com isso...

— Como eles são? Juntos.

— Um furacão silencioso. A casa fica quieta, mas o clima... é difícil dizer. Senhor Thomas é um tanto exigente com os irmãos mais novos.

A mansão Hunter poderia facilmente estar em um museu. Objetos antigos, móveis rústicos, lustres pesados e carpete na enorme escada que se dividia em duas até o segundo andar. É um dos lugares mais incríveis que Esme esteve, tudo bem que ela não esteve em muitos lugares, mas gostava de pensar que sim. Em três horas na mansão, tudo estava correndo extremamente bem. Atendia as poucas ligações, instruía as cozinheiras e faxineiras, e também recebeu algumas correspondências.

Baixe o aplicativo agora para receber a recompensa
Digitalize o código QR para baixar o aplicativo Hinovel.