Capítulo 7
Curitiba, 10 de janeiro de 1968.
A chuva bate impiedosamente contra as janelas da mansão, assustando Maria Luísa que observa o temporal. Ela desliga a luz de seu quarto e desce as escadas. Está preocupada, pois seu marido ainda não chegou do trabalho. Será que algo aconteceu com ele? Pensa indo em direção à copa, onde encontra Adelaide rezando de joelhos.
— Adelaide! – chama Maria Luísa impaciente — Já ligou para o escritório do Alexandre, de novo?
— Sim , senhora – responde Adelaide se levantando — Chama, chama, chama, mas ninguém atende.
— Céus, onde estará esse homem nesse temporal? – resmunga saindo da copa em direção à sala.
Ela nem bem senta no sofá e a campainha da casa toca estridente. Maria Luísa espera mais um tempo para que Adelaide venha atender, mas a empregada não aparece. Isso obriga que a mulher de cabelos pretos se levante e vá até a porta. Ela abre dando de cara com uma jovem ruiva molhada com uma criança nos braços.
— Essa é a casa do Alexandre de Almeida? – pergunta a jovem cansada.
— Sim – responde Maria Luísa confusa com a pergunta — Quem gostaria?
— Meu nome é Rosa e este é o filho dele: Ícaro – revela a jovem antes de desmaiar aos pés de Maria Luísa com a criança em seus braços.
***
Maria Luísa está de pé encarando a jovem desmaiada ainda em sua cama de hóspedes. As últimas palavras de Rosa antes do desmaio ainda permeavam a cabeça da jovem de olhos azuis flamejantes. Além do rosto dela ser familiar, mas não conseguir se lembrar de onde ela já a tinha visto antes.
— Fique de olho nela. Quando acordar, quero me avise imediatamente. E não a deixe sair desse quarto – ordena Maria Luísa ao segurança na porta — Depois quero que me explique como foi que ela passou pela guarita.
Ela desce as escadas, enquanto escuta o choro alto da criança que estava com a Rosa. Vai em direção ao choro que vinha da cozinha, onde Adelaide balança a criança, tentando acalmá-la. Maria Luísa olha para o menino com leve irritação.
— Os gritos dessa criança estão ecoando por toda a casa, Adelaide. Você não me disse que daria um jeito dela se acalmar? – questiona Maria Luísa
— Sim senhora, mas é que o menino deve estar com fome – explica Adelaide.
— Então dê algo para ele comer. –Ordena a jovem patroa — O que não falta nessa casa é comida.
— Mas ele é recém–nascido, senhora. Precisa de leite do peito – responde Adelaide.
— Não me interessa o que ele precisa – exalta–se Maria, colocando as mãos manicuradas de rosa na cabeça para tapar os ouvidos — Só o faça ficar quieto.
— Como quiser – responde Adelaide olhando para o bebê.
Maria já ia dizer mais alguma coisa à empregada, quando escuta a porta da frente bater estrondosamente. Ela vai em direção ao hall onde encontra seu marido fechando seu guarda-chuva.
— Alexandre – exclama, aliviada se aproximando do marido. — Que bom que você chegou. Onde estava?
— No serviço, oras!– responde Alexandre irritado. Seus olhos verdes fuzilam a esposa que se encolhe. — Que pergunta é essa?
— Bom, eu liguei lá várias vezes e ninguém atendeu – argumenta Maria.
— Eu liberei a secretária mais cedo. – Responde Alexandre — Sabe como são essas jovens, não pode ver uma chuva que se desesperam à toa.
— Uhum – concorda Maria Luísa, olhando para o esposo, desconfiada.
— O que é agora, mulher? – pergunta Alexandre ajeitando o terno — Não acredita mais em mim?
— Acredito... Ou pelo menos devo acreditar em você – ironiza Maria Luísa ajeitando a saia.
— Se você não tiver mais nenhuma insinuação a fazer, vou para o escritório. Tenho umas ligações para fazer – diz Alexandre passando pela esposa.
— Quem é Rosa? – pergunta Maria Luísa de costas para o marido. Ela segura fortemente no sofá.
— Como? – pergunta Alexandre confuso. — Do que está falando agora, mulher?
— Estou falando de uma mulher jovem, ruiva, deitada em nossa cama de hóspedes – explica Maria se virando para o marido. Ela tenta ao máximo não demonstrar a raiva que sente todas as vezes que seu marido a chama de mulher. Sempre diz para si mesma se acostumar com aquele tratamento, mesmo depois de dois anos de casamento, mas não consegue evitar.
— Agora você acolhe sem tetos e vem me perguntar se conheço? – questiona Alexandre sarcasticamente com a mão no peito. Ele olha para a cozinha de onde vêm os berros do pequeno Ícaro— Tem um bebê aqui? O que está acontecendo, Maria?
— Ela trouxe o bebê junto. – Responde Maria Luísa segurando o choro — E disse que ele é o seu filho.
Alexandre anda em direção à cozinha rapidamente. Tira a criança dos braços de Adelaide e o ergue, fazendo com que o bebê o encare assustado.
— Ele tem cara de ser um Almeida – declara Alexandre, orgulhoso. Ele olha para Adelaide e pergunta — Em qual dos quartos está Rosa?
— No meu ex-quarto – responde Maria Luísa da porta, transtornada — Quer dizer então que ele é seu? Que você me traiu?
— Maria, eu não tenho tempo para suas frescuras. Preciso falar com a Rosa – ignora Alexandre andando para a porta. Sua esposa impede sua saída com o corpo, o deixando surpreso — Mas o que é isso?
— Responda as minhas perguntas, Alexandre! – ordena Maria.
— Eu sou homem e essa é a minha natureza. – Responde Alexandre — Se quisesse que eu não te traísse, deveria ter me satisfeito. E mais, dado o filho homem que seu pai garantiu que você daria.
Ele a empurra contra a parede e sai da cozinha deixando as duas mulheres atônitas.
***
Maria Luísa está no escritório bebendo um pouco de gim, quando Alexandre entra e fecha a porta.
— A Rosa é um problema resolvido – conta Alexandre.
— Ela foi embora com o bebê? – pergunta Maria, bebendo mais um pouco de gim. Ela se ajeita melhor no sofá e encara o marido que parecia bem tranquilo.
— Não, o bebê ficará, já que não tem para onde ir. A mãe dele morreu – responde o juiz servindo um copo de uísque.
— Como assim? – pergunta Maria surpresa diante da revelação.
— Morreu, oras –responde Alexandre saboreando um gole — Você não precisa saber dos detalhes, o que importa é que ela morreu e o bebê agora é o nosso filho.
— O quê? – exclama Maria em choque.
— Isso mesmo que você ouviu. Você teve o bebê em casa e não quis alarmar ninguém. Você já está cheinha mesmo é capaz de acreditarem. – Explica Alexandre passando a mão na barba rala.
— Como isso seria possível se os meus pais nos visitaram semana passada e eu não estava grávida? – questiona Maria se levantando.
— Tudo bem. Nós vimos uma mendiga na rua que estava com essa criança pedindo esmola. Nós a adotamos, já que você se está se redimindo por não ter me dado filhos – explica Alexandre.
— Por que não procura a família dela? Ou sei lá, põe a criança para adoção? – sugere Maria, apreensiva.
— Ele é o meu filho! – grita Alexandre batendo na mesa — Um Almeida não é rejeitado! E você terá de aceita-lo, educa-lo e amá-lo como se ele tivesse saído do seu útero!
— E se eu me recusar? –questiona Maria cruzando os braços— O que fará?
— O que acha que eu farei? – pergunta Alexandre segurando no braço da esposa — Se não quiser fazer isso, dê um filho homem como foi me prometido. Coisa que qualquer secretária conseguiu fazer, menos você.
— Eu farei isso. Darei o filho homem que você quer, mas depois disso quero esse garoto fora da minha casa – determina Maria Luísa — Não quero o seu pecado andando na minha casa.
— Se você me der um filho homem, o menino vai para o colégio interno –propõe Alexandre a sua esposa — Até lá, o tratará como se fosse seu.
— Como quiser – concorda Maria secamente. — Agora me responda: Você matou a Rosa?
Alexandre segura os dois braços da esposa, com toda a força, fazendo ela se contorcer. Ela encara o marido que tem em seus olhos, uma perversidade nunca vista antes em todos aqueles dois anos juntos.
— Cuidado com o que pergunta Maria – alerta Alexandre, empurrando a esposa no sofá — Nem sempre vai querer saber a resposta. Só cumpra o que prometeu.
— Tudo bem – aceita Maria assustada se encolhendo no sofá.
O juiz senta ao lado da esposa e passa a mão em uma mecha de cabelo, a trazendo para seu nariz. Ele aspira profundamente e olha para Maria com desejo, tocando na perna da mulher e fazendo a mão subir lentamente por baixo da saia.
— Então vamos fazer cumprir sua promessa – comenta beijando o pescoço da esposa.
— Agora não estou bem para isso, Alexandre – recusa se afastando.
Ele segura o rosto da esposa próximo ao seu. A força que ele faz apertando as bochechas da jovem transparece nas marcas brancas que aparecem no rosto onde estão posicionados os dedos do jurista.
— Você faz o que eu quiser a hora que eu quiser, pois é minha esposa e deve suprir os meus desejos. – Determina soltando com violência o rosto de Maria Luísa. — Agora fique de pé e tire sua roupa.
Maria Luísa se levanta, porém ainda demora um pouco para começar a tirar sua roupa. Olham para porta umas duas vezes só para ter a certeza de que ninguém entraria ali. Ela tira o casaquinho devagar e o deixa cair no chão. Tira seu cinto, seus sapatos e a meia calça. Suas mãos tremem ao encostar–se aos botões pretos da blusa de bolinhas. Ela encara o marido chorando e ele devolve com um olhar sádico.
— Por favor, Alexandre – implora Maria — Se isso fui para tomar de lição, eu já entendi...
— Minha querida, Maria – começa Alexandre se levantando. Ele toca os ombros da esposa — Isso não é uma lição... Isso –rasga a blusa da jovem— isso – rasga o sutiã e abaixa a saia, sem nem ao menos desabotoar. — Isso – diz abrindo o zíper da calça — E isso – diz ele fazendo a esposa se abaixar em direção a sua cintura — é o primeiro passo para que me anime e assim comecemos a cumprir sua promessa.
***
Quatro anos depois...
Conforme os anos foram se passando a figura do Ícaro ficou mais forte dentro da casa e o Alexandre mais distante. Maria Luísa sabia que ele estava com outras mulheres e aquilo lhe dava medo. Medo de um dia aparecer mais um filho dele em sua porta e ela ser obrigada a se sujeitar, como da última vez... Para aliviar, no começo Maria bebia uma taça de gim, agora não sabe quantas já chegara a beber por dia. Raramente fica sóbria na ausência de Alexandre.
Ícaro caminha pelo hall da mansão se aproxima de uma das luminárias e a derruba, fazendo barulho. Ele se assusta e começa a chorar, chamando atenção de Maria Luísa que está no escritório bebendo sua terceira taça de gim. Ela caminha irritada até a sala de onde grita:
— Adelaide! Adelaide venha já aqui!
A empregada aparece prontamente encarando a patroa sem entender os gritos. Então ela olha para o chão e vê o menino de cabelos ruivos chorando.
— Quantas vezes eu tenho que dizer que não o quero andando sozinho pela casa? – pergunta Maria irritada. Olha para a luminária no chão o que a irrita mais ainda — Olhe o que ele fez com a minha luminária! Sabe o quanto ela foi cara?
— Desculpe–me, senhora – pede Adelaide colocando o Ícaro no colo — Chamarei a Elisa para limpar o chão enquanto o coloco para dormir.
— Não. – Recusa a patroa — Você o levará daqui e depois voltará para limpar. E se eu encontrar um caco pode ter certeza que descontarei o valor da luminária do seu ordenado – ameaça Maria Luísa voltando para o escritório.
Adelaide sabe que Maria Luísa estava irritada não com a luminária, e talvez, nem com Ícaro, mas sim com o fato de não ter engravidado. Alexandre já não a cobrava mais e passou a humilhá-la na frente dos amigos do casal. Isso quando ele a levava para algum jantar desse tipo. Uma das mulheres a contou que ele havia levado uma jovem muito bonita e que pareciam que eles tinham muita intimidade.
Em situações como essa, ela mentia dizendo que era uma prima dela, ou que estava indisposta e entre outras coisas, sempre com um sorriso no rosto e uma taça nas mãos. Já não se incomoda quando ele não a leva, pois assim não precisava mentir sobre "elas" e seu afeto inexistente por Ícaro. Quando alguém elogia seu altruísmo por ter adotado Ícaro, é o dia em que bebe até desmaiar e assim esquecer que não tem um filho para chamar de seu e fazer com que Ícaro finalmente desaparecesse de sua vida.
Ela pega a garrafa de gim que está um pouco abaixo da metade e começa beber diretamente no gargalo. Limpa os lábios e encosta a cabeça no sofá, fechando os olhos. Quero sumir...
— Se a senhora continuar bebendo desse jeito não irá engravidar nunca– alega Adelaide, assustando a patroa que dá um salto se ajeitando no sofá.
— Já limpou a sujeira feita por ele? – pergunta Maria ríspida.
— Já, senhora. –Responde Adelaide.
— O que está fazendo aqui, então? – questiona Maria irritada — Não vê que estou ocupada.
— Sim senhora, mas se continuar bebendo assim não se livrará do menino tão cedo. Em breve o Ícaro vai começar a perceber como é a situação dele dentro dessa casa. A senhora precisa ter essa criança o quanto antes – explica Adelaide.
— O que eu preciso fazer? – pergunta Maria Luísa.
— Primeiro – começa Adelaide tirando a garrafa das mãos da patroa — Parar de beber.
***
Quatro anos depois...
O clima na casa dos Almeida é de pura tensão. Já se passaram seis horas e Maria Luísa ainda está em trabalho de parto. A pedido dela, o parto foi realizado em casa. Alexandre anda de um lado para o outro no hall de entrada, enquanto Ícaro lê seu livro calmamente, como se o nascimento do irmão não significasse nada.
A verdade é que o nascimento só tornaria a situação dele em casa pior. Maria Luísa que antes o ignorava, a partir daquele momento faria de tudo para que fosse mandado embora de casa para um colégio interno. Ele já tinha escutado aquilo várias vezes da boca de sua mãe para as visitas. Seu pai era ausente, então ele sem dúvida concordaria para não contrariar a mulher.
Ícaro não entende o motivo pelo qual sua mãe lhe odeia tanto. Várias vezes tinham colocado em sua cabeça que era por conta de seus cabelos ruivos. Por mais que ela não falasse isso diretamente, ele sentia. Ela não o abraçava e sempre que podia, o mandava para o seu quarto. Eles nem se quer sentavam na mesma mesa durante as refeições. Ícaro comia na copa junto com Adelaide que lhe dava toda atenção e carinho. Foi com ela que tinha aprendido a ler, a escrever e também quem mostrou a biblioteca secreta da casa. Ela lhe deu a chave após ele prometer jamais contar aquele segredo. Era dali que havia pegado o livro que estava lendo: O Diário de Anne Frank. Está tão imerso na história que nem escuta seu pai vibrar ao descobrir que o bebê finalmente havia nascido e muito menos que ele o havia chamado.
— Venha Ícaro, vamos conhecer o seu irmão. – Chama Alexandre lhe dando a mão.
Ícaro segura na mão do pai e sobe aquela imensa escada, entrando pela primeira vez no quarto dos pais, que lhe era proibido. Nos braços da enfermeira estava o bebê recém – nascido e na cama ensanguentada, Maria de olhos fechados.
Alexandre pega o bebê em seus braços, enquanto Ícaro se aproxima receoso de sua mãe. Ele nunca a tinha visto tão serena como naquele momento. Ela abre seus olhos azuis e o encara, mudando a expressão para a que ele conhecia tão bem.
— O que você está fazendo aqui? – pergunta Maria irritada — Como ousa entrar no meu quarto?
— Eu o trouxe para conhecer o irmão – responde Alexandre ninando seu filho.
— Saia daqui! – ordena Maria Luísa entre os dentes, sendo atendida prontamente por Ícaro.
— Não fale assim com seu filho – rebate Alexandre calmamente, enquanto admira o bebê— Ele não tem culpa das suas loucuras.
— Ele não é meu filho!– recusa Maria exaltada. Ela encara o marido e continua — Eu cumpri minha parte, cuidei do seu pecado e lhe dei um filho homem. Agora cumpra a sua: Mande esse garoto para bem longe daqui.
— Na verdade, eu mudei de ideia. – Responde Alexandre olhando para o rosto transtornado da esposa. Ele entrega o bebê para a enfermeira e se aproxima da esposa — O que foi? Eu acho que os dois crescendo juntos será melhor.
— Não! Você me prometeu! – recusa Maria Luísa exaltada — Você me prometeu que esse bastardo iria embora daqui! Cumpra o que me prometeu!
— Maria, eu mudo de ideia quando eu quiser. –Responde Alexandre sério.
— Então você não é o homem de palavra que eu pensei que fosse – esnoba Maria com desprezo.
Antes que ela pudesse reagir, Alexandre lhe dá uma tapa com toda sua força na face, chamando atenção de todos os que estão no quarto.
— Maria, cuidado – alerta o juiz calmamente — Você pode ter um filho meu, mas nunca mais ouse a duvidar do homem que eu sou. E espero que isso lembre a você do que sou capaz. Agora tenho uma audiência para ir. Obrigado por estragar o dia que seria o mais feliz da minha vida por besteira.
Ele se levanta da cama e sai, deixando todos olhando para Maria chocada. Ela chora com a mão no rosto, enquanto é amparada pelas enfermeiras.
Assim que Ícaro escuta os passos do pai vindo em sua direção, ele corre para seu quarto. Agora sabia de toda a verdade: ele não era o filho de Maria Luísa. E agora ela também não é a sua mãe.
***
O vento entra pela janela aberta e toca os cabelos de Malú que observa Adelaide caminhar até a janela e fechá-la, ajeitando as cortinas. A filha de Thiago está pensativa, havia analisado cada informação passada pela governanta. Ela pega o tablet e escreve, calmamente:
"Isso explica algumas coisas, mas não justifica o motivo pelo qual Ícaro fez isso comigo e com a minha mãe... desculpa, mas essa história não basta para que eu possa perdoá-lo”.
— O que o Ícaro fez a vocês foi muito além do que realmente estou a par. Até onde eu sei, seu pai descumpriu o acordo entre eles... – explica Adelaide que para quando escuta as badaladas do relógio — Eu preciso ir, já está na hora do sono.
“Espere, que acordo foi esse?"
— Depois eu te conto a respeito disso e... Do acordo feito por sua mãe – responde Adelaide saindo do cômodo.
Acordo que a minha mãe fez? Que acordo seria esse? Pensa Malú ainda sentada na cama.