Chapter 4
Ele começou a se mover novamente, investindo devagar e profundamente.
O calor se intensifica, se concentrando no centro do meu corpo. Meus mamilos ficaram rígidos e meu sexo ficou inundado.
Apesar do desconforto, havia algo perversamente erótico em ser possuída daquela forma, tão suja e proibida.
Fechando os olhos, começo a acompanhar o ritmo primitivo dos movimentos dele, que faziam com que as entranhas queimassem de agonia e prazer.
O clitóris incha, ficando mais sensível, e sabia que bastariam apenas alguns toques leves para me fazer gozar e aliviar a tensão que se acumulava.
Mas ele não encostou no clitóris. A mão dele soltou meu cabelos e deslizou para o pescoço. Ele agarra minha garganta, me forçando a levantar até que ficasse de joelhos com as costas ligeiramente arqueadas.
Abro os olhos e automaticamente ergo as mãos, agarrando os dedos dele, mas não havia nada que pudesse fazer para que ele os afrouxasse.
Naquela posição, ele estava ainda mais fundo dentro de mim e eu mal conseguia respirar. Meu coração começou a
bater com um medo novo, nem um pouco familiar.
Ele se inclinou para a frente e senti seus lábios contra minha orelha.
— Tu é minha pelo resto da sua vida — Ele sussurra. O calor do hálito dele fazendo com que minha pele se arrepiasse. — Você entendeu, Marcela? Você inteira... sua boceta, seu cu, seus pensamentos... É tudo meu para usar e abusar
como eu quiser. Você é minha, por dentro e por fora, de todas as formas possíveis... — Os dentes afiados se enterraram no lóbulo da minha orelha, fazendo com que gritasse com a dor súbita. — Tu entendeu? — Havia um tom sombrio em sua voz que me assustou.
Aquilo era novidade, ele até então nunca fizera aquilo comigo antes. Meu coração disparou quando os dedos dele se apertaram ainda mais em volta do meu pescoço, cortando o ar de forma lenta e inexorável.
O pânico crescente lançou uma onda de adrenalina nas minhas veias.
— Sim... — Consigo dizer. Meus dedos puxavam a mão dele, tentando afastá-la.
Para meu terror, comecei a ver estrelas e a sala ficou escura.
É claro que ele não pretende me matar. É claro que ele não pretende me matar...
Estava aterrorizada, mas, por algum motivo estranho, meu sexo latejou e arrepios percorreram minha pele quando a excitação aumentou ainda mais.
— Ótimo. Agora me diga... você é mulher de quem? — Os dedos dele se apertaram mais um pouco e as estrelas explodiram quando meu cérebro se esforçou para conseguir oxigênio suficiente.
Estava prestes a sufocar, mas me senti mais viva naquele momento do que nunca, com cada sensação aguçada e
refinada.
A grossura ardente do pênis dentro do meu ânus, o calor do hálito dele na minha têmpora, o pulsar do clitóris inchado, era demais e, ao mesmo tempo, não era suficiente.
Queria gritar e lutar, mas não conseguia me mover nem
Respirar e, como se viesse de muito longe, ouvi Rubinho perguntar de novo.
— De quem?
Logo antes de eu desmaiar, ele afrouxou a mão no meu pescoço e consegui falar.
— Sua... — Naquele momento, meu corpo estremeceu em um paradoxo de êxtase agonizante.
O orgasmo foi súbito e muito intenso quando o oxigênio
tão necessário entrou em meus pulmões.
Respirando freneticamente, cai contra ele, com o corpo inteiro tremendo.
Não conseguia acreditar que gozara daquele jeito, sem que ele sequer encostasse na minha buceta.
Eu não conseguia acreditar que havia gozado enquanto estava prestes a morrer.
Depois de um momento, percebi os lábios dele sobre meu rosto suado.
— Isso — Ele murmura, acariciando gentilmente meu pescoço. — Isso mesmo — Ele ainda estava dentro de mim, me invadindo — E qual é o seu nome?
— Marcela— digo com voz rouca, estremecendo quando os dedos dele desceram do meu pescoço para os seios.
Ainda usava a camisola, quando ele enfiou a mão por baixo do tecido justo, segurando um dos seios.
— Nora mulher de quem? — persistiu ele, beliscando o mamilo, que estava rígido e sensível depois do orgasmo.
O toque dele lançou uma nova onda de calor pelo
meu corpo.
— Mulher do Rubinho — sussurro, fechando os olhos.
Era um fato que eu nunca mais esqueceria, já que estava grávida dele.
E, quando Rubinho começou a se mover novamente dentro
de mim, soube que uma parte de mim, nunca mais existiria.
Quando finalmente Rubinho termina, demoro alguns instantes para me recompor. Mas quando ouço o cair da água no banheiro, faço a primeira coisa que vem na minha cabeça: pego a chave do carro e escondo.
Depois disso, espero pacientemente Rubinho sair do banheiro, que me ignora ao passar por mim na porta do banheiro, antes de se jogar na cama.
Ele dormia profundamente quando saio do banheiro. O observo dormir, até ser vencida pelo cansaço e acabando ter que me deitar do lado dele. Entretanto, sem sono.
Passado algum tempo, Rubinho se mexe devagar do meu lado, hesitante, antes de levantar.
Pelas pálpebras semicerradas, vejo quando ele levanta, pega uma camisa no guarda-roupa e sai do quarto, murmurando baixo enquanto procura algo na sala. Com certeza a chave do carro.
Após algum tempo, ele desiste, decidindo dessa forma sair sem o carro. É quando num movimento rápido, sento na cama, vestindo o robe da mesma cor da camisola e decido segui-lo.
Acreditando que ele encontraria um carro ou uma moto mais a frente, percebo rapidamente que a melhor opção seria segui-lo em meu carro.
O interior do meu carro, necessariamente o banco do motorista, cheirava a sangue. A sensação que tinha era que o banco até estava úmido pelo líquido.
Mantenho o carro em velocidade baixa, ao procurar algum sinal de Rubinho pela sua semiescura.
Por causa dos faróis desligados, minha visão havia sido reduzida drasticamente.
Naquele horário não havia quase ninguém na rua, as pessoas que havia, estava na frente de suas casas ou chegava do trabalho ou da escola.
Nenhuma silhueta lembrava a de Rubinho, muito menos estava entre os pequenos grupos na calçada.
Talvez mais uma vez, tivesse sumido como fumaça, da mesma forma que sumira pela manhã e aparecera horas antes.
Cogitando essa ideia, estava quase manobrando o carro, quando vi Rubinho subir na garupa de uma moto.
Como se estivesse no automático, começo a seguir a moto, sempre mantendo uma certa distância que não chamasse atenção.
Não me sinto surpreendida quando a moto sai da Rocinha, tomando o trajeto para o Complexo do Alemão.
Inicialmente não fazia sentido algum para mim, o fato de Rubinho voltar para o Alemão, quando sabia que Antônia deveria estar procurando por ele em todos os becos e vielas.
Pouco antes de entrar na favela e de tentar responder minha própria pergunta, um homem passa a frente do carro, no momento em que paro o carro para ver o caminho que Rubinho seguiria.
Apontando uma arma para mim, ele dá a volta no carro e bate no vidro.
- Desce - diz em bom som. Mantendo as mãos visíveis, obedeço, abrindo a porta devagar. Antes mesmo de estar completamente fora do carro, ele me vira bruscamente contra o carro, pressionando meu corpo ali - Marcela Matarazzo, você está presa pelo assassinato de Ricardo Matarazzo. Tudo que disser, poderá ser usado contra você - Ele se inclina para perto do meu ouvido - Quem vai se fuder agora?
Arregalo um pouco os olhos, encarando o vazio.
