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Cap. 7

Thomás Caputo

SEGUNDA-FEIRA | 06:00

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Despertei no meu horário habitual e rapidamente mandei uma mensagem de feliz aniversário para o meu pai e confirmei a minha presença para o jantar.

Hoje tenho duas reuniões muito importantes, se não fosse isso partiria para sua casa agora mesmo.

Ontem fui a um baile beneficente e acabei saindo de lá com uma mulher muito bonita e por opção dela, fui para sua casa, porque não queria ser vista entrando em um motel. Não discuti, o desejo que rolou entre a gente foi maior que qualquer objeção.

— A noite estava propicia para um sexo bem gostoso, mas assim como as outras, essa não diferiu e fez a mesma pergunta. — respirei fundo me recordando do fim de noite corriqueiro — o questionamento é sempre o mesmo: por que você não tirou a roupa?

Para não pensar na parte frustrante do fim da noite de ontem, segui para o banheiro e me despi.

— É por isso que não tiro o caralho da roupa na frente de ninguém! — exclamei trocando minha prótese — Como diz o Thiago; quem vai querer um homem deformado!

Frustrado, comecei a fazer minha barba.

— Sinto que meu dia não será dos melhores.

Desabafei para meu reflexo no espelho enquanto analiso minhas diversas tatuagens que adquiri durante os meses que morei na China

— Ouvir da boca dela que me achou estranho, foi um grande tiro na minha líbido e olha que ela sequer me viu pelado.

Afastei esses pensamentos por uns minutos enquanto tomava banho e ao sair dele tornei a me admirar.

— Fiz exatamente o que Dionísio me instruiu e segui para China dias depois da explosão. — alisei meu peito todo tatuado, coisa que fiz para não ter que admirar minha pele com marcas — Se não fosse os incansáveis desbridamentos que passei até os médicos encontrarem um tecido saudável, hoje seria uma grande aberração.

Retirei minha prótese do banho e me encostei na parede para admirar o que sobrou do meu corpo.

— Fiquei sabendo por Dionísio que meu carro explodiu e infelizmente só conseguiu me salvar, porque ainda não havia colocado o cinto e foi fácil fazer a remoção do meu corpo do veículo em chamas.

— Tive meu tronco, pernas e pescoço com queimaduras de segundo e terceiro grau. Minha perna direita foi a mais danificada com queimadura de quarto, os médicos fizeram o possível e o impossível para salvá-la, mas necrosou e tive que amputar da metade da coxa para baixo.

Peguei minha prótese encaixando-a no lugar.

— Quando descobrir quem fez isso com minha família, pagará com a vida! — esbravejei estressado por me leva a esse túnel do tempo cruel — Como a porra de uma foda me deixou desse jeito!

Me fiz a pergunta que já sabia a resposta.

— Vai chega um dia que não vou transar com mais ninguém, só para evitar esse tipo de situação. Sempre que saio de algum evento acompanhado, ao finalizar a noite sigo para minha casa me sentindo a porra de um inútil deformado.

Deixei minha melancolia de lado e segui para o closet. Escolhi o terno do dia e estava dando um nó na minha gravata quando lembrei que entrevistarei a nova assistente que Antonella me arrumou.

— Tomara que essa não me cause estresse, porque estou cansado disso.

Quando saí do quarto dei de cara com Antônia que já estava executando as suas funções. Chequei as horas e vi faltarem 30 minutos para as 7.

— Bom dia, senhor Caputo! Deixei o seu desjejum pronto — cumprimentei-a e segui para a cozinha.

Dei uma olhadinha na agenda e quase tive um enfarto.

— Tenho uma reunião extremamente importante após o almoço e creio que hoje não sairemos para fazer tal refeição, visto que o americano vai me encontrar para acertarmos nossa futura sociedade e tenho algumas dúvidas — me servi uma xícara de café — Também deixarei claro que achei um pouco abusivo o contrato deles.

Levei a bebida quente aos lábios e fiz uma pausa para saborear o café divino da Antônia.

— Que Antonela não tenha me trazido uma mulher incompetente. Preciso que ela entenda tudo o que será dito nessa reunião e não me deixe escapar nada, visto que a última que trabalhou comigo só fez burrada.

Peguei meu notebook para acessar meu drive pessoal onde deixei um novo modelo de contrato. Assim que acessei o mesmo senti meu sangue ferver em minha-veias.

— Puta que pariu! Cadê a porra dos documentos que estavam aqui? — alisei o meu rosto extremamente estressado — Se essa incompetente apagou todos os documentos que estavam salvos no meu drive pessoal, vou processar essa desgraçada.

Me coloquei de pé e fui buscar minhas coisas.

— Não bastou ter tido uma noite fracassada, agora terei que passar por essa merda em plena segunda-feira.

Após pegar minha mochila e tudo que devia, respirei fundo.

— Tenho que seguir para o escritório ou pensarei que essa filha da puta realmente limpou o meu drive pessoal.

Entrei no carro às pressas e como moro próximo à empresa, mesmo saindo 20 minutos para as 7 sete consegui chegar com 10 minutos de antecedência.

Cruzei o saguão a passos rápidos, vi uma mulher entrando no meu elevador pessoal e pedi que segurasse para mim.

— Bom dia! Qual andar? — solista a jovem mulher me questionou e informei estar indo para a cobertura — ok?

— Desculpa minha intromissão, mas você é quem? Porque esse elevador não é de acesso público, ele pertence somente à diretoria. — seu rosto ficou pálido e notei engolir em seco.

— Me chamo Cibele, senhor! Vim para uma entrevista de emprego para ser assistente pessoal do Sr. Thomás Caputo. — olhei para o meu relógio de pulso desacreditado, porque havia marcado a entrevista para as 8:00 — se preferir posso sair e vou ao próximo.

Fiquei admirando sua linda face com um olhar apreensivo e percebi estar segurando a porta do elevador

Ela tentou sair, mas não deixei, me dando conta que foi muito rude e nem ao menos lhe dei bom dia.

— Desculpa minha falta de educação. — corrigi minha postura — Vamos para a cobertura. — ela me deu um aceno positivo e apertou o botão.

Os poucos segundos que passamos juntos dentro do elevador foi um verdadeiro silêncio e quando as portas se abriram dei passagem para que saísse primeiro.

— Me perdoa por ser mal-educado, mas tentarei me redimir. Primeiramente, bom dia. Segundo, serei seu novo chefe, por favor, me acompanhe até minha sala.

— Bom dia. — me deu um sorriso amigável e isso me deixou desconcertado.

Sei que fui um completo idiota e nesses últimos dois anos não me importava em ser assim, contudo a minha atitude com ela está me incomodando muito.

Ainda desconfortável direcionei-a até minha sala e para tentar me redimir peguei café para nós dois.

— Obrigada!

— Por favor, sente-se — pedi seguindo para minha cadeira — Bom, tenho certeza que Antonella deve ter falado de mim para você e explicado as minhas exigências, correto? — concordou com a cabeça antes de se pronunciar:

— Pode ter certeza que farei o meu melhor para podermos trabalhar em uma boa dinâmica, com relação ao atraso, fique despreocupado que não tenho esse hábito, exceto se for algo que esteja além do meu domínio. — gostei do seu pronunciamento e senti que não é como as outras.

— Meu dia já começou péssimo, Cibele. Julgo que hoje não sou a melhor companhia para ninguém. — grunhi pensando que corro um grande risco de acabar sendo grosseiro.

— Pode deixar que não vou te sufocar com coisas desnecessárias. — seus olhos castanhos me analisando, me deixaram vulnerável.

— A verdade é que sou uma pessoa extremamente reservada e se alguém invade meu espaço pessoal, acabo sendo rude. Caso eu passe dos limites, por favor, me avise. — pedi com sinceridade — Preciso me controlar. Afinal de contas você veio até mim por indicação da minha irmã e não quero escutá-la berrando nos meus ouvidos por ter lhe tratado com rudez.

— Pode ficar despreocupado quanto a isso. Tenho certeza que teremos uma boa convivência e pelos poucos minutos que tive em sua companhia já se retratou comigo duas vezes. — fiquei sem graça, visto não ter percebido — Preciso entender o que devo fazer para facilitar a sua vida e só tornarei a te procurar se algo não for do meu entendimento.

— Primeiro, tomaremos um café enquanto entro no meu Drive.

— Posso ajudar? — neguei com a cabeça em razão de ter certeza que aquela desgraçada me prejudicou — Ok, tenho algumas perguntas.

— Sim, diga.

— Gostaria de saber onde fica a minha mesa e como faço para acessar o sistema da empresa junto a sua agenda. — ela fez uma cara estranha e me inclinei para frente apoiando meus cotovelos sobre a mesa — Caso deseje realmente me contratar, é claro.

— Então, a sua sala fica próximo ao elevador, mas acho que hoje terá que trabalhar aqui, devido à demanda para consertar as burradas que a minha antiga assistente fez. — respirei fundo porque talvez eu tenha que adiar essa reunião — Ela apagou todos os arquivos que eu tinha no meu drive e um deles preciso para uma hora da tarde, em razão de termos uma reunião com um novo grupo corporativo e isso está me deixando excessivamente estressado.

— Ok, vou até minha sala ver se dispõe de um notebook, assim posso logar daqui e juntos resolveremos os problemas.

Repousou sua bolsa na cadeira de frente para mim e deu as costas saindo porta afora como se conhecesse muito bem o lugar.

Não me opus, se caso precisar tenho certeza que vai me pedir ajuda.

Após 10 minutos ela voltou com um notebook e algumas folhas na mão.

— Faremos uma lista e nela colocaremos tudo que é de extrema necessidade de ser resolvido hoje, deste modo vamos solucionando um a um até finalizar os problemas.

Concordei e vi se sentar na minha frente para iniciar seu dia de trabalho

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