Lição 3 - Emma
Um ano se passou e na família Belinni muitas coisas haviam mudado. A presidente da seguradora Felicità encontrava-se enferma. Muitos médicos já estavam desacreditados que ela fosse continuar viva por mais uma semana. Todos na família estavam tristes com exceção de Raoul e Enrico. Enrico encontrava-se em Roma, divertindo-se e a ultima coisa que pretendia era retornar para a Toscana. Raoul demonstrava a sua frieza costumeira. Ele visitou a sua avó rapidamente e logo retornou a empresa. Em menos de dois meses viajaria para o Brasil para a inauguração da primeira seguradora Felicità no país. Sua prioridade era deixar tudo em ordem.
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Giovanna sentiu o sangue sumir de sua face ao ligar a televisão e ver que a senhora Helena Belinni dada como falecida. Ela deixou-se cair no sofá e ficou parada, sem reação ao escutar toda a noticia. Sua única reação foi rogar aos céus para que o neto dela já tivesse se casado.
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A academia Gregório era uma das melhores escolas da Itália. Sua educação rígida era exemplo em toda capital. Emma havia sido transferida para ele há um ano e logo no primeiro dia esbarrou-se com um garoto, o mesmo que povoava os seus sonhos.
–Tá sujo aqui – Caroline disse ao apoiar a sua cabeça sobre a mão ao olhar para o rosto de Emma. Apontou para o canto dos lábios dela e sorriu. Elas estavam sentadas na sala de aula na hora do intervalo como costumavam fazer todos os dias.
–Tá sujo de que? – Emma perguntou ao passar a mão pelos seus lábios.
–Baba – olhou para o garoto que Emma não retirava os olhos e meneou a cabeça. Para ela, o ruivo era apenas mais um garoto comum daquele colégio. – Ainda não entendo como pode gostar dele.
–Ele é tão incrível – falou pensativa ao lembrar-se da primeira vez em que se viram.
Flashback onn
Emma suspirou frustrada ao caminhar pelos corredores tumultuados. Ela ainda não conseguia entender o motivo de seus pais terem a mudado de colégio logo no inicio do ano letivo. Caminhou segurando alguns livros contra o seu peito e antes que percebesse sentiu esbarrar em alguém. Com o impacto os livros caíram no chão e ela ficará com as faces avermelhadas.
–Me desculpe – disse apressada – sou nova aqui e não conheço nada... perdoe-me novamente.
O garoto com quem ela se esbarrou sorriu ao vê-la pegar os livros e desengonçadamente lhe pedir desculpas. Ele abaixou-se e a ajudou.
–No primeiro dia é assim mesmo – ele falou simpático.
Pela primeira vez Emma levantou o seu olhar e deparou-se com o garoto mais gentil que havia conhecido. Ele possuía cabelos avermelhados e olhos azuis.
–Obrigada.. – ela murmurou impressionada pela beleza dele.
Ele apenas assentiu ao lhe entregar os livros, levantar-se e sair deixando-a sem reação com o coração acelerado.
Flashback off
–Continuou a não entender – Caroline disse dando de ombros – falando nisso estudou para a prova de álgebra?
–Sim, acredito que estará fácil – sua voz soou confiante o que fez Caroline rir – o que foi?
–Nada, apenas percebi que você deve ser a mais esforçada desta turma.
Emma apenas assentiu, pois aquilo era o mínimo que poderia fazer pelos seus pais que sacrificavam-se por ela.
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Toda a família Belinni encontrava-se reunida na sala de reunião da empresa Felicità. Enrico, Giovanni e Raoul eram os que estavam mais apreensivos, pois este seria o momento da verdade.
–Como todos da família estão presentes, acredito que seja uma boa hora para começar a ler o testamento – o advogado disse sério. Ele abriu o envelope lacrado, retirou um bloco de papeis e começou a ler em voz alta. – Eu, Helena Maria Belinni, me encontrando no meu perfeito juízo e entendimento, livre de qualquer coação, deliberei fazer este testamento sem constrangimento ou quaisquer arrependimentos. Tendo como testemunha, o advogado Srº Lemos e sua secretaria. Por meio destes anos sempre pensei quem seria o melhor indicado para me suceder na empresa, após pensar muito e observar durante um tempo considerável achei três possíveis candidatos. O Enrico, Giovanni e Raoul. A sucessão da minha empresa deixarei para o final como devem estar imaginando. Para as minhas filhas eu estarei deixando a casa em Roma, e ações totalizando 30%, as quais devem ser divididas entre elas igualitariamente. Para Franco estou deixando 10% das minhas ações.
E assim continuou a leitura do testamento ate chegar na parte em que todos ansiava,.
–Esta empresa, eu a construí do nada e espero que meu sucessor saiba deixá-la erguida e vitoriosa como eu sempre fiz. Durante os últimos cinco anos observei cada um deles, Enrico, Raoul e Giovanni e percebi que os três seriam ideais para comandar, mas isto seria impossível já que os três são italianos e possessivos. Visto que me decidi por Raoul Belinni, meu neto. Ele será o próximo sucessor da Seguradora Felicità.
Os rostos eram de medo. Todos sabiam que se Raoul assumisse a empresa o luxo estaria acabado para aqueles não faziam nada. Raoul sorriu levemente como se já esperasse pelo resultado e quando estava prestes a se levantar e sair escutou a voz do advogado.
–Ainda não terminei senhor Belinni – disse sério – prosseguindo. Como conheço o temperamento de meu neto e acredito que ele ainda está solteiro e sozinho. Venho por meio deste testamento apenas permitir a sua posse como presidente quando ele se casar.
Todos voltaram a sua atenção para Raoul, o qual mantinha-se impassível.
–Isso está ficando interessante – Enzo comentou para o homem sentado ao seu lado, que apenas assentiu.
–Casamento? Ela estipulou alguma data? – Raoul perguntou calmo.
–Ainda falta senhor – o advogado disse como se estivesse se divertindo com a situação atual. Voltou a ler calmamente – A sua noiva já foi escolhida por mim, quase que pessoalmente. Deve se casar com ela em menos de um ano e somente assim tomará posse da empresa. Se o casamento não vier a acontecer a presidência e todas as ações será dada a Giovanni e 50% das ações serão colocadas em disposição de sua noiva escolhida por mim. Enquanto não puder tomar posse da empresa, ela ficará sendo administrada pelo meu braço direito como vem sendo feito.
Raoul fechou o punho com força ao olhar para o sorriso na face de Giovanni.
–Essa empresa já é minha – Giovanni disse a Enrico – não conheço uma só mulher que iria casar-se com um homem como ele.
–Muito bem – Raoul falou sério – quem é esta mulher a quem devo desposar?
–O nome dela é Emma Sartorelli.
–Muito bem... Me casarei com ela daqui há dois meses – falou antes de sair deixando todos na sala atônitos e o advogado com um sorriso misterioso nos lábios.
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Ben Lemos era o advogado de Helena fazia vinte anos e surpreendeu-se ao descobrir as intenções dela por trás do testamento. Nem ele mesmo teria pensando em algo tão cruel e cômico para o seu próprio neto.
Após a leitura do testamento, Raoul levou Ben ate uma sala vazia e esperou por alguma informação. Ben segurou-se para não rir da situação na qual ele estava, mas manteve o semblante sério e entregou um envelope a Raoul.
–Ai dentro estão todas as informações que precisa saber sobre Emma Sartorelli.
Raoul sentou-se na cadeira e retirou todos os documentos do envelope ficando sem reação ao ver uma foto.
–Isto é alguma brincadeira? – ele perguntou sério ao mostrar a foto de uma adolescente. – Onde está a foto dessa tal de Emma?
–Em vossa mão – sorriu discreto – ela é a sua noiva.
–Minha noiva? – olhou para a foto novamente sem acreditar – COMO UMA CRIANÇA PODE SER MINHA NOIVA? – berrou batendo a mão na mesa – Isso não é possível. DIGA-ME LOGO O QUE ESTÁ ACONTECENDO.
–Nada, Senhor Belinni. Sua avó deixou bem claro que está jovem deve ser sua futura esposa no prazo de um ano.
–Essa pirralha deve ter quantos anos? 14? Isso é doentio – disse jogando a foto em cima da mesa.
–Na realidade ela já fez 16– esclareceu como se a informação ajudasse em algo.
Raoul respirou fundo tentando se controlar. Ele esperou paciente durante anos para que se tornasse o dono da empresa, o presidente da companhia e ele não deixaria nada atrapalhá-lo. “Muito menos uma situação ridícula dessas irá me impedir de conseguir o que quero” pensou.
–Ela queria que eu me casasse certo? – murmurou pegando um papel com os dados de Emma – ela vai ter o que tanto deseja.